- Capítulo 13 -

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Mesmo que eu tivesse presente, minha opinião pouco ou nada valeu para todos na sala onde estava sendo feita uma reunião sobre que atitude tomar a respeito de tudo que estava acontecendo. Diferente de Miguel, os responsáveis ali me encaravam apenas como um garoto de dezenove anos, até mesmo minha mãe. Nada novo me foi revelado, eu sabia da falta de recursos financeiros e da nossa inferioridade no que dizia respeito ao número de homens para enfrentar o exercito de Etama.

Os planos ainda eram consegui algumas provas sobre a intenção de meus pais de não aceitar o acordo com a Alemanha e as apresentar a Ric quanto antes. Era por isso que Beatriz estava no palácio. Sua missão era consegui os diários de minha mãe, onde ela havia registrado todo o processo que levou eles a rejeitarem o acordo. A viajem, que culminou no "acidente" que matou meu pai, não era para aceitar o acordo, nem ao menos era pra Alemanha. De acordo com minha mãe, eles iriam até um outro país que estava sendo alvo das atenções da Alemanha, afim de avisá-los sobre o erro que seria aceitar um acordo.

Quando a reunião teve fim, me encontrei com Evelyn, que estava preocupada com tudo aquilo. Deixei-a a par das informações. Não tínhamos armas suficiente, nem mesmo homens e uma investida nessas situações seria suicídio, ou então homicido, já que não seriamos apenas nós que perderíamos a vida.

- Mas não tem como consegui ajuda? - perguntou, abraçando a barriga, que havia crescido bastante nos últimos tempos.

- Ajuda de quem? Nenhum país aliado iria ajudar um grupo encarado como terrorista. - respondi, enfiando as mãos em meus cabelos, os puxando com força, por conta da frustração. - Não temos escolhas, não temos soluções.

- E se não fosse um país aliado? Um país que nada tem haver com Etama ainda.

- Que país acreditaria na gente? No mínimo achariam que eu quero usurpar o trono e, como Etama está aliada a Alemanha, nenhum país iria se envolver.

- Eu estudava em um internato. - começou a dizer, fugindo totalmente do assunto, me fazendo bufar. - Meus pais não nos queriam por perto. Então acabei indo para esse internato, no interior da Polônia Alemã, ao leste. Ali a fronteira não é tão bem protegida. Há um murro, mas, em partes longe da cidade, ele está quebrado e dá pra passar para a Rússia sem ser pego.

- Estás dizendo que invadias território inimigo, minha noiva? - perguntei, tentando rir, mesmo que ainda estivesse tenso com todo o resto.

- Eu não. Nunca tive coragem. Mas Gustavson sim, foi só por isso que o conheci. - disse, brincando com as dobras do tecido sobre a curva acentuada em sua barriga.

- Ele entrava na Rússia? Ousado.

- Não. - respondeu, mordendo os lábios. - Ele vinha para a Alemanha.

Lancei-lhe um olhar surpreso. Ela nunca havia entrado em tantos detalhes sobre o pai do bebê e eu nunca imaginária que ele era cidadão da Grã-Ásia, o que ajudou-me muitissímo a entender o porquê de tanto reserva da parte dela em pedi pra não casa-se comigo por já ter alguém. Seus parentes jamais permitiriam.

- Ele não sabia quem eu era. Eu nunca contei. Sendo apenas uma sobrinha do rei, fora da corte, não foi difícil manter minha inidentidade em segredo. Ele estava em treinamento militar em uma cidade russa próxima da fronteira e nos encontrávamos dia sim, dia não. Quando eu soube que seria obrigada a casar com um príncipe de Etama eu contei para ele a verdade sobre quem eu era, porque ele queria me levar pra Rússia com ele e ali estaríamos bem, mas sendo eu quem sou, só seria mais motivo para briga e a Alemanha teria a desculpa que precisava para entrar numa guerra com a Grã-Ásia.

- Por que está me contanto isso? - perguntei, com a cabeça levemente inclinada, tentando entender o motivo para nossa conversa ter ido para aquele rumo.

Jogos da Ascensão II - As Garras de EtamaOnde histórias criam vida. Descubra agora