Chapter XXXV

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Enquanto Vitaly ia deixar o ursinho de Pedro do lado do gigantesco urso do Jared, meus olhos expulsaram mais lágrimas. Não aguentava mais a cada conversa com Jared me encontrar em uma situação de merda que só me fazia sentir ridícula, ridícula por ainda sentir algo por ele e me machucar com cada uma de suas palavras.

Meu pequeno filho colocou o presente do lado do outro e me olhou. Eu tinha resolvido deixar aquele monstruoso mimo na sala, pois no quarto de Vitaly não cabia nem uma agulha a mais de tantos brinquedos, mas era só olhar para ele e eu tinha vontade de atirá-lo pela janela.

Ao ver as lágrimas em minha bochecha, correu desengonçado em minha direção. Endireitei minha postura e o agarrei em um abraço esmagador. Decidi naquele exato momento que ficaria sem falar com Jared por um tempo, queria juntar forças e procurar estratégias para aguentar estar em posse de seu olhar, e enfrentar suas palavras dilacerantes.

Fiquei alguns minutinhos apertando meu pequeno em meu colo e dando algumas beijocas por seu rosto, assim me recuperei momentaneamente, porque querendo ou não, só tenho Vitaly graças ao Jared.

Vi Pedro apontar no corredor verificando se podia se aproximar, sorri evidenciando que sim e afrouxei meu abraço.

- Tudo bem? - perguntou se sentando do meu lado.

- Bom, depende do ponto de vista. - suspirei. - Ter meu filho nos braços é perfeito, mas pensar que minutos atrás Jared insinuou que eu não consigo conversar com ninguém sem querer transar, é... uma droga.

- Ele não disse isso, disse?

- Implicitamente.

- Nossa...

- Você não está feliz? Tudo o que disse em LA era verdade.

- Ale... Vamos esquecer isso.

- Quer saber? Não tem como esquecer! - me alterei. - O bem mais precioso da minha vida eu só tenho por causa daquela maldita viagem. Não adianta eu querer apagar o passado.

- Então não queira, apenas o coloque de lado e pense no futuro.

- Atualmente o futuro me assombra. Não tenho emprego, Jared sabe que Vitaly é seu e com relação a isso ele é totalmente imprevisível e... Quando meu filho puder entender isso tudo ele pode me odiar.

- Ele não vai te odiar. - afagou meu cabelo e me ofereceu um sorriso de esperança.

(...)

Chega de chorar por uma pessoa que está muito distante, de me sentir uma vadia com suas palavras. Tenho minha faculdade mental e faço o que bem entender da minha vida ou da minha vagina.

E com esse tipo de pensamento, me levantei do sofá e fui tomar banho com Vitaly. Aceitei o convite de Pedro para irmos no cinema.

Tomei um banho rápido com meu filho, e depois nos arrumei. Resolvi que se minha auto estima estava baixa, eu devia dar um jeito, então escolhi a dedo minha roupa e fiz uma maquiagem de atitude. A podridão de meu peito não iria mais aparecer nessa noite, tudo ficaria escondido por baixo das grifes caras que consegui comprar por causa do meu antigo trabalho.

Pedro ficou congelado ao me ver pronta, por um segundo pensei que tivesse exagerado, mas ficou claro que eu estava sexy e arrumada na medida correta. Apesar que só iríamos no shopping assistir um filme.

Como fomos com o seu carro, antes tivemos que ir no estacionamento pegar a cadeirinha, jamais vou permitir meu filho dentro de um carro sem estar devidamente protegido, claro, a não ser quando não for mais necessário.

No trajeto para o shopping escolhido por Pedro, perguntei qual filme iríamos assistir, e ele falou empolgado, era de super-heróis. Desde que nos conhecemos ele gosta deste tipo de coisa, e disse que quando era do ensino fundamental era o típico estudioso, com acne, óculos de grau e leitor de histórias em quadrinhos. Cresceu e depois que passou a fase de espinhas, descobriu que era bonito e podia deixar isso melhor lapidando. Então no ensino médio descobriu a soberania da atração estética, e então as garotas, o sexo e aí vai.

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