Capítulo 5

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Malu Lemos

A semana passou rápido depois daquele choro do Felipe, achei que as coisas iam melhorar entre nós. Grande erro meu pensar isso, nós não dirigíamos a palavra ao outro, também não queria ser amiga dele assim de uma hora para outra. Só que realmente pensei que agora ele fosse se abrir comigo e talvez fizesse os exercícios de fisioterapia. Eu percebi que ele não confia nem na própria sombra... imagina se ia confiar em mim!? Vou ver se consigo falar com Bernardo, irmão dele, pois vejo que ele precisa de uma psicóloga urgente, talvez ele possa se abrir e ver que ainda há esperança.

Toda vez, que eu chego perto, Felipe foge de mim e parece que tem medo, está um clima chato entre a gente. Eu me odeio por querer estar perto dele o tempo todo e querer ajudá--lo. Sei que no fundo sinto pena dele. É estranho quando ele me olha, tem alguns momentos que seu olhar parece me pedir socorro e, quando decido me aproximar, ele sempre foge. Esse olhar dele me faz ter um sentimento super estranho, não sei explicar direito. Tem momentos que seu olhar parece poder me ver por dentro, minha alma.

Confesso que sempre achei lindo pessoas com olhos azuis, e sempre me perguntei porque não nasci com olhos assim também. Meus são olhos pretos, são sem graça nenhuma... na verdade eu sou sem graça nenhuma, tudo em mim é normal demais.

Fiz uma grande amizade com Rita, a empregada da casa do Felipe, nós duas passamos horas conversando sobre tudo. Lógico que o assunto preferido é o Felipe, ela não vai muito com a cara dele, já que ele é um amor de pessoa com todo mundo. Ela sempre me fala que só fica aqui pois o salário é bom. Rita tem dois filhos pequenos para cuidar, o pai das crianças sumiu do mapa. Não sei o porquê de ele ter sumido. Rita é nova e bonita, tem a pele branca, olhos pretos assim como seu cabelo, é magra não aparenta ter 40 anos. Sempre conversamos boa parte do dia, isso me deixa feliz, pelo menos não fico o dia todo no celular olhando o Facebook, já que o Felipe não me deixa fazer meu trabalho.

Juro que tentei, de todas as maneiras, colocar na cabeça dura do Felipe que, quanto mais rápido ele começar os exercícios, melhor é para a sua recuperação. Eu pesquisei muito e vi que os exercícios devem ser feitos diariamente. No começo são exercícios que estimulam o movimento das articulações dos joelhos, quadril e pés, juntamente com exercícios de

alongamento para melhorar a amplitude dos movimentos. Mas ele se nega a realizar a fisioterapia e isso dificulta, e muito, a sua recuperação, demorando a ter grandes melhoras. Eu estou estudando muito sobre o assunto pois não quero fazer feio e também, no fundo, quero ajudar ele. A cada dia me sinto pior por estar mentindo dessa maneira.

Hoje é sexta-feira, Bernardo veio aqui buscar o Felipe e ele mesmo o arrumou. Eles saíram juntos sem dizer aonde iam. Fiquei curiosa, ainda mais porque Felipe parecia nervoso e não gritou com o irmão como sempre faz. Meu dia de trabalho acabou e nada deles chegarem. Aonde será que eles foram? Quando eu estou na porta, pronta para ir embora, vejo o carro do Bernardo entrando.

Saio e fecho a porta atrás de mim, fico esperando para ver se vão precisar de alguma coisa. Bernardo desce do carro, me faz um sinal para que eu fique no lugar onde estou, pega a cadeira de rodas, ajuda Felipe a sair do carro. Estão com cara de choro... ops, eles chorando? Nunca imaginei isso. Felipe me olha com raiva por eu estar ali ainda.

— O que foi sua idiota?

Respiro fundo, tentando conter a raiva que começa a surgir

— Não é porque estou trabalhando para você que pode me chamar assim e outra coisa... Bernardo como vou fazer meu trabalho se seu amável irmão não deixa?

Para minha surpresa Bernardo fica rindo do que eu acabei de falar.

— Vejo que a relação de vocês é ótima, parece que já vi esse filme.

Fico sem entender e Felipe fechou a cara para o irmão. O telefone do Bernardo toca e ele sai de perto para atender, deixando eu e Felipe ali, de frente um para o outro e então posso ver, pelo seu olhar, que realmente ele chorou.

— O que foi?? Acha que vou chorar de novo na sua frente?

— O que eu acho é que tudo o que eu falei, pra você naquele dia, é verdade e você ficou foi com medo de mim e por isso agora vive fugindo.

— Não me faça rir!

— Eu vou conseguir derrubar esse muro do seu coração!

De novo ele fica quieto, sem ter o que falar. Preciso ter uma conversa com o Felipe, eu não sei o que houve com ele, mas vou descobrir. Eu não sei o que sinto nesse momento, mas algo dentro de mim diz que ele precisa de ajuda e que eu posso ajudá-lo.

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Feliz Natal e muito obrigada por todos está aqui lendo meus livros fico muito feliz com os cometários de vocês . 

Beijos 


Belo Arrogante - Duologia Castelli - Livro 2 - RepostandoOnde histórias criam vida. Descubra agora