Raposa II

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- Melanie! Filha!

- Filha? Desculpa, acho que está se confundindo, meus pais morreram atacados por lobos numa caçada. Meu pai deixou minha mãe e si próprio morrerem. Meu pai está morto. Eu sou órfã.- as palavras o atingiram como um tapa.

Ela aproveitou para ataca-lo com punhal e facão. Tentava várias investidas, mas cada golpe desferido era um golpe desviado. A situação estava extremamente irritante para a pequena. Mirava numa perna para estorvar seus movimentos, mas era ridiculamente esquivado. Num instante, Richard deu uma brecha e Melanie conseguiu derrubá-lo, posicionando o punhal na garganta e o facão um pouco abaixo do esterno. Richard a fitou como se a perdoasse pelo o que estava prestes a fazer, como se seu sentimento paterno ainda existisse, isso fez com que Melanie interrompesse seu movimento. Ele sorriu e isso fez ela prendesse sua respiração. Mas não seria um sorriso que a iria impedir. Quando iria prosseguir, Richard se libertou. Ela trincou os dentes por ter se permitido perder aquela oportunidade.

- Ela estava doente.

A garota paralisou.

- Eu não gostaria que você fosse tomada pelo sentimento de impotência. Não desejaria que você tivesse que presenciar aquele destino. Sua mãe iria morrer e não tinha nada que pudéssemos fazer para impedir. Não queria que você tivesse que presenciar o processo, porque a morte é feia, Melanie. 

Ela estava consciente de que talvez não passasse de mentiras, de que não deveria acreditar, mas ela queria. Queria acreditar. Ela não queria ver seu pai como o homem que sua avó descrevia. Ela queria outra história, uma em que ela poderia voltar a caçar com aquele que provocava risadas e a aconchegava no colo enquanto contava histórias de heróis antigos. Ela queria perdoá-lo, queria seu pai de volta, não queria ficar sozinha. Ela queria de volta aquele que a acalmava e transmitia segurança com seus roncos quando ela acordava de um sonho ruim. Mas se sentia covarde e fraca por isso.

- Você é uma boa menina.

- Papai...- ela tirou a armadura de ferro frio que guardava a garotinha gentil há tempos presa. 

Em prantos ela abraçou seu progenitor.







O caso de StuttgardOnde histórias criam vida. Descubra agora