Dia 8 - Domingo, 5 de Janeiro de 2020

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Tremor! Vejo o helicóptero sofrer um ataque, interrompendo uma conversa sobre o futebol, que a tempos não viamos. A alegria de uma nação sumira com o nascimento da guerra. E logo descobrimos que o helicóptero havia acabado de sofrer um leve ataque de muitos atiradores abaixo de nós. Estavamos sendo alvos de muitos tiros, que causavam danos ao nosso transporte. O piloto começou a nos pedir para colocar o paraquedas e nos prepararmos para uma eminente queda. Algo em minha cabeça diz: pula! Corro até a porta e falo:
-Está na hora de pularmos! Mas vejam pelo lado bom, a vidta do sol nascendo está linda! Hoje é um ótimo dia para morrer!
E assim eu pulo, esperando que atrás, venham todos meus companheiros, inclusive meu filho. Logo vejo eles caindo em queda livre pouco antes do helicóptero receber um tiro mo motor, causando sua explosão e queda! Puxamos o paraquedas, e plainamos no ar, enquanto torcemos para não recebermos tiros do exército logo abaixo!
Quando pousamos, ainda em vida, somos cercados por soldados dos Espartanos. Todos nos apontam as armas, e uma vóz feminina grita ao fundo:
- Se rendam, pois assim salvarão suas crianças e familias, suas culturas e paixões, suas casas e suas paisagens, seus rostos e suas vidas! - De repente aparece Sofia, fardada - A escolha é de vocês! Quem quiser, largue sua arma e venha até aqui! Quem não quiser, ou se mate agora mesmo, ou deixe que nós o fazemos!
E assim eu fui até o encontro dela largando minha arma, e escutando ao fundo, alguns tiros! Olho para trás e vejo a mancha de sangue cobrir meus companheiros, e o olhar de meu filho vidrado em mim antes de seu corpo ficar frio! Sofia então me abraça, e sinto uma agulha no pescoço que faz minha vista escurecer...

Acordo assustado ao lado de meu filho! Ele me avisa que estamos pousando em Brasilia, prestes a iniciar o combate a uma tropa dos Espartanos que reside provisóriamente na Asa Norte da cidade. De longe avisto a bandeira deles ao vento, no alto de um prédio! Sendo assim, nos damos as mãos dentro do helicóptero, para entoar palavras que podem vir ser nossas últimas, numa espécie de rotina antes de um confronto:
- Queremos senhor, que nesse dia sejamos protegidos, que sejamos guardados pela nossa sorte e pelo seu amor. Que a justiça prevaleça nessa guerra, e que se nos tornemos mal nossos corpos queimem com os tiros de nossos inimigos. Amém. - entoô um soldado à minha direita.
- Amém! - todos responderam.
- Harakiri... - disse meu filho, dando sequencia a um coro muito bem ensaiado.

"Nós somos os pássaros do dia
Decidindo voar contra o céu
Dentro de nossos sonhos, todos nós acordamos
Para beijar os que nasceram para morrer

Nós somos os bandos acinzentados
Ferindo uns aos outros com nossas vidas
Dentro de nossos sonhos, todos nós acordamos
Para beijar os que nasceram
Nasceram para morrer, nasceram para morrer

Os peixes-tambores
Eles se encalharam em harakiri
Os pássaros negros
Eles caíram em milhares do céu
Suas asas vermelhas
Escorrendo abaixo dos mares mais altos
Defletidos pelo chão
Eles coroaram o sol"

Sendo assim, o helicóptero pousa em um edificio usado como base militar em Brasília, a poucos quilometros da primeira edificação tomada pelos Espartanos da qual temos consciência. De onde estamos vejo a bandeira no alto do prédio base dos Espartanos, acompanhado de algo... Percebo que não será um confronto justo. Precisos tirar meu filho desse risco eminente. Corro em direção a ele e escuto o som que eu temia!
Sangue voando a minha frente. O olhar que eu virá nascer dá lugar a um buraco. A bala se aloja na parede. Corpo ao chão.
O nosso batalhão de ataque acabara de descobrir que estamos sendo atacados. Voltamos ao helicóptero, mas antes pego o corpo e o carrego até o nosso transporte. Preciso dar um final digno ao meu filho. Um filho tão inteligente. Um filho tão dedicado. Um filho tão preocupado com o bem da familia. Um filho que outrora fora tão caloroso. Um filho que agora está tão frio...

Diário de guerra de Albert KnoxOnde histórias criam vida. Descubra agora