Diamantes Perdidos

Hora de despedir..

   Chamo-me Yura tenho 21 anos, sou complicada, tímida e confesso um bocado desastrada, adoro ouvir música ajuda-me a relaxar, visto que tenho com muita frequência dificuldade em adormecer!

   Hoje é o meu último dia em Liverpool! Acordo ainda com algumas dores no corpo...está um dia agitado e chuvoso!

   Como é habitual preparo o meu café para ver se agito, hoje vai ser um dia difícil, vou deixar a cidade onde nasci.

- Yura? Já estás pronta? - gritou o meu "irmão".

   Este é o meu irmão, Min-ho, tem a mesma idade que eu, temos gostos em comum por influência do nosso pai queremos entrar em Medicina, salvar vidas é um dos nossos grandes objetivos.

   Ele é alto, cabelo castanho escuro, curto, um bocado despenteado, olhos castanhos escuros, convivemos desde os 15 anos e sempre o vi como um irmão, apesar de me tratar como se fosse o mais velho.

   Ainda não me consegui habituar à ideia de que tenho uma nova família, mas eles têm sido ótimos para comigo.

- Está quase, desço já!

   A minha voz vai cada vez mais diminuindo, ao perceber da mudança; o que me fez estar ansiosa e um pouco com medo, as palavras "universidade", "amigos" e "língua" vinham todas à roda na minha mente!

   Até me deu um arrepio no corpo só de pensar nisso!

Não que seja no mau sentido, apenas não sabia como reagir...

- Eu e o pai estamos à espera no carro.

- Okay estou a ir!

   O meu irmão Min-ho, já me disse muitas vezes o que me aconteceu à seis anos atrás, antes de vir para esta casa, quando era mais nova tive um acidente de carro e que a minha memória ficou afetada devido ao embate, como o pai dele é médico, sabia que a minha vida a partir daí não seria fácil, estaria perdida nesta enorme cidade!

   Por isso, como eles viviam os dois sozinhos decidiram incluir-me na família.

   Mas, eu continuo a pensar que existe mais alguma coisa que eles não me querem contar, mas o quê?

   Sinto uma forte dor na cabeça, as dores que são mais fortes são quando vêm imagens desfocadas, imagens que apenas consigo ver em segundos, fico irritada quando não me consigo lembrar!

   Tenho sempre o mesmo sonho todas as noites!

   Oiço constantemente gritos de uma mulher a fugir de um homem e o sonho sempre acaba com a mulher cujo rosto está desfocado, gritando pelo meu nome...o esquecimento é o que mais desejo na hora que vou dormir, ter pelo menos uma noite tranquila, poder sonhar que nem uma criança feliz!

   Uma criança com a mente vazia de todos os horrores que existe no mundo.

   Esse é o meu desejo, ter a mente livre de todos os pesadelos que me assombram desde que me lembro...

   Não consigo dizer a última vez que tive um sonho tranquilo...

- Têm tudo convosco? Não se esqueceram de nada? - pergunta o meu pai.

- Tudo! - respondemos

Entrámos no avião em direção a Seul!

Estou com uma sensação estranha, mas é difícil de explicar por palavras...

- Yura! Para de pensar demasiado, estás sempre com essa expressão no rosto! - diz Min-ho que decide interromper o meu raciocínio.

- Pronto, tens razão, agora vou ter que relaxar, vai ser uma longa viagem...