Cap. 21: Entre a vida e a morte

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*Pov Mery*
Acordei com uma forte dor de cabeça. Abri os olhos pesados e reparei que estava deitada na cama. Provavelmente teria feito o que faço melhor: desmaiado.

Vi Sean sentado mesmo ao meu lado. Tinha uma cara de preocupado, de amedrontado.

-Então? Parece que viste um fantasma...- disse eu. Ele não respondeu.- Se calhar foi um morto-vivo...- piquei eu.

-Não foi um morto-vivo. Por enquanto ainda está vivo...- ouvi dizer.

Aquelas palavras não tinham saído dos lábios de Sean. O som vinha do fundo da cama. Um som bastante familiar. Senti passos no chão e foi então que o vi aproximar-se de mim.

-Quando pensavas contar-me?- disse ele.

-Sinceramente, nunca.- disse eu desviando o meu olhar até Sean.- Tu contaste-lhe?

-Sim.- disse Sean.- Tu não percebes? Nós não sabemos como controlar isto.

-E ele sabe? Tu próprio disseste que não há ninguém como eu... Ele também não sabe o que eu sou.- gritei eu.

-Mas é metade daquilo que tu és. Pode ajudar-te.- disse Sean.

-Eu não preciso de ajuda. Eu preciso de estar sozinha.- disse eu saindo da cama.

Passei por Sean e pelo seu aliado. Sean não se moveu mas o seu aliado rapidamente me agarrou o braço.

-Eu posso ajudar.- disse ele.- Porque não me contaste?

-Porque é que haveria de contar?- gritei eu.- Eu não tinha essa obrigação.

-Claro que tinhas.- disse ele.

-Não, não tinha.- gritei eu.- Vê se percebes, Bryan: Eu não preciso da tua ajuda nem da de ninguém. Eu própria tomarei conta de mim...

-Mery... Tu precisas de mim.- disse Bryan apertando o meu braço quando o tentei soltar.

-Não! Eu não preciso de ti! Eu odeio-te. Eu estava pronta para morrer. Eu estava pronta.- gritei eu.- Porque é que não me deixaste morrer? Eu odeio-te por isso.

Com toda a minha força puxei o braço para me soltar. De seguida, desatei a correr dali para fora. Já estava longe quando ouvi Bryan gritar:

-Talvez estivesses pronta para morrer. O problema é que eu não estava pronta para te perder.

Quase como um reflexo, acabei por preferir as únicas palavras que eu sabia que iriam magoar Bryan. Enchi os pulmões de ar e gritei as palavras que atravessariam o peito de Bryan como uma faca...

*Por Bryan*
Ouvi Mery dizer aquelas palavras e as lágrimas encheram o meus olhos. As palavras dela ecoavam-me na mente:

-Como podes perder aquilo que nunca te pertenceu? Eu era do John, não tua...

O pior de tudo era que aquilo era verdade. Ela era de John...Não minha.

-Bryan...- disse Sean tentando dar-me apoio.

-Eu estou bem.- disse eu limpando as lágrimas do rosto.- Eu estou bem.

Ouvi um estrondo no andar de baixo. Desci as escadas, seguido de Sean, e vi Mery inconsciente no andar de baixo. Ao cair tinha batido com a cabeça num móvel e encontrava-se a sangrar da cabeça.

-Mery!?- disse eu aproximando-me dela.

Coloquei a minha mão na testa dela.

-Ela está gelada.- disse eu.- Isto é normal?

-Não.- disse Sean tirando o casaco dele e colocando-o sobre Mery.- Vamos levá-la para cima.

Peguei Mery ao colo e deitei-a na cama dela, tapando-a de seguida. Enquanto Sean foi buscar mais cobertores, eu peguei numa garrafa de água que estava sobre a mesa de cabeceira e num bocado de tecido que rasguei da minha camisa e limpei o sangue que escorria pela testa de Mery. Foi então que, detrás de todo aquele sangue, reparei na ferida que Mery tinha na testa.

-Tens um estojo de primeiros socorros?- perguntei a Sean assim que ele chegou com um monte de cobertores.

-Sim.- disse ele.

Enquanto Sean foi buscar o estojo de primeiros socorros, eu coloquei os cobertores sobre Mery, que ainda estava gelada. Assim que Sean trouxe o estojo, comecei a desinfectar a ferida.

-Vai precisar de pontos.- disse Sean.- Consegues cosê-la?

-Sim. É normal ela estar tanto tempo inconsciente?- perguntei eu.

-Sinceramente, não.- disse Sean.

Coloquei a minha mão sobre Mery que ainda estava gelada.

-Chama o John.- disse eu.

-Não disseste que a conseguias coser?- disse Sean.- Se eu contar ao John a Mery nunca mais me fala.

-Eu consigo cosê-la, mas vamos precisar do John. A Mery não precisa de saber que foste tu... O John era uma espécie de médico no nosso tempo. Vamos precisar dele. Ele sabe coisas que eu estou longe de saber.

-Porque é que vamos precisar dele?

-Porque eu prefiro uma Mery viva que não me volte a falar, do que uma Mery morta...

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