Tyler fechou os olhos contra a onda de frustração que o fez pensar em atirar a chefe ao mar.
- Olá, Roxanne - resmungou, incapaz de disfarçar a irritação. Talvez tivesse sorte e ela decidisse pular do navio. Ou caísse morta. Não fazia diferença, desde que pudesse retornar ao êxtase dos braços de Emily.
- O que estão fazendo aqui? A festa é lá dentro. - E segurou o braço de Tyler. - Acho que seria uma boa idéia se dançássemos uma música. Sabe como são essas reuniões de negócios... Não se importa, não é? - E virou as costas para Emily sem esperar pela resposta.
- Não? - ela repetiu atordoada, procurando a resposta nos olhos do marido.
Tyler suspirou aborrecido ao ser arrastado para a pista de dança. Como poderia recusar sem ser rude? Sabia que parte de sua irritação era contra ele próprio por permitir que essa mulher arrogante e inconveniente arruinasse sua vida. Com ou sem futuro profissional, já era hora de levantar a cabeça e ter uma conversa franca e séria com sua chefe. Segunda-feira de manhã, quando voltassem ao escritório, poria um ponto final nesse suplício. Até lá, pelo bem do pobre tio Denny, continuaria sendo tolerante.
Virando-se para Emily, forçou um sorriso e disse:
- Volto já. Não esqueça... onde paramos.
Quantas músicas eram necessárias para cumprir o papel do subordinado gentil? Sentada no convés, Emily ouvia os acordes de mais uma melodia romântica e suspirava. Uma estranha melancolia a invadira, fazendo-a sentir-se sozinha no mundo. Lá dentro, os membros da Connstarr riam e divertiam-se.
De certa forma, havia sido muita sorte terem sido surpreendidos por Roxanne, pensou, tentando compreender seu relacionamento com Tyler. O que estava acontecendo? Por que não conseguia manter-se emocionalmente distante? Já desenvolvera outras pesquisas sem envolver-se.
Suspirando, viu os últimos vestígios do sol desaparecendo no horizonte e sentiu-se perdida em dúvidas.
Sempre havia sido capaz de dedicar-se às causas dos mais fracos, mas Tyler Newroth tocara seu coração de maneira muito diferente. De um jeito que jamais conhecera em toda sua vida. Uma maneira que só podia classificar como... amor. Rindo, Emily pensou na ironia da situação.
Quantas vezes havia jurado à irmã que estava apaixonada? Amor verdadeiro. E quantas vezes enganara-se? Encolhida, pensou em Erica ocupando seu lugar na Califórnia, perto de Will Spencer. Enquanto pesquisava os sem-teto, Erica perdia o verão fingindo ser a irmã, só para que Will ainda estivesse disponível quando voltasse para casa.
E, agora, como conseguiria dizer a Erica que não amava Will, e que depois de conhecer Tyler Newroth, tinha certeza de que jamais amaria outro homem? Erica provavelmente a mataria.
Era irônico, mas o único homem por quem realmente apaixonara-se era exatamente o único que nunca se interessaria por uma sem-teto que resgatara na estrada. O único herói de verdade nesse mundo frio. Um homem que recolhera três pessoas necessitadas. Sentindo-se perder algo que nunca tivera de verdade, Emily respirou fundo e tentou conter as lágrimas.
Isso era ridículo. Lá estava ela, lamentando por algo que nunca havia existido além de sua imaginação. Tentando livrar-se da angústia e lembrar por que estava nesse navio, levantou-se e virou-se para o horizonte. Ao ver uma estrela solitária, fez um pedido desesperado. Se fosse atendida, Helga e Carmen nunca mais voltariam a passar fome.
Quando Emily voltou ao salão, Helga conduzia uma fila de conga pela pista de dança. Suando e rindo, Denny Delmonico seguia agarrado à cintura da mãe de Tyler e jogava sua dignidade ao mar.
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Esposa Temporária (Completo)
RomanceSolteiro procura... Tyler Newroth, um executivo em ascensão, era o relutante objeto do desejo de sua nova supervisora. Mas Tyler teve uma ideia que poria um fim nas investidas de sua chefe. Uma arma secreta boa demais para ser verdadeira... Esposa i...