Em meio a uma densa floresta, com árvores enormes com folhas pontiagudas se sobrepondo umas sobre as outras vagava sozinho um menino.
Ele era um Karee com apenas dezessete ciclos, e estava muito ferido. Não é atoa, afinal ele estava só a quase um ano, e em um lugar como Antrax isso pode significar a morte.
O nome do menino era Dippel. Ele passou mais cinco dias andando perdido pela floresta até quase desmaiar de cansaço.
Essa era a rotina de Dippel, ele andava até cair cair de sono, quando sentia fome ele matava algum animal e comia. Não era muito efetivo já que a maioria dos animais eram mais fortes que ele.
Mas naquele dia, no vigésimo quinto dia do 201° ciclo depois da lei( D.L se refere a lei que decidiu criar as crianças Karee em laboratório) essa rotina mudou Dippel teve que parar a caminhada eterna, em busca do que nem ele mesmo sabia o que era, pois na sua frente estava uma pirâmide enorme. Em meio aquela floresta densa e a neve estava um templo Karee com milhares de anos.
Ele não sabia muito sobre as crenças antigas, só sabia que era um templo feito pelos Karee. Ele decidiu subir a longa escadaria e dar uma olhada no templo.
No entanto durante a subida Dippel desmaiou de exaustão. Quando ele acordou ele estava deitado em algum tipo de catacumba que mais lembrava uma estante para se pôr os mortos. Os ferimentos estavam enfaixados e tinham parado de doer por causa da infecção.
-Quem fez isso?-Ele se perguntou.
Preocupado ele saltou daquele lugar e começou a espreitar o templo escondido. Não muito longe dali ele viu um velho senhor sentado em posição de yoga no meio de um pátio do templo.
-Já está de pé?-perguntou o velho senhor- Você devia descansar garoto, é incrível ter sobrevivido a selva, não desperdice sua vida com teimosia.
-Quem é você?-perguntou Dippel- E o que é você? Se parece com um Karee, mas também se parece com um Lamahk.
- Ei que falta de educação. Devia tratar melhor o seu salvador. Mas você está certo, eu não me apresentei.
Meu nome é Zeta, eu vivo isolado nesse templo a muitos ciclos. Você também têm razão sobre eu me parecer com um Karee e com um Lamahk. Eu sou um híbrido.
- Que? Mas nós não somos compatíveis, não podemos nos reproduzir com os Lamahk.
- Os Karee contam mentiras também, sabia? Tudo para manter a espécie pura e o "progresso" que tanto desejam. Agora me diga quem é você.
- Me desculpe também. Meu nome é Dippel, meus pais e eu fomos enviados a um campo de concentração porque eu fui concebido naturalmente. Todos foram mortos, mas eu fugi e estou andando por ai sem parar a quase dois ciclos.
- Naturalmente, né? Mas o que você procura?
- Que?
- Para andar tanto você deve procurar algo. Vingança?
- Nah, não adiantaria me vingar. Me vingar de quem afinal? Dos Lamahk canibais que mataram minha familia? Do Governo que nos prendeu e nos enviou para aquele maldito fim de mundo? Das pessoas que entregaram meus pais as autoridades? Eu poderia tentar e até conseguir, mas isso não me traria paz.
- Quantos ciclos você tem menino?
-Dezessete ciclos.
- Caramba é realmente inteligente. Mais que um Karee normal, mas isso não tem nada a ver com a forma como você nasceu e foi criado. Eu pensei em uma coisa agora, e se eu te treinasse.
- Treinasse pra que?
- Você pode usar suas habilidades para fazer o que quiser. Mas acredito que você é bom, posso ver na sua aura.
- Aura?
- Sim, todas as coisas emitem uma aura, os objetos emitem uma aura fraca, no entanto ela pode ser fortalecida por exemplo com os sentimentos de seu criador ou de seu dono. Um ursinho de pelúcia que uma criança sempre carrega possui uma aura mais forte que uma pedra comum, e mais importante uma aura boa. Na antiguidade quando forjavam uma espada ela absorvia a aura do ferreiro. Se ele tivesse más intenções ela se tornava uma espada maligna.
- E o que isso tem à ver?
- Calma. Os seres vivos possuem uma aura muito mais forte pois eles possuem alma.
- Pensei que os cientistas Karee haviam provado que não existe alma.
- Ah Dip, existem mais de mil formas de negar a verdade, mas ainda assim ela é a verdade.
- Hã?...Dip?
- Vê aquela caneca ali na mesa?
- Sim.
- Não, não vê.
- O quê? É claro que eu vejo.
- Você é cego e por isso não vê.
- Vejo sim, isso por acaso é uma metáfora?
- Não você está mentindo, não pode ver a caneca.
-Eu não sou cego.
- Então não vê porque não existe caneca.
- É claro que existe ela está bem... ali. Ué cadê a caneca?
- Viu? Negar a verdade é fácil, existem mil formas de fazer isso. Mas a verdade se torna tão óbvia que só não à vê quem não quer, isso é negação. Negação leva a ignorância o que leva ao ódio e desespero, e ódio e desespero levam a destruição. Eu destruí a caneca sem você ver.
- Entendi a metáfora, mas como você destruiu a caneca tão rápido?
- Os seres vivos possuem uma aura poderosa e é possível aprender a manipulá-lá. É impossível para a maioria das pessoas mas um em um milhão consegue com anos de treinamento. Mas a sua aura é poderosa menino, acho que posso te ensinar a usá-lá. Você é como uma montanha de ouro, é extremamente valioso mas se não for cavado nunca será descoberto.
- Mais metáforas, tudo bem. Eu gostaria de treinar e aprender a usar esse poder.
- Então vamos começar!
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Antrax
Science FictionEm um mundo distante, um menino é concebido ilegalmente. Por isso ele é caçado e sua família é condenada severamente. No entanto ele consegue aliados e parte em uma jornada em busca de mudar esse mundo. (Quem puder de uma olhada no meu outro livro t...