Chapter XVII

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Quando eu sai da clínica deixando Shannon para trás, coloquei o óculos escuro que estava em minha bolsa, pois minha feição de quem havia acabado de chorar, era nítida, e haviam alguns jornalistas ainda na porta da clínica. Novamente eu passei por eles sem dizer nada.

Sou jornalista também, mas não estou acostumada com essa inversão de papéis e eu também não sou do tipo que corre atrás de alguém para conseguir alguma coisa, tem todo um processo para eu conseguir uma entrevista e chegar até a celebridade.

Agora dirigindo para casa, sem óculos, as lágrimas escorrem livres por minhas bochechas, tentando digerir as palavras de Jared Leto, que estavam muitas delas entaladas em minha garganta e outras martelando minha cabeça.

Privilégio. Privilégio. Privilégio.

O que eu estava pensando quando resolvi apresentar Jared ao meu filho?  Quando resolvi dizer toda a verdade?

Estava ludibriada por ele novamente. Apaixonar e iludir,  deviam ser sinônimos.

(...)

No elevador subindo para o meu apartamento, me livrei da melancolia apenas para ser a mãe que Vitaly precisa. A que sempre vai protege-lo, ao invés de demonstrar fraqueza.

Abri a porta e entrei. Nada do meu bebê e da Brenda na sala ou na cozinha. Enquanto caminhava no pequeno corredor escutei a voz de Brenda conversando com Vitaly.

Abri lentamente a porta apenas encostada do quarto dele e flagrei uma cena fofa. Vitaly sentado no chão rabiscando uma folha e Brenda ao seu lado também desenhando, mas com um livro aberto no colo.

Entrei no quarto, então os dois me notaram. Vitaly se levantou desengonçado como bebês de sua idade fazem. Ele tem que colocar as duas mãos no chão pra conseguir levantar. Pegou o desenho e veio para me entregar.

Me inclinei, peguei ele e o desenho.

- Nossa, que lindo, meu amor! - Falei olhando o desenho. Ou melhor, rabiscos coloridos, mas que para uma mãe coruja como eu, se tornam uma obra de arte.

Vitaly riu e bateu palmas, que quase não produzem som, devido a falta de força e as mãos gordinhas.

- Oi, Brenda. - sorri para ela que se levantava.

- Oi, Ale. - sorriu.

- Você já pode ir tá bom, eu não vou mais sair hoje.

- Tá, só vou arrumar minhas coisas. - disse recolhendo seus livros.

Olhei para o bebê de bochechas rechonchudas no meu colo e simulei uma mordida. Ele gargalhou gostosamente jogando a cabeça para trás, tirando de mim um sorriso.

Quando Brenda já estava pronta, nós acompanhamos ela até a porta, ela me avisou que eles já tinham almoçado e que não fazia muito tempo, então Vitaly estava com a barriga cheia e depois foi embora.

Coloquei o Vit no chão, meus braços já estavam doendo e depois fui para a cozinha. Abri a geladeira e peguei uma jarra de vidro, enchi um copo com água e guardei a jarra. Enquanto tomava aos poucos a água, tentava me convencer de que tudo o que passava em minha cabeça era real. Parecia mentira, mas sim, Jared é um egoísta, hipócrita...

Balancei minha cabeça e ouvi meu telefone tocar. Fui atender. Vitaly estava trazendo todos os seus desenhos pra sala. Ele caminhava abraçado com as folhas, amassando elas.

- Alô? - atendi.

- E aí, Ale, como foi lá? O que aconteceu? Me conta. - Tais interrogou já de cara.

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