Sapatilhas da Máfia

Capítulo 8

---------- Vincenzo Collalto Neri

Sentir cheiro de sangue é comum quando somos da máfia. Os gritos de dor são os que nos saciam e a própria dor é o gás da máfia quando nos deparamos com inimigos . Em toda Itália, em cada lugar que pisam o sangue que derramados já lavou cada pedra do país. Foi com dor e morte que minha família venceu grandes guerras e nos tornou a máfia mais poderosa de toda Europa e ,mundialmente, temida por todos . Olhar as pessoas da janela do 30° andar na calçada do prédio mais soberano de toda Itália me faz respirar poder . Vejo cada um passar como partículas que não nos acrescentam em nada . Meu terno extremamente alinhado e meu corpo exalam o poder do chefe do Don Collalto Neri . Minha família me criou uma arma letal. Desde criança , papá me entregou uma arma e me ensinou como matar rápido e como torturar. O meu olhar pode localizar cada artéria que circula o corpo de qualquer um , sei onde atirar e matar , onde vai doer mais e até onde vai causar maior inchaço . Mas não sou apenas morte , sou a imensidão de antimatéria que destrói toda matéria que ousa se aproximar . Nesse edifício comando o contrabando ilícito e tudo de mais sujo que a máfia faz , mas também comando as atividades lícitas que escondem os rastros . Deve ser por isso que as ordens do país nos teme , nunca deixamos provas e nunca deixamos quem fala o nosso nome vivo para contar história.

Senhor Collalto? Me permite entrar ? - A voz da minha secretária fala ainda atrás da porta .

Entre , Mikaella. - Tomo meu lugar na cadeira atrás de uma mesa de vidro do meu escritório, aguardando a entrada de Ella, como eu chamava durante minha infância.

A mulher de menos de 1,6 metros e cabelos pretos curtos e alinhados entra no meu escritório. Mikaella era minha secretária e assistente, tinha por volta de 50 anos , mas nunca quis se afastar dos trabalhos e da minha família . Ela era minha babá, cuidou de mim desde sua adolescência quando meu pai resgatou ela das ruas em uma situação deplorável , e depois que tudo virou de ponta cabeça, eu só confiei nela para ficar ao meu lado pela sua fidelidade a minha família. Volto a minha posição na cadeira e aceno para que ela fale .

É ... é que ... - a mulher se mostra ansiosa e nervosa na minha frente, me fazendo arquear a sobrancelha direita como questionamento do seu estado . Ela nunca ficava assim até tratar de assuntos que envolvessem... meus pais . Por momento ela percebe que eu entro nesse viés de pensamento e olha para suas mãos entrelaçadas.

O senhor Javier me ligou e disse que encontrou mais um capanga que pode ter matado seus pais , Enzo. - Ela diz em um sussurro , sei que ela sente ódio deles assim como eu .

Sinto meu corpo arder e meu olfato sente o cheiro férico do sangue .

Onde ele está? - rosno como um leão que tem seu território invadido .

No porão, senhor . Javier te espera .

Mikaella sabia o que fazíamos, até porque esteve na minha família desde sua adolescência e viu meu quando meu pai liderava a Collalto Neri, então ela já sabia que os piores demônios tinham sido sua il tuo famiglia e a famiglia é tudo que temos .

-Certo. Obrigada , pode voltar ao trabalho .

Uma coisa que aprendi desde pequeno é que nossas emoções nos atrapalham nas decisões, então , por mais que matar fosse bom, eu tive que aprender a matar da maneira correta, mais fria e sem compaixão. Levanto enquanto Ella se retira do ambiente. Confiro se minhas duas inseparáveis armas estão na minha cintura e se a reserva estava no sapato. Tudo conferido, hora de matar mais um , só que antes precisava tentar descobrir a verdade: quem matou meus pais. Saio pela minha porta e passo por onde a minha secretaria fica, na recepção logo na frente do escritório. Entro no elevador e coloco minha senha , ele era exclusividade minha, só sobe na minha sala quem tiver a senha e quem for permitido por Javier a chegar perto da porta no térreo , na garagem dos meus carros. Ao sair , Javier, meu segurança me espera e fazemos o processo de sempre . Entro no meu carro , o mais básico que você possa imaginar , preto, poderoso, com bancos brancos e que tinha sido personalizado para mim , ou seja, para minhas eventualidades, em outras palavras , ele era seguro para se dirigir . Mesmo assim , sei que uns dois carros de seguranças fazem a escolta logo atrás. Javier se posiciona no banco do passageiro e começa a disparar as informações sobre o verme que me espera.

O nome dele é Nicollas, 37 anos, residente de Roma . Ele foi mais um nome que conseguimos desde que prendemos Lázaro , o primeiro de todos, estava na lista telefônica dele também. Ele foi pego enquanto ia para a farmácia do bairro , mas ainda não abriu a boca para fornecer nenhuma informação.

Desde Lázaro, o primeiro a ser pego e que foi flagrado nas câmeras de segurança , vimos contatos que foram feitos minutos antes do atentado à minha família. Ele confessou minutos antes de eu partir o corpo dele ao meio, que eram os que estavam lá também . Já chegamos em cinco deles, mas nenhum fala quem foi seu mandante, apenas o nome dos que já foram mortos , ou de algum que ainda não saiu da toca que se esconde . Contamos com uma equipe especializada em busca e tecnologia, usamos máquinas que detectam os rostos dos procurados em qualquer parte da Itália . Se algum deles pensar em fugir , as câmeras detectam e vamos 'brincar' com eles e tentar extrair alguma informação . Faço questão de participar de tudo , todos que encontramos , eu matei e senti o sangue quente molhando minhas botas , que são descartadas logo em seguida com minhas roupas. Chego na mia città , ao me identificar e Javier comandar pelo rádio nosso código, entramos e nos dirigimos ao último quarteirão , a uma casa escondida pelas árvores . Paro o carro na frente e desço com a adrenalina me consumindo , a vontade de matar é ainda mais presente. Ao entrar me deparar com um circulo de seguranças e o verme no centro amarrado com correntes presas ao teto, o sangue ferve e aqui sou apenas o diabo. O homem poderoso se transforma em rei, em dor, em sangue , em gritos , em silêncio e no meu olho você pode ver o inferno que vou transformar a vida do meu próximo 'amiguinho'. Afinal, você nunca sabe ir ao inferno até eu te mostrar que aqui é o próprio purgatório e eu sou o proprio Lucifer.

Che i giochi inizino! Alicate , por favor, senhores.