Capítulo 27

136 6 1
                                    

POV HARRY CLEARWATER

Ouvir aquelas palavras, vindas da boca de minha própria filha, foi como se meu coração tivesse sido partido ao meio. Como se ele tivesse sido perfurado com um ferro em brasas.

Doía-me vê-la ser abraçada e amparada por outro homem. Tratar, amor e respeitá-lo como pai, enquanto eu só recebia seu ódio e desprezo.

Tive uma imensa vontade de ir até aquela garota mimada e dar-lhe uma boa surra para aprender a me respeitar. Mas eu não poderia fazer isso, não tinha o direito de fazê-lo. Não poderia culpá-la por não gostar de mim, final de contas até há algumas semanas eu nem sabia como ela era, nem ao menos sabia que nome Sue havia lhe dado. Porem alguém tinha culpa.

Quem eu deveria culpar?

Culparia Sue sempre tão doce e dedicada enquanto fora casada comigo? Que segundo Billy ela sofreu durante três meses, esperando minha volta com alguma explicação que ela perdoaria, e ao invés disso recebeu os documentos do pedido de divorcio. A mulher que eu havia deixado sem nada, cuja única coisa que sobrou de mim foi a filha. Não. Nunca poderia culpá-la. Ela era uma vitima também.

Culparia Arthur que sempre fora meu amigo? Deveria culpá-lo, por ter casado com Sue, criado minha filha como se fosse dele? Não. Eu também não poderia culpá-lo. Ele quem estendeu a mão à Sue, que a apoiou. Sempre esteve ao lado de Leah em todos os momentos da vida dela. Pelo que eu pude perceber, tanto ela quanto Sue eram tratadas como rainhas. Por isso eu não poderia culpá-lo nunca, eu tinha que ser eternamente grato a ele.

Tinha que reconhecer que o grande culpado era eu, mas eu não tinha que carregar toda essa culpa sozinho. Então eu a vi. A mulher que me fez cometer todos os erros que cometi, me seduziu, me chantageou e ameaçou, fazendo com que eu abandonasse minha esposa em trabalho de parto. A mulher que disse que esperava um filho meu, para fazer-me fugir com ela, e depois fugiu com outro roubando todo o meu dinheiro, que eu havia tirado da minha filha e da minha esposa. Eu a reconheci imediatamente. Mesmo ela tendo envelhecido um pouco. Mas sei que a teria reconhecido, mesmo que tivesse se passado 50 anos. Ela continuava com o mesmo jeito de vadia apesar de tentar se passar por uma dama. Agora tinha outro idiota para ela explorar. Faria ele lhe dar jóias, carros, roupas caras e em troca receberia chifres, e depois o roubaria e fugiria com um outro qualquer.

Ela era a verdadeira culpada. E ela teria que pagar. Agora era a hora da vingança. Depois de 17 anos procurando-a sem descanso, não poderia desperdiçar minha chance.

Nem tinha percebido que eu já estava indo em direção a vagabunda. Ela olhava-me assustada, e eu estava ver o pavor em seus olhos. Parei ao lado de sua cadeira, que estava entre duas garotas - uma loira e uma morena -, não as reconheci.

Sem nenhum aviso dei-lhe um soco na boca, fazendo-a sangrar. Ela gritou. Ouvi mais dois gritos, mas não me dei ao trabalho de ver de quem eram, porque me concentrava em acertar outro soco na boca dela. Tive o prazer de vê-la sangrar, mas ainda era pouco. A peguei pelo cabelo com uma mão e com a outra comecei a esbofeteá-la na face. Nem percebi a confusão ao nosso redor. Eu só queria provocar à ela muita dor. Por mais que tentassem não conseguiam desgrudar-me da vadia. Mas era pouco, eu ainda não estava satisfeito. Comecei a apertar o pescoço com as duas mãos.

Ela me arranhava e me batia. Inútil. Nada me faria parar. Eu só pararia quando o coração pútrido dela parasse de bater.

Havia muita gritaria, porem eu não pararia agora, ela já estava ficando sem ar. Ótimo. Em poucos minutos estaria tudo acabado. O mundo não precisava de um lixo toxico como ela.

Eu sentia as pessoas tentando afastar-me dela, só que não tinham sucesso. Até que senti mãos abrasadoras e fortes segurar-me com tamanha força que eu não conseguia resistir, fui afrouxando aos poucos as mãos do pescoço da vagabunda. Mas eu não queria soltar. Eu tinha que eliminá-la.

Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora