10

53 0 1
                                    

                  

CINCO HORAS. Estou caminhando durante cinco horas sem saber para onde ir. Serena me ligou umas trinta vezes e eu não fiz questão de atender nenhuma, apenas a rejeitava para deixar claro a minha frustração de que não estava interessada em ouvir suas desculpas. Vou chutando algumas pedrinhas pelo caminho e tentando achar um local onde pensar e ficar sozinha. Não liguei para Nathan, nem para Scarlett e principalmente para Wyatt, que não sei por qual motivo estou pensando nele nesse exato momento. Estou cansada de me preocupar com as pessoas e não estar sendo beneficiada em nada com isso, com exceção das feridas que elas deixam dentro de mim.

Percebo que estou em uma rua estreita perto do famoso Píer onde eu sempre costumava ir com meus amigos para passar a noite em volta de uma fogueira.

Como eu sentia falta desses tempos.

Quando vou atravessando a ponte de madeira sinto um vento gelado me atingir com muita força e logo ouço as ondas do mar bater sobre a madeira que sustenta o Píer. De noite, esse lugar, geralmente fica muito frio. Mas ultimamente o tempo tem sido indeciso, e sem que crie expectativas de um dia ensolarado, às vezes vêm dias cinzentos com chuva e uma frente fria.

Sei que não deveria estar aqui, é um lugar onde Wyatt não suportaria saber que resolvi aparecer sozinha, só que eu não me importo mais com o que ele pensa sobre tudo isso.

Ele mesmo quis se distanciar, então por que eu devo ficar me importando com o que ele pensa ou deixa de pensar sobre mim?

A verdade é que eu ainda o amo e infelizmente demonstro isso quando cruzo com ele pelos corredores da escola. Tento afastar esses pensamentos sobre ele e qualquer pessoa, e volto a me concentrar no barulho da água e as ondas se quebrando quando chegam perto da areia.

Vou me aproximando devagar ao perceber que não sou a única que venho aqui em um horário desses. As pessoas costumam estar aqui praticamente o dia todo e em noites de comemorações, nas barraquinhas de lanches e outras comidas típicas que inventaram de trazer para esse lugar, porém hoje é um dia nublado, e chuva e lugar aberto não fazem uma ótima combinação. Só que existem algumas pessoas que conseguem enfrentar a água pingando sobre a cabeça por meio das pequenas aberturas que existe no telhado de madeira do Píer. Tudo é feito de madeira. É um lugar agradável e eu o escolheria quantas vezes fosse necessário para fugir dos problemas e esquecer qualquer pessoa que ousou me decepcionar de alguma forma. Costumava vir aqui acompanhada por Wyatt ou Nathan quando Anna e Serena estavam brigando comigo ou questionando tudo o que eu fazia.

Coloco os meus dois braços sobre a madeira, me apoiando, e começo a olhar tudo em minha volta. Enxergo só água. Isso me traz um pouco de tranquilidade e então fecho meus olhos e começo a sentir o vento passear pelo meu rosto e tocar meus cabelos os fazendo voarem. Por um momento penso que estou superando a situação ocorrida, de Anna discutindo com Serena na minha frente. Nada mudou dentro de mim, a conversa ainda ecoa dentro da minha cabeça.

"Cartas? Que Cartas?"

"As que seu pai enviou anos atrás!"

Então deixo uma lágrima escapar e passo as costas da minha mão sobre meu rosto para enxugá-la.

- É lindo, não é? – Meu corpo se sobressalta, viro minha cabeça assim que ouço essas palavras saírem da boca de um rapaz que aparentava ser da minha idade.

Eu o olho com uma expressão de confusa, e sem saber o que responder volto a olhar para frente, em um ponto fixo, sem respondê-lo.

Será que estou sendo grossa em ignorar? Eu nem conheço ele.

Looking for OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora