Dia 9 - Segunda-feira, 6 de Janeiro de 2020

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Abra os olhos para me ouvir.
Ouvir também o brilho das estrelas.
Abra a mente para ver,
o cheiro de não entender.

Uma mente cega não pode ouvir,
E com isso não sabe processar.
Se meu toque você ouvir,
Não verá nele meu ato de te amar.

No doce limão está a resposta,
Do fato da obscuridade brilhar.
E na minha voz brilhante e doce,
O motivo de essa lágrima derramar.

Acorde e perdoe os limões que a vida te deu,
Pois as almas que mais odeiam, nasceram para amar.
Use-os e faça uma limonada,
E sobre a brilhante escuridão deixe-a se derramar.

Acorde!!!!!!!

Olhos abertos enfim. Cobertos das lágrimas que teimam em cair. Levanto-me dentro do helicóptero, aos prantos pelo corpo à minha frente. Meu filho fora assassinado, e agora seu corpo jaz na minha frente, com um buraco profundo onde seu olhar esquerdo deveria estar. Agora, no lugar do olho dele está o buraco onde a bala decidiu passar. Suas ultimas palavras foram de uma música que ele amava e poucos sabiam disso, pois aquele coro que formamos, trazia a letra da música Harakiri. Agora meu filho coroava o Sol, morto ao lado de Sofia.
  Me apoio sobre o corpo e vejo que ele sofrera também outro tiro, na região do coração. Por uma sorte que acabou por não lhe salvar, a bala parou no colete. Tiro do colete a bala e analiso-a...
  A raiva me consome, pois a bala era exclusiva de uma arma brasileira, cuja fabricação era exclusiva do exército. Aquela bala veio de uma arma de nosso exército. Vejo a numeração e comparo-a com a de minhas balas. As minhas eram A-99, enquanto aquela trazia consigo a escrita A-98, que fora dada ao soldado que recebeu sua identificação bélica antes de mim. E esse soldado era um homem que a partir de agora acabara de assinar seu atestado de óbito, junto ao seu passaporte para o inferno...
  Ao sobrevoar um rio, peço que o piloto estacione no ar acima do rio. Pego o corpo de meu filho e atiro-o a água, pois agora é ele que está sendo defletido pelo chão, enquanto se junta aos mortos. Sendo assim prosseguimos com o vôo no caminho de volta.
  Ao chegar lá, o cenário era o pior possível, pois havíamos sido atacados em nossa base principal no país, e a aproximação a quilômetros de nosso helicóptero foi hostilizada e nos obrigou a bater em retirada. Lá embaixo, corpos ao chão pintavam um quadro com as cores das fardas e o vermelho dos sangues espalhados. Alguns formavam um grupo de prisioneiros dos Espartanos, e eram obrigados a decidir entre se render ou morrer. Partimos rumo ao desconhecido e tento, junto ao piloto, entrar em contato com qualquer base brasileira. Descubro que nenhuma delas apresenta sinal de vida. Aparentemente, todas sofreram ataques, causando o que temíamos o fim do Brasil sob um regime político e o inicio do Brasil Anarquista. Entramos em contato com a central da aliança nos Estados Unidos pedindo um boletim informativo, que nos é enviado:

6 de Janeiro de 2020.

Situação de Guerra da Aliança.

· Logo pela manhã as bases remanescentes na Alemanha foram atacadas, causando a extinção de uma resistência nossa em terras alemãs.
· Pouco depois Japão e Estados Unidos sofreram com ataques simultâneos que além de enfraquecer ambas as resistências, acabaram por causar medo em outras nações que resistem. Porém ambos mantêm ao menos uma base intacta em seu território: San Francisco nos Estados Unidos e Kyoto no Japão.
· A Itália foi a nação seguinte a sofrer ataques e acabou por ter sofrido não só um ataque, como um massacre no qual todos morreram de forma brutal mesmo após a rendição.
· O Brasil acaba de receber uma série de ataques que mata praticamente todas as unidades restantes.
· As seguintes localizações são as restantes para que vocês recebam o apoio necessário.
· Base Aérea Edwards: 34°54’53.40”N  117°53’22.97”O
· Base Aérea Iruma: 35°50’30.26”N 139°24’40.12”E

