Capítulo 18 - Insano

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'' Nós somos como a Chuva e a Morte ''


Qual é a cor?

Qual é a cor da morte?

Qual é a cor da dor?

Qual é a cor da perda?

Aproximei-me com um nó na garganta, o mundo girava a minha volta, os olhares fuzilavam.

Quando me joguei sobre Peter, perdi o controle de mim.

Perdi o controle do meu ser.

Sem controle.

Insano.

  Comecei a socar o peito dele e a gritar seu nome, como se pudesse reanimá-lo. Subi no corpo e comecei a lhe dar tapas e beijar seus lábios, como se tudo fosse apenas uma macabra brincadeira que estavam fazendo comigo, mas o corpo não se mexeu.

Seu sangue começou a manchar minha roupa.

Persistia em gritar seu nome, cada vez mais alto.

As lágrimas não cessavam em nenhum momento.

  Alguns vieram e tentaram me afastar do corpo, continuei gritando e gritando e chutando o ar, em uma cena triste para um homem bom assistir. E quando conseguiram me afastar cai de joelhos no chão buscando apoio, como se o chão fosse um poço em fim.

E era.

  Quando encarei seus olhos verdes sem vida, vidrados no teto, não conseguia compreender nem mesmo a razão de continuar a existir. Segurava seu rosto frio em minha mão que tremia a cada toque.

- Não me deixe Peter! Você não pode... – Digo sussurrando em seu ouvido.

Mas no fundo eu sabia que ele não podia me ouvir, sabia que ele nunca mais poderia me ouvir.

E a dor permanecia com a mesma intensidade.

A dor da perda.

Que eu já conhecia, de forma familiar, como uma velha amiga.

- Peter! – Repito várias vezes com a esperança de ao menos poder sentir sua respiração, nada.

  Começo a escutar o barulho de sirenes quebrando o silêncio daquele local que cheirava a morte, olhei ao redor e percebi que muitos choravam, aqueles que choravam conheciam a dor da perda. As sirenes já estavam próximas aumentando o pânico em mim.

Deito ao lado de Peter no chão frio e o abraço, seguro ele com força nos braços.

- Não vou deixar eles te levarem! Não vou! – Digo segurando ele com mais força, e colocando sua cabeça em meu peito.

- Você vai acordar e tudo vai parecer um sonho ok? – Persisto.

  As pessoas ao redor se afastavam, dando passagem a um grupo de homens usando uniforme branco. Os homens de branco se aproximam de mim com os braços estendidos.

- NÃO! NÃO! – Grito enquanto me retiravam para longe de Peter.

  Piso com força no pé do homem que no mesmo momento diminui sua força nos braços, me jogo no chão rastejando para perto de Peter, até sentir me envolverem novamente.

- Por favor! – Insisto chutando o ar e falhando em tentar me soltar.

  Outro homem se aproxima com alguma coisa na mão, uma injeção que ele injeta com força no meu braço, então eles começam a andar para fora do salão. Continuo com os olhos vidrados em Peter caído no chão, tudo começa a ficar preto e branco, minha visão fica pesada, vejo dois policiais se aproximarem de Peter, então fecho os olhos desistindo.

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