Capítulo VI

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- Você viu a princesa? - Normani exclamou quando o amigo contou a novidade. Ela sentia um pouco de inveja, mas tentou não transparecer.

- Sim, e ela me ensinou uma música no piano. Acho que vou começar a ajudá-la com as aulas também. - Lorenzo sorriu largo ao lembrar que não precisaria mais perder o almoço para procurar a pianista.

- Enquanto isso eu preciso ficar me esticando na cozinha para ver alguma coisa. - A morena deu de ombros, agora sem se importar em esconder os sentimentos. Lorenzo sabia que aquele serviço não era para qualquer um, e gostava de exibir seu poder.

- Algum dia você as verá. Eu ainda nem vi as outras – ele disse.

- Como se aprender uma música e ainda ajudar uma princesa no piano fosse coisa pouca. - Normani soltou uma risada irônica e respirou fundo. - Mas enfim... Qualquer novidade, me conta. Será ótimo saber.

O homem assentiu e suspirou. Agora que trabalhava dentro do castelo, precisava usar uma camisa branca e calças engomadas, o que dificultava um pouco seu disfarce. Ele odiava precisar usar uns trapos para esconder seus seios. Era naqueles momentos que Lorenzo não se conformava com o corpo que tinha. Tudo o que ele queria era fechar os olhos e, quando os abrisse novamente, fosse igual os outros.

Ele ainda abotoava os botões das mangas de sua camisa quando avistou a princesa descendo as escadas rapidamente.

- Ei, devagar. Assim você irá se machucar – ele disse ao segurar seu braço. Camila olhou para Lorenzo como se estivesse procurando por ele a manhã inteira.

- Acho que preciso de ajuda. Queria trazer minha flor para cá, mas parece que ela está morrendo – a garota mais nova resmungou num fôlego só.

- Pode me mostrar? - ele questionou e ela o conduziu até seu quarto, agarrando sua mão.

O lugar era realmente grande. As paredes pintadas num tom amarelado eram altas, assim como a estante de livros e a cama, que também possuía uma espécie de cortina que pendia de uma estrutura de madeira acima do colchão. Provavelmente aquilo era o que chamavam de dossel.

E lá estava ela: uma bela rosa vermelha num recipiente transparente. Porém, parecia um pouco murcha.

- Vamos ver o que há de errado aqui – Lorenzo disse, aproximando-se da flor.

A princesa colocou-se ao seu lado, observando o homem checar seu caule através do vidro.

- Hmm... Vamos começar pelo corte. - Lorenzo retirou o vaso da janela e o levou para o centro do quarto.

- "Começar". Quer dizer que tem mais de uma coisa errada – Camila choramingou, percebendo que não entendia nada de flores.

- Não, olha. - Ele pegou a rosa delicadamente com as próprias mãos e mostrou a ponta da haste para a princesa. - Você precisa cortar aqui na diagonal, e apenas cinco centímetros para dentro d'água.

- Certo. Deixe-me tentar. - Cabello se levantou para pegar a tesoura utilizada no corte.

- Onde você conseguiu isso?

- No jardim.

- Se você se machucar, eu vou me responsabilizar. Vou te ajudar.

- Besteira. Eu consigo fazer sozinha.

- Vou te ajudar.

Lorenzo pôs suas mãos sobre as da princesa, cortando o caule da maneira correta. Ele sentiu a garota estremecer de leve ao lado dele, mas fingiu não ter percebido.

- Ótimo - disse o moreno de olhos verdes. - Agora você só precisa... deixá-la num local arejado, onde não tome sol diretamente.

Camila assentiu, distraída enquanto fitava a boca rosada de Lorenzo. Por que tudo tinha ficado mais quente de repente? Por que ele estava se inclinando em direção a ela? Certo, eles iriam se beijar, como mamãe e papai faziam de vez em quando. O QUE DEVERIA SER FEITO AGORA?

Ele passou a mão para a nuca da donzela, que se esquivou pouco antes de seus lábios se encostarem. Ela pigarreou e pegou o vaso, procurando algum espaço vazio em alguma prateleira.

- Hmm, obrigada pela ajuda, Lorenzo. - Camila sorriu largo, fazendo círculos com os pés no chão. - Bem, agora tenho aula de piano. Nos falamos mais tarde.

Once Upon A Dream (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora