Falling | l.s

Cuidados

Intentando evitar o rei, Harry partiu do castelo ao amanhecer. Cavalgou até a modesta casa do amigo, onde Niall o atendeu de forma sonolenta. Após um desjejum, encaminharam-se para o ateliê anexado á construção.

—Acredite, não foi premeditado, Niall. —Harry esfregou as têmporas. —Acha que eu gosto dos castigos?

—Desculpe. Apenas... —O loiro suspirou e abaixou o carvão. —Eu me preocupo com você! Mamãe veio aqui, muito aflita, à sua procura. Onde diabos você se enfiou?

Harry crispou os lábios.

—Eu... Apenas fui à floresta.

O pintor apertou os olhos com desconfiança, reconhecendo a expressão do Príncipe.

—Conte.

—Não há nada para contar, meu caro. Eu precisava ficar só.

O loiro colocou as mãos para trás e andou ao redor da cadeira que o amigo estava sentado.

—Você está me escondendo algo, Vossa Alteza.

Harry bufou com impaciência.

—Diga-me, e a sua camponesa? Tem a visto? — O pintor continuou.

O príncipe corou pela forma que o amigo falou. Sua camponesa.

—Não possuo nenhuma pessoa, caro Niall.

—Não se faça de tolo. Você a viu?

—Niall...

O pintor ergueu as mãos em rendição, pegando outro pedaço de carvão para continuar o esboço da nova tela.

—Você sabe que pode me dizer qualquer coisa, Harry. Eu nunca o julgaria.

O príncipe suspirou, penteando os cachos para trás com seus dedos. Como poderia contar sobre seus pensamentos? Eram de longe inaceitáveis.

—Nem mesmo eu sei o que está acontecendo, Niall. Apenas... Eu não sei! Queria entender... Isso.

—Como ela é?

—Ele... Ela... É incrível. Nunca conheci alguém tão... —Seus olhos cintilaram com a lembrança. —Cheio de vida. Maldição, eu mal lembro de meu nome quando estamos juntos! Esse... Essa pessoa, ela é autêntica em tudo que diz e que faz. Seus olhos são transparentes quanto a emoções. Ele... Ela não se importa com quem eu sou. O fato de eu ser o príncipe não lhe interessa. Ela gosta de mim por quem eu realmente sou.

—Como tem tanta certeza de que ela não quer a coroa?

—Eu sei que não. Apenas sei.

O loiro assentiu com um sorriso calmo, incentivando o amigo a continuar.

—E como é estar com ela?

O cacheado resfolegou, fechando os olhos e trazendo todas as lembranças à borda de seu pensamento. Um sorriso involuntário lhe cobriu a face.

—Recorda-se de quando vendeu seu primeiro quadro?

—Claro! Fiquei tão eufórico! As duas moedas mais importantes de minha vida.

—Minha euforia é cem vezes maior quando o... A vejo. —O príncipe suspirou. —Eu não deveria me sentir assim, é errado.

—De forma alguma! Não diga que é errado apenas por que se trata de uma camponesa.

—Não é sobre ela ser camponesa, é... —O cacheado balançou a cabeça negativamente, como se aquilo afastasse seus pensamentos. —Esqueça. Você não entenderia.