Capítulo 10

38 8 7
                                    

     - Bem garotada, a aula acabou. Andem logo, para não se atrasarem para a próxima aula devida de vocês. - O professor de Educação Física diz.

     Bem... ok. Matthew me escolheu para seu time. E não escolheu Isa quando pode escolher. Eu não consigo entender esse cara. Ele gosta de Isabela. Mas esta mantendo ela afastada.Ele esta com medo de falar com ela? Ou o ato de me escolher foi apenas uma tática de jogo? Já que para seu time ele escolheu mais meninos do que meninas?

     Realmente eu não sei. Vai saber o que se passa na mente daquele rostinho bonito. Acabou que o time em que eu estava ganhou por diferença de quatro pontos. vou ate a cadeira da arquibancada e pego minha mochila e a coloco sobre meus ombros. Vou ate Isabela e e fico ao seu lado.

     - Mandou bem. Seu time ganhou. - ela diz.

     - Mas a maioria dos pontos foi o Matthew quem marcou - digo.

     - De qualquer modo ele não teria ganhado se não existisse o resto do time. - diz Isabela.

     - Pode ser. - Suspiro - Vai se trocar?

     - Sim. Te vejo na hora do almoço, ja que não temos a mesma aula.

     - Ok.

     Coloco as duas alças da minha mochila em meus ombros e ando até o banheiro masculino em cima da arquibancada, que geralmente quando tem jogos de basebol ou futebol americano fica lotada. Chego na porta e tiro o short branco e os tênis que uso para praticar esportes. Ficando apenas com a minha cueca box e a camisa preta. Não tem ninguém aqui e sinceramente, demora muito trocar de roupa em um desses cubículos apertados. Além do mais, todos os meninos se trocam na frente um do outro. Por que... bem, o que teríamos para mostrar?

     Ergo a mochila na minha mão esquerda, procurando a calça preta e o al star. Deixo a mochila cair, assustado quando vejo a porta do banheiro se abrir. E ele ali. Mas... o que ele está fazendo? Esta me seguindo? Por que? Ele está com raiva de mim por estar falando com sua irmã? O que ele quer? Bem... se ele tem raiva, então não demonstra.

     - Oi - ele diz

     - Oi. - Digo, notando que talvez não tenha nada de mais em sua vida. Ele veio trocar de roupa. Fui tão patético em julgar. Mas bem... ser pego no banheiro, apenas de cueca e uma camisa de caveira é algo constrangedor. Principalmente quando é esse cara que chega. Ele fica me olhando, me analisando de cima abaixo e então da de ombros, vai para a frente do espelho checar sua aparência e retira o short que usa, o substituindo por uma calça azul.

     Dou de ombros e coloco o jeans escuro.

     - Você jogou bem hoje. - Me deparo com ele falando comigo. Não pensei em uma atitude dessa, vindo dele. Por que... cara, ele estudou aqui na mesma escola que eu por um bom tempo. Por que só veio falar comigo agora?

     - Mas a maioria dos pontos foram seus. Deve se sentir orgulhoso disso. - Digo

     - Por que sentir orgulho Igor? Isso foi um jogo simples, em uma matéria de escola? O que tem de mais? Não foi uma competição nem nada. - Ele diz.

     - Bem... muitos garotos se gabam da quantidade de pontos que fazem. Não sabia que você seria diferente. - Digo

     - Existem pessoas diferentes pelo mundo todo. Isso é normal. Ainda mais, o time não era composto apenas por mim. Eu não conseguiria jogar sem os outros. Muito menos sem você. - Estreito os olhos e olho para ele.

     - Eu era apenas um pião em jogo de xadrez. A pessoa importante mesmo é o rei. No caso, o rei era você. - Bocejo.

     - Mas, no xadrez, ambas as peças tem que proteger o rei. Se o rei fosse realmente potente quando é importante, poderia andar várias casas e nao teria que ser protegido pelos outros. O que torna o resto das peças tão importante quanto ele, pois se não, ele poderia se proteger sozinho e acabar com o as peças adversárias, não é mesmo? No caso, sem o resto do time, eu não existiria. - Matthew da de ombros.

