Capítulo 2 - Consequências

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Nesta noite sonho.

Dois garotos corriam pelo campo.

O garoto de cabelo laranja para e se senta perto de uma árvore.

O de olhos verdes deita no colo do amigo, os dois começam a falar apontando os dedos para o céu.

- Um coelho!

- Para mim parece um gato!

- Coelho!

- Gato!

- Um Coegato! – Os dois dizem juntos rindo, pareciam felizes.

 O garoto dos olhos verdes segura o cabelo laranja do amigo, os dois se encaram por um tempo, em seguida voltam a rir.

Continuam a ver desenhos nas nuvens.

Acordo assustado.

Aquilo não era um sonho, era uma lembrança.

 Eu e Peter, memórias apagadas que voltam em formato de sonho. Lembrava claramente, tinham 12 anos. Os pais de Peter pediram para ele seguir até a cidade, e decido ir junto. Lembro que se distraímos no caminho com brincadeiras, perdendo a noção da hora.

 Apenas sentia saudades de tudo isso. Ouço o barulho do chuveiro, olho para cama vazia dele, ele já havia acordado.

- Bom dia Arthur! – Ele sai do banheiro arrumando a toalha em sua cintura – Eu sonhei com você hoje, tive uma lembrança de nossa infância.

Quase digo que também, mas espero ele contar seu sonho primeiro, talvez ele não se lembre das mesmas coisas que eu.

- Nós estávamos saindo da igreja, você sempre todo fofinho de terno e gravata e eu com as mesmas roupas de sempre, camisa xadrez, calça, e meu velho All Star – Ele se senta na cama e sorri olhando para mim – Lembro que tínhamos uns 8 anos, e você começou chorar porque uns daqueles idiotas da igreja havia machucado seu dedo, lembro que te abraçava, e você parava de chorar. Podia ser um momento qualquer, mas senti falta dos seus abraços durante quatro anos.

Ele encara o chão meio envergonhado.

- E porque não quebrar essa corrente de quatro anos sem abraços agora? – Digo me levantando.

 Ele sorri e se levanta, nesse momento ele me abraça. Para outra pessoa seria completamente estranho ver um garoto só com toalha abraçando outro, mas só nós dois poderíamos entender o real sentido daquele abraço. Ele me abraça com mais força e retribuo.

Queria que aquele momento se tornasse infinito.

Quando ele me solta, vejo uma lagrima em sua bochecha, ele disfarça e se vira.

- Bom acho melhor você se trocar porque o café da manhã no refeitório começa às nove! – Ele diz.

...

 Saio do banho, termino de amarrar o All Star e colocar a camisa, Peter esta esperando na porta. Seguimos pelo corredor descendo a escada.

 O Refeitório ficava do outro lado da escola, um lugar todo de vidro, em sua volta havia várias árvores. Entramos e Peter me leva para se sentar junto com uma garota que estava sozinha na mesa do fundo.

Aqueles cabelos castanhos... Era Sara!

Peter se senta ao lado dela, e me sento ao lado oposto. Eles se olham e se beijam.

- Arthur quero te apresentar Sara, minha namorada! – Ele diz sorrindo e olhando para ela com um olhar apaixonado.

Aquilo foi como um tiro no meu coração, não sabia explicar.

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