The hearts I make are shattered, but whole. They're kaleidoscopes that beam under the sun. They signify hope in love when you've lost it because, like love, you can look at a kaleidoscope a thousand different ways and find something new every time. Shattered or not, if you look carefully enough, you'll find something beautiful in them,and all beautiful things are a little broken.
Elle – Kaleidoscope Hearts.
Marissa
Como previsto, meu apartamento não parecia mais meu lar mesmo. Não consegui permanecer no local nem por dois dias. Cada lugar que eu olhava parecia que eu tinha uma lembrança do Harry... A mesa da cozinha me trazia imagens da nossa primeira vez juntos, o banheiro da nossa tática de economizar água, a sala então duas palavras: Devaneio Oral. Meu quarto deveria ser o único local intocado, mas ai me lembrava de que ele havia dormido naquela cama sozinho, e quando dava por mim estava buscando pelo seu cheiro no travesseiro, mesmo sabendo que já havia trocado os lençóis.
Ficar naquela casa estava me deixando maluca. Eu sei que sou a única a culpar pela minha solidão, mas mesmo assim é difícil. Então, fiz o que julguei mais correto, coloquei o apartamento a venda e fui passar uma temporada na casinha da senhora Rosa. Eu estava precisando de uma figura materna.
Ela havia herdado a pequena residência da família paterna. Embora vivesse no Orfanato para cuidar das crianças, ela mantinha a casa bem cuidada, o que acabou sendo conveniente, já que agora ela tinha sido forçada a se aposentar de verdade.
Eu já estava com ela há três semanas. Três semanas sem qualquer sinal do Harry, esse era o tempo que mais passei sem vê-lo desde o início da minha missão. Embora eu saiba que ele esteja me dando o tempo que acha necessário para aplacar minhas dores e remorso, tem aquela vozinha me cutucando e dizendo que eu perdi a minha chance e ele me esqueceu. Mais uma vez, será tudo culpa minha. Meu sofrimento pode estar diminuindo de força, mas a culpa mantém sua intensidade, e em contra partida a saudade só se acentua.
Uma pancada na minha cabeça me tira das profundezas do meu pensamento. Foi a senhora Rosa me acertando com uma colher de pau, me tirando dessa brisa louca e amargurada.
Rosa: Acorda para cuspir, menina.
Marissa: Eu estou acordada. Eu só estava...
Rosa: Perdida em pensamentos. E se eu tivesse que apostar minhas calçolas de seda, diria que eles estavam direcionados a certo par de olhos verdes.
Marissa: Não faço ideia do que você está falando.
Rosa: A negação é a mais previsível das respostas humanas. Sabe Marissa, nós podemos não estar mais no Orfanato St. Paul, mas ainda posso te fazer ir rezar o terço por ser uma bela mentirosa. E o melhor de tudo, eu tenho uma colher de pau e não tenho medo de usá-la!
Marissa: Ok, ok. Eu estava pensando nele.
Rosa: Sou toda ouvidos.
Marissa: Eu sinto falta dele, mas eu não consigo lidar ainda com a culpa que eu sinto. Nosso amor trouxe muito sofrimento para outras pessoas, Rosa. Ethan morreu, Emma se machucou, a Lalita quase perdeu o bebê... Eu não quero que mais gente se machuque.
Eu estava afastada da CIA por causa do transtorno de estresse, mas tinha sessões com a psicóloga especializada da agência todas as quartas. Ela estava me ajudando, mas eu tinha um longo caminho pela frente.
Minha resposta à Rosa resultou em mais uma colherada de pau na cabeça.
Marissa: Que isso?
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Collide
RomanceComo sustentar um sentimento tão real como o amor quando se está cercado por uma rede de farsas? A verdade é que o amor não escolhe caminhos, não se pode prever hora e nem lugar para acontecer, ele simplesmente acontece. Infiltra-se por seus poros e...