Chapter XIII

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Claro que o Jared iria querer fazer o exame de DNA. Isso não ia me magoar se ele tivesse tido essa vontade sozinho, mas igual um boneco manipulável, ele obedeceu o seu manipulador. Me senti estúpida vendo ele contar para Emma que acabará de descobrir que é pai, e nitidamente suas palavras soaram desconfiadas. Adentrei meu apartamento um tanto frustrada e Tais que estava no sofá assistindo TV logo percebeu meu semblante cabisbaixo.

- Como foi? - perguntou me olhando.

Larguei minha bolsa no chão e me encaminhei para sentar ao seu lado.
- Melhor do que eu esperava em meus pressentimentos, e pior porquê eu imaginei que Jared teria uma reação mais própria... - fiz sinal de aspas no ar.

- Como assim?

Deitei minha cabeça em seu colo e logo ela afagou meu cabelo, me fazendo fechar os olhos com a carícia.

Em meio a suspiros de frustração contei como foi o jantar, onde não comemos absolutamente nada. Bem, ao menos eu não comi, não sei Jared e Emma depois que os deixei. Contei o quão surpreendente foi a reação de Jared. Primeiro um sorriso surpreso, mas contente e depois uma desconfiança introduzida em sua cabeça por Emma e seu olhar que transparecia suspeita ou medo.

Tais não disse aquilo "Bem que eu te avisei", o que me fez sentir acolhida em seu colo, ela apenas tentou consolar essa fraca tristeza que eu sentia. Sim, era fraca, pois poderia ter sido "pior". Uma recusa. Uma não aceitação. Um julgamento ríspido. Uma acusação, aliás, eu fui acusada de "golpista", por Emma. Vontade de mandar ela a merda não faltou.

- Eu vou ver o Vit... - disse me levantando.

Respirei fundo e passei minha palma no rosto para suavizar a minha expressão. Enquanto caminhava até o quarto de Vitaly, tirei o meu blazer e o segurei na mão. Empurrei a porta entreaberta e acendi o abajur azul, que fica passando imagens de peixes.

Fui de junto a cama do meu bebê e me ajoelhei no carpete, ao lado do móvel que é muito baixo. Uma altura segura para Vitaly descer e subir sem se machucar ou precisar de ajuda.

Observei-o dormir por alguns segundos e depois beijei sua testa.

- Ale, eu vou ir pra casa... combinei de sair com o Leo... - Tais disse baixo, parada na porta.

- Tudo bem... - disse me levantando. - Obrigada por ter ficado com o Vit...

- Não sei porque você ainda me agradece. Eu amo cuidar dele. - sorriu.

Sorri de volta e fui em sua direção. Apaguei o abajur e fechei um pouco da porta.

- Você vai ficar bem? - Tais perguntou enquanto eu a acompanhava até o portão.

- Eu estou bem.

Nos abraçamos apertado e depois ela foi embora.

JARED

- É isso, eu tenho um filho. - repeti pela terceira ou quarta vez, o que havia acabado de saber no restaurante.

Shannon e Tomo estavam boquiabertos e pálidos. Principalmente o meu irmão que parecia estar tentando desfazer um nó na garganta.

- Eu devo te parabenizar? - Tomo perguntou sem saber muito bem o que dizer.

Dei de ombros porque também não tinha nenhuma reação normal em meus pensamentos. Eu queria extravasar. Gritar. Sorrir. Refletir. Sorri mais um pouco.

- E... ele se parece com você? - Shannon perguntou. - Como ele se chama mesmo?

- Não temos certeza de que essa criança é filha do Jared, então, eu acho bom vocês não alimentarem sentimentos. - Emma disse.

Ela tem razão. Droga. Ela tem total razão. Não posso ser precipitado. Essa criança pode não ser minha. Mas tudo o que Alexandra me disse faz um lado de mim já soltar fogos de artifício, mas um outro lado pensa como Emma, e quer ter certeza antes de qualquer coisa.

- Quando eu vou poder ver o meu sobrinho? - Shannon perguntou.

Dei de ombros novamente. Estou confuso com essa notícia.

- Ah, pelo amor do que há de mais sagrado! - Emma se levantou. - Shannon, ele não é o seu sobrinho ainda! O Jared só o viu uma única vez... e você acha que vai simplesmente ir e ver a criança?

- Por que não? - Shannon indagou.

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