Capítulo 14 - Wild | Parte 2

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'' Me beije na boca e me liberte, me cante como um Coral ''




Tudo cheirava a morte.

  A neblina fria caia sorrateiramente sobre o rosto infantil de Sam, seus olhos fechados em uma expressão solene, estava vestido como gostava ao meu pedido, uma camisa de sua banda preferida, sua calça preta e seu velho all star. Passo a mão sobre seu cabelo, preto caído sobre a testa recém pintado, me lembro do momento, me lembro das poucas vezes que ele sorria, me lembro quando ele era verdadeiramente feliz e sinto as lágrimas descerem.

  A mão de alguém segura meu ombro carinhosamente sobre o terno e vejo Peter que agora se colocava ao meu lado.

- Vai ficar tudo bem Arthur! Eu prometo! – Ele diz em seguida me abraçando confortavelmente e aninho meu rosto sobre seu ombro, sua mão vai até o meu cabelo em um gesto de carinho.

  Pelo seu ombro vejo um homem de meia idade segurando uma pá vindo em nossa direção, fecho os olhos e quando abro, o caixão já estava dentro do buraco de terra, vou até lá e coloco um buque de flores com tonalidade laranja sobre, já era demais para mim, estava no limite.

  Pego a mão de Peter e caminho pela trilha de terra em meio as lapides, nunca iria esquecer Sam, nunca. Já dentro do taxi fecho a porta e o carro segue viagem de volta a escola.

A partir daquele momento eu prometi mudar.

Tudo iria mudar.

Por Sam.




Três meses depois...


  O sol se guardava devagar entre as montanhas, dando lugar a lua e a um céu estrelado. A calmaria daquele lugar me fazia bem, sentir-se bem. Uma coisa que demorou um longo processo, após a morte de Sam comecei a me culpar todos os dias, e ainda me culpo, precisei de remédios, pois entrei em uma depressão profunda que ainda tento sair. Após dar inicio em um processo na justiça determinaram que meus tios devolvessem todo o dinheiro de nossa mãe que por lei era de direito meu e de Sam. Peter terminou com Sara que surpreendentemente ainda não fez nada.

  Ouço a porta se abrir lentamente e Peter se senta ao meu lado no chão de madeira, colocando seus pés descalços na grama. A escola havia liberados os alunos para passar o dia de ação de graças com suas respectivas famílias, e como Tia Luce e Tio Tom estão chateados Peter me convidou para passar estes dois dias com sua família. Eles moravam agora em uma chácara, um lugar tranquilo onde criavam alguns animais e tinham um farto conjunto de plantações do qual o pai de Sam cuidava.

- Se lembra na nossa infância, das vezes que nos sentávamos juntos para olhar as estrelas? – Ele pergunta calmamente.

- Claro que lembro, parece que foi ontem!

  Depois disso o silencio paira no local e Peter chega próximo a mim colocando seu braço em meu ombro.

- Sabe Arthur, desde o momento que tivemos nosso primeiro beijo eu senti uma coisa especial dentro de mim, quando você me tocava não era mais a mesma coisa, os olhares, tudo mudou... – Ele faz uma pausa e prossegue, parecia nervoso, pois sempre desviava o olhar – E agora que estamos grandes me sinto na vontade de cada vez estar mais próximo a ti, eu te amo e não ligo para que os outros vão pensar, só quero ser feliz ao seu lado...com você!

Wild | Selvagem (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora