Harry

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You snooze, you lose.

Provérbio.


Eu não precisava que ninguém me lembrasse do quão idiota eu era. Durante as últimas semanas eu desempenhei esse papel muito bem, minha performance digna de um Oscar.

Acreditei que se evitasse criar mais qualquer conexão com a Marissa isso faria da nossa convivência mais fácil. Cada um no seu canto, sem invadir o espaço do outro, era o que faria de nossa vida juntos algo suportável. Claramente eu estava enganado.

Ela fazia o seu melhor para acompanhar minha recente imbecilidade. Tratava-me como a Beatrice de tempos atrás que não queria deixar o "Boss" adentrar sua vida pessoal. Agora entendia o porquê daquilo, isso teria feito de nossas vidas muito mais fáceis. O sentimento complica tudo. Mas por mais que ela tentasse incorporar sua alter ego, agora que eu conhecia a Marissa conseguia discernir as pequenas coisas. O modo como respirava profundamente depois dos meus cumprimentos secos, ou como jogava a cabeça para trás e fechava os olhos expirando quando pensava estar sozinha na sala. Ainda tinham suas discretas espiadas na minha direção e a forma como ela desacelerava o passo quando passava em frente ao meu quarto.

Tudo isso era uma tortura. Tê-la tão perto e precisar mantê-la afastada. Ver como ela tentava disfarçar sua chateação por alguma atitude minha e querer me desculpar. Alguns dias eu desejava jogar tudo para o alto e voltar atrás na minha decisão de manter nossa relação platônica. Principalmente quando me lembrava do gosto do seu beijo, da sensação da sua pele contra a minha, da sua boca me dando prazer sem restrição alguma. Sempre que me lembrava disso um arrepio corria pela minha espinha e era difícil não ter uma ereção.

Cada dia que passa em que me obrigo a ser seco e indiferente isso coloca mais uma milha de distância entre nós, e quando eu tenho a chance de aniquilar esse espaço, faço completamente o contrário. A manhã do sábado havia começado perfeita e eu consegui foder com tudo. Acordar com a Marissa enroscada em mim foi uma sensação difícil de explicar, eu só tinha uma certeza: poderia acordar daquele modo pelo resto dos meus dias.

Aquela música que fala para você ter cuidado com o que deseja, pois pode se tornar realidade não para de tocar na minha cabeça. Desejei colocar certa distância entre nós e acabei ganhando um fim de semana sem tê-la por perto, o que quase me deixou maluco. O Ethan falou que na segunda-feira ela estaria de volta ao escritório, mas nem isso aplacou o meu nervosismo. Eu não esperava sentir tanta saudade como senti. Pelo menos acabei usando esse período para uma auto avaliação, sei que tenho que mudar minha abordagem. A Marissa já está instalada em mim, no meu coração e na minha mente, não há distância física que possa mudar isso.

Tudo pode parecer dramático demais, intenso demais, mas o que era demais mesmo era o tempo que eu havia perdido sendo um cusão. Precisava consertar as coisas entre nós. Por isso cheguei mais cedo que o costume na FITZPAT, esperando pela Marissa. Quando o elevador finalmente apitou no nosso andar eu já tinha desenvolvido um caso sério de tique nervoso.

A Marissa caminhou na minha direção aparentando estar totalmente desestressada. Acho que nunca a vi com uma expressão tão suave. Se o Louis estivesse aqui diria que seus chakras estavam alinhados.

Marissa: Bom dia, Harry.

Harry: Bom dia, Marissa! Você cortou o cabelo?

Marissa: Cortei.

Harry: Ficou lindo.

Marissa: Obrigada. Agora, se me permite... – Pedindo licença para se acomodar na sua mesa.

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