Capítulo 4

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Meu estômago reagiu ao ouvir a porta bater. Foram questões de segundos entre o abrir dos olhos, a consciência de estar vivo e o bile subir pela minha garganta.

Não precisei levantar o rosto para saber que o guarda da vez não era Otávio. A voz grave de um homem mais velho tomou conta do quarto quando ele explicou que havia trazido o jantar, e o movimento de uma segunda pessoa me deixou em alerta.

Evelyn agradeceu a comida, sem dar muita atenção à expressão de nojo no rosto do homem, antes de ele gritar para alguém do lado de fora limpar a sujeira.

— Se sua intenção era acabar com a minha fome, eu te odeio! — ela resmungou, com seu forte sotaque e sua não tão acertada escolha de palavras de sempre.

— Desculpa...

— Está muito ruim? — ela quis saber, parecendo não ter certeza se devia ou não chegar mais perto.

— Acho que sobrevivi a coisas piores nos últimos tempos.

— Está falando sobre o bater a cabeça ou sobre ser um idiota terrorista?

Ao levantar a vista, me deparei com aquele olhar insolente que enganaram qualquer um que não conhecesse Evelyn, mas eu havia passado tempo o suficiente com ela nos últimos meses e para saber que não havia nada de inocente ou ingênuo naquele par de olhos.

— Também estou feliz em encontrá-la viva.

— Você sabe que exagerou.

— Foi necessário.

— Você tem um jeito estranho de resolver as coisas — respondeu, revirando os olhos.

— Está revirando os olhos para mim, minha doce quase princesa? — perguntei em seu idioma, recebendo uma careta em resposta.

— Não é uma atitude de princesa? — perguntou com um sorriso e as bochechas coradas — Sinto muito. Sua influência ruim está me afetando. Usar as pessoas também não é a atitude certa para um príncipe.

E por um momento, deixei que meu corpo relaxasse e um sorriso surgisse eu meu rosto, um que logo se esvaziou, ao lembrar da criança em sua barriga.

— O bebê está bem? — quis saber.

Ja! Dank... Sei que nós dois causamos problemas...

Nicht! Não quero que pense assim. Não foi culpa sua. Foi minha e somente minha. Eu devia ter falado com ela sobre, devia ter lhe contado.

— Devia mesmo — respondeu, fazendo com que eu a encarasse com o mais carrancudo dos olhares. — Eu reagiria do mesmo jeito, e se fosse você... tenho certeza que sua reação seria até pior.

— Bem, seria estranho se Tommy aparecesse grávido...

— Você me entendeu! Se ela estivesse em meu lugar...

— Se ela estivesse grávida, o filho não seria meu, pois nunca toquei nela! Sendo assim, ela teria que ter estado com outro homem, o que me daria razões para estar irritado.

— Sua noiva está grávida. Até onde todos sabem, o filho é seu. Ela ouviu você dizer isso. — ela disse, puxando meu rosto com a mão, para que eu a encarasse. — Não esqueça que você é o amante em sua história de amor. Por pior que seja a minha situação, não foi seu irmão de meu noivo que me engravidou.

— Não é como se eu e você tivéssemos sentimentos um pelo outro — tentei retrucar, mas até para mim estava claro que nenhum argumento me salvaria. — Aquele sitzpinkler do seu tio a obrigou a isso!

— Você obrigou Danitria a casar com Thomas — ela disse fazendo uma careta.

— Ela não estava romanticamente envolvida com ninguém na época.

Jogos da Ascensão II - As Garras de EtamaOnde histórias criam vida. Descubra agora