01.

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No início, tudo era diferente. Eu tinha uma família, uma casa, tinha amigos, eu tinha uma vida normal, como qualquer garota tem. Agora, eu me encontro sozinha, só eu e Deus em busca da esperança.

- Pai, eu prometo que vou tirar a gente dessa. Eu vou conseguir, eu vou fazer de tudo pra ver você sair dessa cama - com lágrimas nos olhos, eu faço meu próprio funeral.

Eu estou completamente sem rumo, sem chão, sem saída, sem nada.
E faço meu próprio funeral da minha vida já morta. Ver meu pai doente daquele jeito, em coma, com as pontas dos seus dedos grossos gelados, com a aparência de homem bastante desgastado, é o fim.

- Eu te amo tanto. - Eu choro no seu ombro.

Com as batidas do seu coração, percebo que ele diz que tbm me ama. Só pelo fato de esta vivo, isso já é o bastante pra mim.

Dou meu último abraço. E sussurro no seu ouvido de que tudo ficará bem, e que em breve eu vou voltar.
Limpo meus olhos antes de ir embora. E dou um leve aceno pra ele na porta. O olho por um segundo, mentalmente digo a me mesma que está decidido e não posso voltar atrás, e fecho a porta.

Adeus pai, não se preocupe eu vou voltar.

Junto o que resta das minhas coisas dentro de uma bolsa. Com o cabelo preso em um pedaço de elástico, usado uma calça jeans desgastada da chuva, com um moleton que encontrei na rua, saio em busca do meu último recurso. A prostituição.

Existe séries de opções pra conseguir uma saída. Acredite, eu já tentei todas, o que sobrou foi que eu mais temia.
Nunca na minha vida, eu pensei que fosse tomar uma atitude tão drástica. Mais o meu destino tinha me avisado, que meu caminha seria longo.

Eu paro enfrente do hospital, e atravesso a grande avenida. De cabeça baixa, com os braços cruzados no meu peito, eu corro. Eu tiro um papelzinho do meu bolso com o endereço de um local, que uma moça que conheci me informou. Me lembro que nessa noite, ela me deu comida e me confortou com carinho. É estranho essa solidariedade vim de uma prostituta, mais ela foi uma das pessoas que mais gostei. Ela me perguntou o que tinha acontecido comigo, e falei da minha situação. Eu vi pelos os olhos da Carol, a tristeza e a pena. - Como uma garota tão nova como você pode ter passado por isso? - perguntou a si mesma. Então, ela me disse: - Isso pode parecer loucura, não quero seu mau e o mau ninguém. Você já ouviu falar da Sexgirl's? Olha eu vou te dar esse endereço. - Ela coloca o papel na minha mão. - Lá pelo menos você vai ter um quarto e comida, até... - Ela engole seco. - dinheiro. - E foi assim.

Pego um ônibus com único dinheiro que eu tenho.

A realidade foi tão bruta comigo. O preço foi tão caro. As dívidas foram crescendo, até se transformar em uma montanha gigante. A minha vida foi de um trem em movimento retilíneo, para uma montanha russa cheia de curvas.
Várias vezes eu me pego perguntando a Deus, o por quê de tudo isso? Eu não fui uma garota boa o suficiente? O que foi que eu fiz de errado? O senhor não me ama? Mais também me vi murmurar: - Deus não existe. Nunca existiu. Tudo isso é mentira. - Porém sempre no final, nada muda. Nada adianta. Nada faz sentido. Tudo foi parar no vento. No vento do silêncio.

Desço no ponto totalmente desconhecido. Nunca andei na parte norte da cidade. Por um momento penso em desistir, mais em um segundo surge na minha cabeça, do por quê estou aqui.
Adiante de uma rua com poucos tráfegos, avisto um painel discreto iluminado. Estava escrito Sexgirl's. Olhei para o papel para ter certeza se era o nome certo. Ao ter a confirmação, eu avanço em direção ao prédio.

- Olá, no que posso ajudar? - a recepcionista me recebi com simpatia.

Uma mulher formal, que parecia trabalhar para um empresário muito rico se estende na entrada da porta.
O lugar não parecia no que eu imaginei. Não parecia um edifício de prostituição. Tudo era limpo, formal, nada explícito, sem garotas nuas andando pra lá e pra cá, não tinha homens velhos pedindo um copo de bebida o que me deixa confusa. Será que errei de endereço?

- Aqui é a Sexgirl's? - minha expressão é de confusão para a moça.

- Sim, você olhou para o nome acima da entrada? - Ela ri.

Sem saber no que falar, decido ir direto ao ponto. Foi pra isso que eu vim.

Segurando bem firme minha bolsa agarrada no meu ombro, eu engulo seco e me concentro nos olhos da moça. - Eu quero trabalhar.

NinfomaníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora