Capítulo I

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Tyler Newroth ajeitou a gravata que amea­çava estrangulá-lo. A reunião não estava transcorrendo como esperava. Devia ser algum tipo de piada. Se, antes de sua transferência, alguém houvesse dito que sua chefe ficaria atraída por ele, teria ficado lisonjeado. Mas, se houvessem avisado que essa atração poderia tor­nar-se fatal para sua promissora carreira, teria rejeitado essa lucrativa promoção. Não estava disposto a ser seu brin­quedo. Tinha trabalho a fazer.

Roxanne Delmonico inclinou-se sobre a mesa de Tyler e fitou-o nos olhos.

— E então? — ela sussurrou. — O que está achando do novo emprego? A divisão Costa Oeste da Connstarr é ad­ministrada de maneira... um pouco diferente da divisão Cos­ta Leste.

Tyler havia percebido esse detalhe nos primeiros dez mi­nutos de emprego. Desde o instante em que entrara no novo escritório, três dias antes, fora literalmente perseguido pela tal Roxanne Delmonico, vice-presidente da divisão Costa Oeste das Empresas Connstarr e sobrinha de Denny Del­monico, proprietário da companhia. Em todos esses anos na Connstarr, jamais havia passado por situação semelhan­te. A divisão Costa Leste, em Boston, era administrada por um grupo de homens cheirando a cigarro, e nenhum deles jamais fizera jogos estúpidos com os subordinados.

Sim, Tyler decidiu, os nervos tensos como cordas de vio­lino, estava sendo vítima de assédio sexual.

— A atmosfera por aqui é mais... informal — ele respondeu.

Roxanne jogou a cabeça para trás e riu.

— Tyler, querido. Francamente, vai ter de aprender a relaxar um pouco se quiser adaptar-se por aqui. Vamos lá! Você é tão rígido!

Tyler conteve o desejo de rir. A mulher parecia ter saído de um desses filmes de segunda categoria! A situação seria engraçada se não tivesse a enervante sensação de que ela estava falando sério. Podia interpretar uma ameaça velada a quilômetros de distância. Aceite o jogo, Tyler, querido, ou... Era isso que Roxanne estava dizendo.

Relaxar. Sim, é claro. Justamente o que sua carreira pre­cisava. Uma noite com a chefe sedutora, e no dia seguinte estaria sendo promovido. Não, obrigado. Sua carreira era importante demais para prejudicá-la em troca de uma noite de diversão. Preferia progredir à custa do próprio talento e da reputação de excelente homem de negócios, não por ter conquistado uma presa fácil como Roxanne.

Ignorando seu silêncio preocupado, ela prosseguiu:

— Estive pensando... Como teremos de trabalhar muito próximos, acho que seria ótimo se pudéssemos nos conhecer um pouco melhor. Talvez no final de semana?

Por que não antecipara a pergunta?

— Bem, eu... — Tyler começou, buscando uma saída di­plomática. Era diretor nacional de contas da Connstarr, em­presa líder no segmento de informática, e não queria pre­judicar-se no terceiro dia na nova posição.

Por outro lado, se e quando fosse passar o final de semana com uma ninfomaníaca, teria de ser por escolha própria, não porque ela poderia demiti-lo se a rejeitasse, ou se não apreciasse seu desempenho. Não queria recorrer a medidas drásticas, mas, se ela continuasse pressionando, não teria outra opção.

— Posso responder depois? Roxanne riu.

— Sim, é claro. Mas não tem muito tempo. Não esqueça que hoje é sexta-feira.

Graças a Deus, Tyler pensou ao vê-la cruzar as pernas sobre a mesa e jogar os cabelos dourados para trás.

— Por que não experimentamos meu presente de boas-vindas a Los Angeles? — ela murmurou.

Esposa Temporária (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora