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A casa está toda destruída. O fogo se alastrou e acabou com uma boa parte do andar de cima.

Ao me aproximar da multidão que está aglomerada em volta da casa, vou pedindo licença para que eu consiga passar. Meu corpo paralisou ao ver a cena. Loren está deitada em uma maca, com uma máscara de oxigênio, sendo levada até ao carro da ambulância. Os bombeiros estão apagando o resto do fogo que está ameaçando a voltar se alastrar.

Imediatamente meus pensamentos buscam algo de valor dentro da casa e me apresso em ir até lá, mas antes que eu chegue à varanda, um braço envolve minha cintura me puxando para longe.

- Me solta, eu preciso pegar uma coisa que está lá dentro! – O homem reluta ao não me deixar ir. – Me solta, eu já mandei você me soltar!

- Ei, pode deixar ela comigo. – Quando olho para o bombeiro, abaixo a cabeça para não ter que dar um tapa na sua cara de tanta raiva e desespero que estou sentindo. – Liv, você está bem? – Era Bradley.

- Eu preciso pegar uma coisa lá dentro, por favor... – Digo a ele, me entregando mais uma vez ao choro. Bradley, vendo o estado em que me coloquei, de repente mostra suas mãos ocupadas por uma caixa e por alguns instantes intercalo meu olhar entre ele e o objeto em suas mãos.

- Loren mandou entregar isso a você. – Ele diz por fim.

- O que aconteceu aqui? – Dessa vez volto a analisar a casa queimada, com imensas manchas pretas por conta do fogo.

- Eu acabei de chegar, estava voltando do trabalho quando recebi uma ligação de Amélia. – Amélia era a vizinha, uma grande amiga de sua família. Ela sempre estava disposta a fazer compras de Lorena para que a mesma não carregasse peso do mercado até a sua casa. – Estacionei o carro de qualquer jeito do outro lado da rua e sai correndo para ajuda-la, mas as ambulâncias haviam chegado primeiro.

- Você chegou a falar com ela? – Me esforço para não desmoronar novamente em sua frente. Preciso saber se Loren está bem.

- Na verdade, sim. Então foi quando ela me mandou entrar lá e salvar isso para você. – Ele volta a apontar para o objeto que agora está envolvido em minhas mãos.

- Obrigada. – Abro um sorriso generoso para ele que tenta retribuir, mas sei que no fundo está sofrendo e preocupado, assim como eu, com uma das pessoas que mais amamos. Tenho certeza que era mais uma das coisas que tínhamos em comum.

Bradley se ajeita procurando suas chaves no bolso da calça, enquanto passo meu polegar de leve pela caixa. Crio uma grande dúvida no meu subconsciente se devo abri-la agora ou quando eu estiver totalmente sozinha.

- Eu posso ir com você? – Pergunto determinada sabendo onde estava indo.

Ele olha para minha casa... Bem, para a casa de Serena e depois volta seu olhar para mim.

- Está tudo bem. Eu tenho mais crédito do que imagina para fugir daquela casa. – Reviro os olhos e sinto um nó na garganta ao lembrar-se do constrangimento que recebi mais cedo juntos com as palavras de Anna.

Por sorte, Bradley não pergunta nada sobre meu comentário áspero. O caminho inteiro vou em silêncio, encarando a paisagem que se forma através do vidro enquanto ele liga o rádio e começa a batucar os dedos no volante. Acredito que esteja mais nervoso que eu e decido por não perguntar o óbvio escancarado em seu rosto.

- Chegamos. – Ele diz me tirando dos meus pensamentos.

Abro a porta do carro no mesmo instante que ele e corro em direção à porta do hospital, tentando acompanhar seus passos. Na recepção a mulher diz para aguardamos no saguão, sem mais explicações, e vejo a impaciência de Bradley aumentar. Sem condições de discutir ou retrucar a grosseria da mulher, ele tenta se acalmar sentado em uma das cadeiras que estavam próximas a nós.

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