Sapatilhas da Máfia

Capítulo 7

Ouço o barulho do carro se movendo , sinto que dobramos algumas curvas e que paramos . Ouço duas portas batendo e uma outra voz de longe .

Pegue a cadeira e preparem a sala !

Meus olhos estão fechados e eu não posso olhar. Mas quero muito . Só uma espiadinha eles não vão perceber, mas se ele perceber e acelerar minha morte . Vejo que o carro se move e pelo balanço e sons de vozes de afastando, acho que ele saiu . Ouço grunhidos de dor dele se afastando , vozes bagunçadas chamando ele de ... Mestre? Porque mestre ? Ele é algum político , juiz ou algum cargo de respeito do estado ?

Até que tudo ficou mais longe , todo o barulho se afastou. Só uma fresta do meu olho se abre , ainda estou com a cabeça baixa. Abri mais , estou sozinha no carro . Abro mais e permito olhar mais dentro do carro , eles não estão aqui . Olho de lado e vejo que as pessoas se afastam e ele está sendo levado em uma cadeira . O que eu faço? Posso sair daqui ? Exploro mais com o olhar , o lugar é inexplicável, imponente, clean , tons suaves , aparência moderna , pessoas trajadas de paletó, outras de jaleco, pessoas atrás dele e atenciosos com ele . Até que todo mundo some. O que eu faço? Saio do carro ? Ninguém me mandou ficar ! Decido olhar, ver se mais alguém está perto . Ninguém. Resta apenas eu e meu carro em um lugar com várias casas e prédios, incrivelmente modernos e sofisticados. Onde eu estou ? Respiro fundo , mais uma vez permito o ar entrar. Mãos trêmulas e suadas . Olho para o teto do carro em busca de alguma alternativa para sair daqui. Lembro da frase da minha mãe: " coragem , Lua . Coragem!". Decido ter coragem e abro a porta do carro , lentamente e cuidadosamente . Coloco o pé fora do carro , meu coração não sabe quanto sangue bombear para me manter viva e sã, mas pelo pico de adrenalina , tem que ser muito . Outro pé para fora. Finalmente saio e fico deslumbrada com o tamanho de tudo aqui , parece uma cidade , um mundo , um lugar muito bem pensado, limpo e poderoso. Dou passos , mais passos e vejo que gotas do sangue do homem que há minutos estava no meu banco , está no chão fazendo uma trilha até seu destino final . Sigo as gotas, até parar em uma porta grande e preta. A dúvida de entrar ou não está na minha mente . Entro? Vou para o carro e fujo? O que eu faço?

Quando encosto na maçaneta, sinto meu corpo ser puxado. Foi tudo muito rápido, em questão de segundos, sinto um cheiro forte e tudo que vejo é a escuridão. A morte me encontrou.