O despertador tocou tão alto que Alexandra quase saltou com o som estridente. Era domingo de manhã e ela sentia-se completamente acabada. Como o simples ato de dormir era um luxo em sua vida, nunca sentia-se satisfeita. Naquela noite conseguiu dormir apenas quatro horas e isso era quase um recorde pessoal.
Revirou-se debaixo dos lençóis, puxando o tecido fino para cobrir-lhe o rosto a fim de evitar o sol que passava pelas persianas da janela. Só mais duas horinhas... Resmungou internamente. Estava cansada e nem ao menos tinha saído na noite anterior. Oh, não! A beata Alexandra Henley não se deixa perder nos antros de perdição e fornicação da sociedade moderna! Havia passado a noite inteira em casa, com uma caixa de pizza e dois filmes de terror.
Antes tivesse tido uma louca noite de bebedeira e sexo casual.
Ah, o sexo casual! Bufou em desdém, rindo de si mesma enquanto empurrava os lençóis e finalmente criava coragem para deixar a cama. Seu último namorado sério tinha sido há dois anos, um cretino chamado Lucas que a deixou por "não saber como lidar com todos os seus problemas". Depois dele, ela tentou alguns casinhos de curtos períodos e depois apenas sexo casual, mas ainda assim... O último homem com quem transou foi há quase seis meses.
Algo dentro dela a impedia de querer se relacionar, mesmo que de modo casual, com qualquer homem. Não que ela estivesse deixando de gostar da fruta, mas ela apenas sentia-se ainda mais incompleta quando passava uma noite de sexo sem sentido. Uma parte dela queria voltar a se relacionar sério, enquanto a outra – a que ficava em sua cabeça – repetia constantemente: Não, não, você é danificada demais pra isso!
Mas quando ela olhou para James... Foi imediato. Aqueles olhos azuis encarando-a, demonstrando preocupação e zelo, fizeram com que ela se sentisse atraída na hora. Como desejava que ele a tivesse convidado para sair ou algo parecido. Não se importaria de ter sexo casual com ele.
Espreguiçou-se ao chegar ao banheiro pequeno do seu apartamento. Olhou-se no espelho que ficava acima da pia preta. A decoração preta e branca do cômodo a deixava mais sombria, porém, mais acolhedora. Ela não gostava de muita luz no banheiro, assim conseguia tomar banhos longos e relaxantes. A janela na parede atrás do boxe, bem acima de onde ela conseguia alcançar, o que lhe dava privacidade, era apenas um pequeno quadrado com vidro fosco.
Fez sua higiene matinal e arrastou-se de volta para a sala, atravessando para a cozinha. Era uma manhã bem quente e mesmo ela estando vestida apenas com uma grande camiseta de Arthur, que ela pegou para si há alguns meses, sentia o calor aquecer todo o seu corpo num ponto quase que desconfortável.
Abriu a geladeira em busca de algo bem gelado e optou por um suco natural de abacaxi e hortelã. Adorava o gosto da hortelã misturado ao do abacaxi e, como seus dons culinários eram precários, fazer sucos naturais era a sua especialidade.
Apanhou um pedaço de bolo de aipim que tinha preparado na semana anterior, mais uma especialidade sua: bolo de caixinha. E retornou à sala, jogando-se no sofá vermelho de três lugares. A sala estava bem iluminada uma vez que a grande janela que dava visão para a rua estava escancarada e o tom claro da parede, juntamente com os vibrantes dos móveis e itens de decoração, davam uma ajuda na iluminação.
Bebeu o suco enquanto repassava sua agenda daquele dia na mente. Era um domingo em que estava de folga, então só precisaria se preocupar com o trabalho na noite de segunda-feira. Poderia ficar em casa colocando a limpeza em dia, já estava conseguindo ver as teias de aranha se formarem no canto do teto da sala, mas sentia-se desesperada para sair de casa, sentir o sol iluminar seu rosto, ver as pessoas andando pela rua... Ah, garota, quem você está tentando enganar? Ela queria tentar a sorte de reencontrar James.
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Intenso [DEGUSTAÇÃO]
RomanceSINOPSE: Até que ponto o amor supera a dor? Alexandra Henley, aos seus vinte e seis anos de idade, acredita ser uma pessoa danificada para o amor e cheia de problemas, mas ainda assim, uma mulher forte que seguiu com a vida apesar dos traumas. Contu...