Johane e Karl

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Enquanto voltavam para o hotel, levando a marmita de Johane, Dippel explicou melhor em que situação os dois realmente se encontravam. Subindo as espadas ele explicou que eles precisariam treinar muito por pelo menos um mês, mas eles tinham no máximo duas ou três semanas.
- Mas porque só isso Dip?
- Se passarmos muito disso a Johane provavelmente morrerá.
- Cale a boca seu desgraçado!- Gritou Karl.- Não fale uma coisa dessas, muito menos assim tão calmo.
Karl segurou no braço de Dip e seguiu gritando mais ainda e com os olhos cheios d'água:
- Nunca mais repita isso! Ela... ela é tudo o quê eu tenho Dippel, se eu perder ela eu ficarei só. Se eu... se eu não puder salvar ela de uma maldita doença que têm cura, como eu vou curar o mal desse mundo? Como eu poderei libertar as pessoas desse governo de merda? Se eu não puder nem ao menos salvar quem eu amo como eu vou salvar todos os outros?
- Ele está certo Karl-. Disse Johane que estava de pé na porta e havia escutado a maior parte da conversa. - E você sabe disso.
- Johane você está de pé? Volte para a cama, você sabe que têm que descansar.
- Você é tão fofo Karl, e nem sabe disso.
Dippel sorriu vendo aqueles dois. A maneira como Karl se importava com Johane, a maneira que ela falava com ele. O apreço e o carinho entre eles o levou a dizer uma frase que quase o condenou a morte.
- Awn, vocês são um casal tão fofo.
- O quê?- Gritou Karl desesperado procurando palavras para se expressar. - Nós não somos um casal, de jeito nenhum? Nunca seriamos.
- É, pra mim ele é um irmaozão-. Afirmou Johane abraçando Karl.
- Sério?- Perguntou Dip.- Mas pra mim parecia que...
Dip olhou para Karl enquanto falava. O olhar assassino de Karl o fez parar, a aura maligna havia voltado para Karl. Estava muito mais fraca, mas ainda era visível para Dip e, o pior, ele podia sentir uma mistura de raiva e intenção assassina.
- Deixa pra lá.- Afirmou ele olhando para Karl.
Eles entraram e começaram a conversar sobre como seria o treinamento para se prepararem para a próxima luta. No entanto Dippel não conseguia parar de pensar naquela energia maligna. Ela já tinha passado e a aura de Karl estava normal, mas mesmo assim.
- Será que ele é mau?- Pensou Dip.- Existem vários tipos de aura, que variam de pessoa para pessoa. Mas é fácil dividir essa energia em dois grandes grupos, a força maligna e a força natural. A força natural existe em todas as coisas, ela é o que mantém o universo equilibrado e estável. A força maligna faz de tudo para corromper a força natural, para tirar o equilíbrio e causar o caos. Mas ela é necessária, e tanto uma como a outra estão presentes nos seres racionais. Isso não se refere a caráter, pois todos são maus, só precisam do motivo certo para despertar essa maldade, ou então para controlá-lá. Seria possível ele possuir uma aura maligna tão forte e ser bom mesmo assim?
- Dip?- perguntou Karl.- Dip!?
- Hã? Me desculpe o que você disse Karl?
- Porque você está tão tenso?
- Ah não é nada.
- Eu vou ter que sair, você danificou meu machado a laser na batalha e eu vou procurar um conhecido meu que pode concertar.
- Certo, vamos lá.
- Não.
- O que? Porque?
- Você deve ficar com Johane, ela tem estado muito sozinha e eu quero que você faça companhia para ela. Só não vá falar nenhuma besteira.
- Tá legal. Pelo menos eu e ela vamos poder nos conhecer melhor.
- Cara pra você o copo sempre está meio cheio?
Karl saiu pela porta. Dip sentou-se ao lado da cama de Johane. Na verdade era a primeira vez que ele ficava sozinho com uma garota. Dip se sentia estúpido por estar nervoso só por causa disso, mas ele não conseguia evitar o sentimento.
- E então Dippel, Karl confia muito em você certo?
- Sim. Isso é meio estranho já que nos conhecemos a pouco tempo. Mas eu também confio nele.
- Ele... olha não conta pra ele que eu te perguntei isso hein. Ele falou de mim?
-... Wow, você está apaixonada por ele.
- O quê? Ele te falou isso? Ele sabe disso?
-Não, não e não. Você muda quando fala dele. O seu coração acelera batendo forte, você sorri, sua respiração muda um pouco...
- Caramba, como você percebe essas coisas?
- Eu devo ter sentidos aumentados ou algo assim.
- Então... Você sabe se o Karl também sente algo por mim?
- Será que eu devia falar?- pensou Dip.- Hm... Talvez.
Os olhos de Johane se encheram d'água. Dip se sentiu culpado, e ao mesmo tempo sentia alho novo. Ele nunca Tonha sentido aquilo. Era como se ele quisesse acolher e ajudar ela, um sentimento conhecido por muitos como compaixão.
- Johane ele...- Dip tentou se lembrar de alguma descrição rapidamente.- Ele te ama como se ele quisesse você como par sexual para a vida toda.- Ufa, os livros de biologia do velho vieram bem a calhar.
- Hã? Par... Como assim? Explique isso melhor.
- Você sabe, quando um macho e uma fêmea decidem manter uma relação reprodutiva até morrerem.
- Isso quer dizer... Um casamento?
- O quê é isso?
- O quê? Você não sabe o que é um casamento? De onde você veio?
Os dois conversaram por um bom tempo. Johane tentava explicar sobre relacionamentos e Dippel tentava explicar o porque da ignorância dele.
- Então você quer dizer que ele me ama, mas nunca vai falar nada porque teme não ser correspondido e acabar estragando nossa relação de "irmãos de consideração".
- Exatamente. Você finalmente entendeu, só não
Fale para Karl que eu te avisei sobre isso. Tenho a leve impressão de que ele tentaria me matar.
Já era noite quando Karl retornou. O machado estava concertado. Os três dormiram cedo pois tinham que acordar cedo para treinar. Eles tinham pouco tempo, mas agora Dippel também estava empenhado em salvar Johane.

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