À volta da mesa estava uma grande pratada de massa e legumes salteados. Ao meu lado encontrava-se um grande prato com bifes grelhados, que o cheiro chorava por mais. Por fim, um suco de frutos silvestres bem fresquinho para acompanhar com a fruta que fazia parte do prato especial de Jun-ho, que se limitava a servir-nos e não dizia o segredo que continha nele para que ficasse tão doce!
Passaram-se segundos, minutos cheios de gargalhadas e conversa, que a noite parecia não ter fim. Gostava que Min-ho estivesse aqui neste momento de alegria e animação. Ainda estava a pensar no que estaria a fazer? A última vez que falei com ele, foi por mensagem, logo no início do jantar, quando Jae-hee começou a fazer perguntas sem sentido.
- Oh! Já é tão tarde! – Comento repentinamente, quando olho para as horas, que já passavam das duas da manhã.
Jun-ho levanta-se, conforme eu saio da mesa e vê também as horas, como se também tivesse perdido a noção do tempo.
- Queres que o meu irmão te leve a casa? – Jae-hee
- Não é preciso, obrigada! – Respondo. Sorrindo para os dois.
Após ter arrumado as coisas da universidade na mala, caminho para a porta.
Jun-ho abre a porta e encostasse a ela.
Agradeço no preciso momento aos dois, com um pouco de timidez, olho para Jun-ho e baixo um pouco da cabeça em forma de agradecimento.
Jun-ho observa a rua que já se encontrava pouco iluminada e vê um homem sentado num banco ao fundo com um aspecto de quem já estava completamente bêbedo, pelas cinco garrafas vazias no chão.
Preocupado.Teve um mau pressentimento quando pensa que Yura terá de passar por ele. Já estava preparado para ir ter com ela, quando ouve o seu telemóvel a tocar. Vê que é o seu pai a ligar-lhe, provavelmente a querer voltar ao assunto dos negócios que pouco lhe interessavam.
Sabe que ele detesta quando ele não atende às suas chamadas. Tenta ver Yura lá fora, já vai mais à frente, quase a alcançar o homem bêbedo. Olha para o telemóvel. Não sabe o que fazer... A sua mente diz para não se preocupar e para atender a chamada do pai. Mas ao mesmo tempo dizia o contrário...
(pensamentos de Yura)
Devia ter aceite a boleia! Estar sozinha ao frio pela noite na rua era algo que não desejava muito cedo. Tenho medo de me perder, ainda nem uma semana passou desde que estou em Seul! Está tudo bem Yura tu consegues ir ter a tua casa..nem é muito longe. Isso mesmo..A quem estou a tentar enganar...OK..Concentra-te e não olhes para trás.
Vejo um homem a beber a sua última gota de cerveja. Fico assustada.Apercebo-me de estar a ser observada por aquele homem, e acelero um pouco mais o passo.
Conforme ando, tento não pensar em mais nada sem ser chegar o mais depressa possível a casa. Sinto uma mão forte que me aperta o meu braço...fecho os olhos e sem coragem de olhar para trás, tento fugir! Mas sem sucesso, o homem agarra o meu braço com mais força.
- Por favorrr, não me faça mal! – Fico apavorada
- Mas que menina bonita! – Diz o homem com uma certa dificuldade a falar.
- Largue-me!
- Chiii.chiu! Eu não te vou fazer mal! Apenas quero que me digas o teu nome minha linda.
- Quer dinheiro? Eu dou-lhe! – Tento tirar a carteira da bolsa, mas o velho puxa o meu braço com mais força, já não aguentava mais as dores que tinha no pulso, sem pensar nas consequências dou-lhe um pontapé na perna e fujo! Mas depressa me apanha e caio.
- Anda cá! – Diz o homem. O álcool atingiu-lhe de tal forma que o tornou mais agressivo, ao ponto de levantar a sua mão em direcção à minha cara.
Grito e cerro os olhos à espera que alguém o impedisse. Ajuda. Esta palavra queria que alguém a ouvisse naquele momento.
Estranho o pequeno silêncio naquele preciso momento e abro um canto do olho e vejo Jun-ho a segurar o braço do homem.
- Não acha que está muito tarde para um homem da sua idade beber assim tanto? – Diz Jun-ho com um tom severo a fixar o homem que já estava mais para lá do que para cá. – É melhor ir se embora antes que chame a polícia!
- Não, por favor, a polícia não! – Responde o velho apavorado. Parecia andar a fugir da polícia.
Jun-ho dá-lhe um murro na barriga antes dele se por a andar.
Estava assustada. As minhas mãos não paravam de tremer...como se já nem tivesse controlo no meu próprio corpo nem forças suficientes para me levantar.
- Estás bem? Não te machucou? –pergunta Jun-ho enquanto agarra-me nos ombros, para que eu não me desequilibrasse.
Apenas aceno que sim, já não tinha forças para falar, com o susto e o pavor que ainda estava em mim.
- Sabia que não devia ter-te deixado ir sozinha! Sabes que és muito teimosa certo?
Estas palavras sinceras e atenciosas, deixaram-me mais sensível ao ponto das lágrimas começarem a cair gota-a-gota.
- Estás a chorar? V..Vá não fiques assim... – Dizia conforme tocava delicadamente na minha cabeça.
Olho para aqueles olhos que me confortam e limpam as minhas lágrimas. As minhas mãos tremiam aceleradamente, o meu coração batia incontrolavelmente. Tento respirar fundo, mas não consigo a dor no peito é tão grande que até me faltava o ar. Abraço-o sem pensar em mais nada. A sua altura era deslumbrante...comento para mim mesma, envergonhada.
Jun-ho coloca os seus braços calorosos nas minhas costas. Conseguia ouvir o seu coração a bater, o seu corpo estava quente, dei conta da fragância do seu perfume. O cheiro dele ajudou-me a tentar esquecer aquele cheiro intenso de álcool.
Reparo que aquele tempo abraçado a ele, já não era tão constrangedor. A palavra que descrevia o que estava a sentir seria segura.
- Tens de começar a correr mais tola. Será que precisas de umas aulas para te ensinar a fugir de bandidos como aquele? – Comenta Jun-ho rindo-se do seu próprio comentário. Sorri ao ouvir aquelas palavras.
De repente, aquele comentário...levou-me a uma memória estranha. Como se todo aquele medo tivesse acordado algumas partes do meu cérebro.
FLASHBACK
Vejo uma rapariga de costas a correr, vestida de branco. Dois homens estão atrás dela. Vejo um carro de longe a acelerar.
Todas estas imagens envolvem-se na minha cabeça ao mesmo tempo. Não...espera! Uma nova imagem aparece na minha memória. Não! Não pode ser...aquela rapariga...sou eu?
Volto aos meus sentidos, e desperto com aquela imagem na minha mente. Que memória aterrorizadora me veio só por um simples comentário?
Doía-me a cabeça, sentia-me cansada, fraca, quase me deixei cair mas Jun-ho chega a tempo de me agarrar.
- Que se passa?
- Afinal a rapariga dos meus pesadelos... Era eu ?
- Quê?
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Diamantes Perdidos
Mystery / ThrillerDuas melhores amigas foram obrigadas a separarem-se à 6 anos atrás, têm um passado trágico em comum e o destino cruza -o mais uma vez, na cidade Seul, para que a verdade seja desvendada. Durante este misterioso acontecimento várias pessoas irão qu...