Com isso o piloto define como nosso destino a base Aérea de Edwards, para que possamos pousar e receber os cuidados devidos. Decidimos então entrar em contato com a base Edward, para saber de mais informações.
- Kilo Xray Golf Alpha Golf para Base Aérea Edwards na Califórnia. Somos soldados brasileiros sobreviventes ao ataque recebidos pelos Espartanos.
  -Olá, sou Hans-Thomas. Operador de rádio da Base Aérea Edwards, natural de São Paulo. Por favor, informe o código bélico de um dos soldados presentes! Também indiquem quantos soldados permanecem vivos dentro da aeronave.
  - Sargento Albert Knox, Forças Armadas Brasileiras. Código Alpha Nine Nine nacional, código Kilo Nine One Nine. São sete sobreviventes, adicionado o piloto.
  - Por favor, indique as informações que necessitam!
  - Queremos informações sobre possíveis sobreviventes brasileiros após o ataque sofrido nas bases remanescentes em São Paulo e Brasília.
  - Helicóptero Zulu Alpha Hotel Xray Yankee também voa com sobreviventes em direção a Base Edwards, com informação de que 5 sobreviventes permanecem no helicóptero.
  - O General Eduardo Knozzi, de código bélico nacional A-98 está presente nessa aeronave?
  - Sim, ele é a patente mais alta na aeronave.
  - Mais alguma informação de guerra?
  - Aparentemente o Japão está sofrendo outro ataque organizado. Dessa vez é um ataque de proporções maiores, onde os territórios restantes da antiga Ásia se uniram em ataque.
  - Muito obrigado. Desligando.
  - A sua aeronave está próxima a nossa base! Querem permissão para pouso?
  - Sim! Pedindo apoio médico ao soldado ferido com um tiro na perna.
  - Permissão concedida. Desligando.
  Sendo assim, prosseguimos com o pouso. Fomos atendidos da maneira devida, e o soldado ferido foi levado ao tratamento. Em seguida, o avião onde Knozzi estava chegou. Fui direto de encontro a ele para tirar as devidas satisfações.
  - Seu filho da puta! Por que matou meu filho? Desgraçado!
  - Por que esta me acusando falsamente?
  - Falsamente? O que me diz do fato de a  bala com a sua numeração bélica estar alojada no colete do meu filho? Eu tenho certeza que a bala que o matou, que ficou na parede do local, é sua também. Como você explica isso seu desgraçado?
  - Fale direito com seu superior seu sargentinho de bosta, se dirija com respeito ao se General...
  - General? Hahahaha. Não me faça rir, pois de General, você só tem o nome. Você é um bosta que não sabe liderar, dependendo de você, o mundo todo morrerá para impedir aqueles caras. O que você não percebe é que essa guerra já está perdida! Somos um pedacinho da Califórnia, com cerca de dois mil soldados apenas. Sem condições suficientes para todos. Vá se danar!
  - Ta revoltado, aliado dos Espartanos? Eu matei mesmo seu filho, mas tenha certeza de uma coisa, não quis matar ele e sim você! Você agora faz parte daquele vírus que tomou conta do mundo. Você não é mais fiel ao nosso país!
  - País? O Brasil está coberto de cinzas, pintado de sangue e preenchido por soldados anarquistas. Minha família esta lá, passando por apuros e imaginando como estão os homens da casa! Graças a você, meu filho está morto, a garota que me salvou da morte está morta, e até mesmo minha mulher está morta! Você quer que eu seja fiel ao que sobrou do Brasil, ou seja, você? Serei fiel agora, aquilo que eu achar certo. Serei fiel a justiça........
  Barulho de explosão. Ouvidos apitando. Escuridão e dor...

Diário de guerra de Albert KnoxOnde histórias criam vida. Descubra agora