Sobre rosas e espinhos

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Começo a sentir o suor surgindo em minha testa enquanto meus dedos passeiam pelo teclado com agilidade. Pisco rápido várias vezes para que meus olhos parem de doer com a luz do monitor.

– Só mais um pouco, Anna – a voz de Gustavo não me acalma como deveria, ele está demorando mais que o normal dessa vez – Já consegui levantar algumas barreiras.

Tá' – minha resposta sai como um resmungo e não me arrependo disso.

O site do SeuSegredo está sob ataque. Eu sei o que você deve estar pensando e não tem nada a ver com tiro, porrada e nem bomba.

Aconteceram poucas vezes nos últimos anos, algum engraçadinho tenta invadir o meu sistema para descobrir o IP e consequentemente minha identidade. Ninguém nunca havia chegado perto disso até agora.

O blog é protegido com várias "barreiras" que Gustavo criou e quando alguém tenta invadir, nós entramos em ação levantando todas elas e bloqueando o engraçadinho da melhor forma possível.

O barulho das teclas sendo pressionadas é tudo que preenche o meu quarto, não me dou ao trabalho de olhar para a pequena tela do tablet para ver se Gustavo está fazendo sua parte.

– Ele é bom – murmuro.

O engraçadinho invasor é realmente bom, caso contrário não estaria me fazendo soar e sentir os dedos doendo.

– Nós somos melhores.

Não sei dizer quanto tempo se passou até que Gustavo me alertasse que conseguiu restaurar todas as barreiras e agora estava tentando rastrear o engraçadinho. Suspirei aliviada quando pude parar de digitar comandos.

– Conseguiu rastrear o IP dele? – pergunto.

– Estou quase – ele responde. Finalmente olho para a tela do tablete, meu querido amigo fofinho está tão acabado quanto eu – Encontrei uma mensagem criptografada, vou envia-la para que você decifre.

A combinação aparentemente aleatória de algoritmos aparece em minha caixa de entrada, faço o melhor para decifra-la com a ajuda de um programa. Mordo a parte interna da bochecha para controlar minha vontade de esmurrar o monitor quando termino de decifrar.

– Consegui! – Gustavo anuncia – O IP em de Oasis, porém está bem mascarado e não consigo uma localização precisa.

– Não precisa, eu já sei quem fez isso.

O nome "CYBER" na tela diante de mim causa uma estranha revolta.

Preciso lidar com esses anônimos, rápido.

Não vou à escola na manhã de sexta-feira, e acho válido ressaltar que fiz isso porque virei a noite impedindo um maluco de hackear meu site.

Acordo apenas na hora do almoço com dezessete chamadas perdidas do Lucca no celular e oito novas mensagens do Ícaro no telefone.

Ícaro: Você não vem hoje?

Ícaro: Anna, a escola tá' um porre.

Ícaro: O Lucca me perguntou sobre você.

Ícaro: O Lucca disse que te ligou onze vezes e você não atendeu. Tá' tudo bem?

Ícaro: O Lucca acha que você morreu, ele quer ir te ver.

Ícaro: Ele tá' querendo ir aí na sua casa te ver, você ainda tá' brava com ele?

Ícaro: Convenci ele de que é melhor eu ir ai, mas lembrei que não sei o endereço.

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