Capítulo V

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Tyler despiu a camisa e atravessou o quarto em direção à varanda. A brisa morna esfriou seu corpo quente e o fez voltar à razão. Que diabos o possuíra para beijá-la?

Rolar no chão da sala de estar com uma sem-teto que recolhera na beira da estrada não era seu programa favorito para as noites de sábado. Normalmente podia ser encon­trado num requintado restaurante de Boston em companhia de uma elegante e linda mulher de sociedade.

Então, por que ainda arrepiava-se ao pensar em abraçar Emily? Não sabia nem mesmo seu sobrenome e, no entanto, sentia-se mais próximo dela do que de qualquer outra mu­lher com quem saíra.

Devia ser o clima da Califórnia. Desde que chegara à cidade, não fizera nada além de cometer bobagens. O que havia acontecido com o executivo de futuro promissor? Tro­cara o papel do bem-sucedido homem de negócios pelos de marido, pai, filho e assediado sexual de quatro mulheres malucas. Parecia que sua brilhante carreira na Connstarr desmoronava diante de seus olhos, e não havia nada que pudesse fazer para impedir. Não com Roxanne comandando o espetáculo.

Tyler suspirou, sentou-se na cadeira de vime e apoiou os pés na balaustrada da varanda. Isso não ia dar certo. Mesmo que Roxanne engolisse a história, por quanto tempo poderiam representar? Helga acabaria desfilando um de seus monstros de plástico no convés do navio, ou Carmen trairia o segredo dos sem-teto para algum passageiro bilíngüe. Sua vida estava uma bagunça... E o que Tyler Newroth faria depois de armar tamanha confusão?

— Vou para a Disneylândia — ele suspirou, levantando-se e arrastando-se até a cama.

— Pimentão ou presunto cru com abacaxi? — Tyler per­guntou, segurando a embalagem de pizza diante de Emily. Era tarde da noite, e estavam sentados no quiosque ao lado da piscina. Duas velas sustentadas por latas vazias de re­frigerante iluminavam a escuridão, criando uma atmosfera romântica.

— Para mim chega, obrigada — ela suspirou, jogando o guardanapo de papel dentro do prato descartável.

— Ah, vamos lá! Tive de enfrentar um telefone quente para servir essa refeição. E, depois do que aconteceu hoje, vai precisar de energia.

— Já estou bem melhor, obrigada — ela respondeu constrangida.

Jamais superaria a vergonha de ter enjoado a bordo do barco da Disneylândia naquela manhã. Transformara-se no maior espetáculo do passeio!

Tyler a ajudara, amparando-a e segurando sua testa en­quanto ameaçava virar do avesso debruçada sobre a balaustrada do barco. Por outro lado, Helga gritara com toda a força de seus pulmões para exigir que o grupo de pessoas à sua volta se afastasse e a deixasse respirar.

— Só mais um pedaço — Tyler insistiu. — Está preci­sando engordar.

— Não estou — Emily protestou, aceitando a pizza de pimentão.

— Está bem, não precisa engordar. Mas um pedaço extra de pizza não vai arruinar suas formas. Quase não comeu durante o dia todo.

— Porque não queria repetir o espetáculo do barco em Matterhorn. Helga teria me carregado para o hospital mais próximo antes que eu pudesse piscar.

— Essa é minha mãe — Tyler riu, servindo-se de mais um pedaço da pizza que pedira por telefone depois que Helga e Carmen haviam ido para a cama.

— Fiquei surpreso com seu mal-estar. A viagem de barco foi tão tranqüila! O rio estava calmo como um espelho.

Emily encolheu-se. Se ele soubesse o pavor que tinha de barcos e água! Ainda não tinha idéia de como enfrentaria o tal cruzeiro. Respirando fundo, disse a si mesma que seria capaz de atravessar o oceano numa canoa para ajudar Car­men e Helga.

Esposa Temporária (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora