E numa única semana James causou um acidente de carro que tirou a vida de seu pai e deixou-o em coma por três dias. Além disso, havia envolvido outros dois carros, com mais duas vítimas fatais e dois feridos. Mas ao acordar mal teve tempo de passar pelo luto e pelo pesar com a mãe, pois viu a expressão que a Dona Jeane Keppler e o médico tinham no rosto. Não eram notícias boas.
James tentou sentar-se na cama, mas a tontura o impediu, assim como a mão do médico em seu ombro, que o aconselhou a não fazer aquilo.
– James... –o médico engoliu em seco, não conseguindo esconder o nervosismo. –Não tenho boas notícias para você. Infelizmente.
– O quê? O que... Aconteceu? –James ergueu a mão direita onde o medicamento intravenoso estava ligado a seu pulso por uma agulha. –Pai? Meu pai...
Imediatamente Jeane começou a chorar, cobrindo o rosto com as mãos. E James entendeu, o médico não precisava dar a má notícia para ele. Ele já sabia. O pai estava morto. Era óbvio.
– James, –o médico voltou a chamar sua atenção. James tentou focar a visão nele, mas os olhos já ardiam pelas lágrimas, a boca estava seca e um gosto amargo preenchia sua garganta, sufocando-o. Sentia-se triste e atordoado, como se sua mente ainda estivesse fora do ar. –O acidente foi grave, você se recorda de algo? –James apenas balançou a cabeça, não se lembrava muito bem do acontecido, e mesmo que lembrasse estava grogue demais para querer contar sua lembranças. –Você desmaiou no volante e o carro se chocou com um caminhão. Você ficou desacordado por três dias...
O médico fez uma pausa curta, indicando que o pior ainda estava por vir.
– No acidente... Sua perna foi ferida pela lataria do veículo. Foi um ferimento profundo e nossa equipe fez tudo o que podia... Eu fiz tudo o que podia, mas... Infelizmente não pudemos salvá-la, James, tivemos que tomar uma decisão importante que poderia salvar sua vida, e salvou. Mas infelizmente tivemos que amputar sua perna direita.
A informação atingiu-o como uma bolada forte no rosto. Ele sentiu tontura, pânico. Quis gritar, chorar, se levantar – fazer qualquer coisa – exceto o que ele acabou fazendo: James olhou para a parte inferior de seu corpo coberta por uma colcha fina e viu o tecido contornar sua perna esquerda até o pé, enquanto o lado direito se perdia no meio do caminho.
Não pode ser!
Ele prendeu a respiração e finalmente puxou a colcha com violência, jogando-a no chão. Parou em choque enquanto se acostumava com o que via. A perna direita se estendia até o joelho, que estava enfaixado, e então se tornava apenas vazio.
E era tão estranho, porque ele ainda a sentia, ao mesmo tempo em que não sentia. Tentava mexê-la, podia sentir-se mexendo os dedos do pé, mas não havia nada lá para ser mexido.
James talvez até mantivesse a calma, mas ao ouvir o soluço abafado da mãe, não resistiu e entregou-se às lágrimas.
– James. –o médico voltou a falar, sua voz tão baixa que mal se ouvia. Ele parecia travar uma batalha interna com ele mesmo para descobrir se dava a próxima notícia agora ou se esperava para mais tarde. –Ainda quanto ao acidente, você desmaiou e após uma bateria de exames nós descobrimos o motivo.
O médico olhou para Jeane lamentando, a mãe por sua vez apenas continuou a chorar.
– Encontramos um tumor na sua coluna.
Não era mais choque o que ele sentia. Após a última notícia, o estado de James já transcendia o simples estado de choque, de infeliz surpresa. Sua face estava anestesiada, as lágrimas caíam, mas o interior era puro caos, turbulência e não de sentimentos, ele não tinha dúvidas do que sentia, era um furacão de dor, raiva e negação.
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Intenso [DEGUSTAÇÃO]
RomansaSINOPSE: Até que ponto o amor supera a dor? Alexandra Henley, aos seus vinte e seis anos de idade, acredita ser uma pessoa danificada para o amor e cheia de problemas, mas ainda assim, uma mulher forte que seguiu com a vida apesar dos traumas. Contu...