     - É, mais no caso, não podemos comparar isso com xadrez, ja que no jogo que jogamos, foi você quem marcou quase todos os pontos. E um rei no jogo de xadrez não pode derrubar tantas peças, sendo sempre protegido para não fixar em xeque. - Comparo. Não acredito que essa conversa partiu para xadrez. Estavamos jogando vôlei.

     - Mas olhe só. A maioria dos pontos que fiz, foi com o passe que os outros deram, eu apenas mandei a bola no chão. Nisso que o vôlei se encaixa com o jogo listrado. O rei precisa ser protegido pelas peças de seu exército. E eu precisei de seus lances para mandar a bola para o outro lado. Não são jogos muito opostos se prestar atenção. O que no caso, na minha opinião todos que eram do nosso time foram reis. Assim também como todos do jogo de xadrez são ao proteger aquela simples peça. Mas claro... não são reis no contexto do jogo, ja que cada um representa algo. Cavalo, Torre, Bispo, Pião, Rainha... E por ai vai. - Ele diz

     - Sério mesmo que estamos falando disso? - Questiono, enquanto coloco o al star Preto e amarro os cadarços.

     - Queria o que? Que falassemos de quantas meninas pegamos, assim como os outros garotos falam? Sério mesmo, que você Igor, quer falar disso? Ficar se esbanjando assim é tão estúpido. Não precisa de algo assim. - Ele mais resmunga do que fala. Não posso deixar de notar, quando vejo ele subir a calça e fechar o zíper, não mostrando mais a cueca vermelha que usa.

     - É claro que não quero falar sobre algo assim. Não sou como esses caras galinhas. Só... bem... Estávamos jogando vôlei. Pensei que falariamos algo relativo com o esporte e não um jogo dessas peças.

     - Ambos esporte você tem que pensar, mas no xadrez é preciso usar a mente. Muito, na verdade. Pensei que gostaria de falar sobre isso. É um garoto diferente dos quais eu conheço. Por isso gosto de você. - Ele diz, levantando a mochila.

     Não acredito. Ele... Ele está se aproximando de mim por que sou um cara legal? Não sou legal. Nunca fui. Mas... talvez seja isso que ele vê. E por isso está se aproximando. Não por que eu estou andando com Nina.

     - Não sabia que você gostava de mim. - digo.

     - Achou que eu estava tentando falar com você por que? - ele pergunta

     - Nada. - digo

     - Tudo bem.

     Ele coloca a mochila sobre as costas, mas o zíper dela está aberto, e de dentro dela cai uma garrafa, cheia com um líquido Verde. Um líquido que chega a ser até viscoso. Parece que ele bateu uma árvore em um liquidificador e colocou naquela garrafa. Me agacho e pego a garrafa.

     - O que é isso? - pergunto, analisando a garrafa.

     - Nada... é... - ele pega a garrafa da minha mão - É suco detox. Alface... rúcula, gengibre. Para emagrecer.

     - Por isso é tão viscoso - olho para o corpo dele, e mesmo sendo menino, não consigo deixar de notar como é perfeito - Sabe que não precisa disso não é?

     - Preciso sim. Preciso emagrecer. Nina entrou nessa comigo, então ela está tomando dessa belezinha também - ele diz.

     - Posso tomar um pouco?

     - Não!! - Ele diz rapidamente e me assusto com o tom em que diz - É muito ruim... é um pouco amargo. Você não vai gostar.

     - Então está bem - sorrio e dou de ombros. Ele sorri também. - Acho que não iria realmente gostar do gosto. Bem... Vamos. Já estamos atrasados - Digo.

     Saímos do banheiro e caminhamos pelo corredor. Matthew parece ser muito legal. Eu realmente me enganei muito seu respeito. Eu ainda não descartei a hipótese dele gostar de minha melhor amiga, mas talvez pudéssemos ser amigos também. Ele não é ruim. É um simples adolescente como eu.

Não Confie Em MimOnde histórias criam vida. Descubra agora