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Estou no meu quarto, mas consigo escutar a discussão de Robert e Serena lá de baixo. Creio eu que os vizinhos conseguem ouvir também. Estou dividida por dois sentimentos, culpa e alívio. Culpa porque Robert me viu quebrando o carro da sua mulher e por me ver totalmente alterada, carregando tanta raiva dentro de mim quando acertava o carro com tanta força. Alívio por estar dentro do meu quarto longe das mãos assustadoras de Serena. Eu começo a chorar e tiro conclusões que sou uma pessoa com maior recorde de lágrimas derramadas em menos de um mês. Na minha vida só acontece tragédia após tragédia, não sei se isso podia ficar pior, mas tento evitar pensamentos desse tipo.

Pego meus fones dentro da gaveta do criado-mudo ao lado da minha cama. Ele está um pouco afastado após Serena me jogar contra ele o fazendo sair do lugar. Afasto esses pensamentos da minha cabeça, não quero lembrar nem por um momento o quanto minhas costas estão doloridas. Conecto os fones no meu celular e começo a procurar músicas que me fazem relaxar antes de dormir. Opto por Ed Sheeran. Aumento o volume no máximo e sem colocar pijama, continuando com a minha calça jeans e minha blusa preta de alcinha, continuo deitada de barriga para cima. Fecho meus olhos e meus pensamentos vão longe, até que consigo sentir o sono chegar e me entrego a ele de tão exausta que estou de toda aquela confusão.

- Olivia? Olivia, é a mamãe!

- Mãe! – grito. Começo a correr até ela, que está de braços abertos me esperando. Quanto mais eu corro, mais distante eu estou. O que está acontecendo? Não deveria ser ao contrário?

- Não filha! – Algo a faz mudar de ideia. Continuo correndo ignorando o pedido. – Fique onde você está, não venha até aqui!

- Mas eu sinto sua falta...

- Querida, corra... Corra o mais rápido que você conse... – Antes que termine o que desejava dizer, ouço um barulho familiar que faz com que meu corpo pare e se arrepie todo. Era um barulho de... de... arma?

Ai meu Deus! Minha mãe está sangrando!

- Mãe! – Grito o mais alto que consigo. – Não! Não! Não! – Que tormento ver essa cena.

Olho para minhas mãos que estão encharcadas de sangue acompanhada da minha roupa. Minha blusa branca está pintada de sangue e a arma está aos meus pés.

"Eu matei minha mãe?" Eu começo a chorar me dando conta que sou a responsável. Sim, fui eu. Eu matei meus pais, de alguma forma, eu os matei.

Vejo minha mãe cair no chão. Meu coração acelera mais e sinto minha testa molhada de suor, que começa a escorrer pelo meu rosto inteiro. O nervosismo e a inquietude estão me sufocando. Quando resolvo correr atrás dela, sinto alguém colocar a mão em meu ombro, impedindo tal ato.

- Mãe!!!!!! – Grito muito mais alto do que esperava. Levanto ofegante da minha cama me assustando com uma mão parecida com a do meu sonho, segurando meu braço. Volto a me encolher novamente, tentando me afastar de quem quer que seja está sentada na beirada da minha cama.

- Calma, sou eu. Não queria te assustar. – Continuo ofegante ouvindo a explicação de uma mulher. Que horas são exatamente? Olho para o despertador em cima do velho criado-mudo e vejo que são três da manhã.

- O que você está fazendo aqui? – Tento agir o menos áspera possível.

- Você estava gritando demais, acordei por causa dos seus gritos e resolvi vir até aqui ver se era algo muito sério. – Agora você se importa? Depois que eu tenho o controle em minhas mãos sobre entregar todos os mínimos detalhes dos seus insultos contra mim, você realmente se importa comigo?

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