Toques

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Os dedos de Louis deslizaram pela própria mão, pulso e antebraço, uma mera imitação dos dedos longos que o tocara anteriormente. O dedos de Harry eram macios e sem calos, diferentes dos do camponês.

Por que o toque de Harry o fazia sentir tão estranho? E por que queria mais daquele toque?

O indicador curto fez um círculo em sua própria palma, onde os lábios macios o tocaram. Apenas a lembrança fez o pequeno arrepiar-se por inteiro. Fechou os olhos e inspirou fundo, ajeitando-se na cama e tentando não pensar em Harry.

♕♕♕

Os braços do Louis doíam, ao carregar toda a lenha para a cozinha. Geralmente era Liam que o fazia, já que era bem mais forte que o menino franzino, mas o amigo ainda não havia voltado de viagem.

Assim que deixou as toras de madeira no lugar resignado, partiu para o estábulo, para dar de comera os potros e limpar a sujeira. Sua última tarefa era organizar a sala de estudo e ele não demorou para realizá-la.

—Precisam de alguma ajuda, meninas? —Perguntou ao entrar na cozinha.

Nicola e Ruth dirigiram sorrisos para o de olhos azuis e negaram com a cabeça. Karen limpou a bochecha suja de terra de Louis e lhe afagou os cabelos, num gesto maternal.

—Tudo bem, querido. Por que você não aproveita que a baronesa foi à missa e vai descansar, hum? —Karen diz.

—Mas... Vocês não precisam da minha ajuda? Eu não me importo de ficar aqui.

—Ah, meu amor, estamos bem. Você já fez muito mais do que deveria hoje. —Nicola lhe sorriu.— Vá descansar.

—Mas volte antes do sol se por, tudo bem? —Ruth advertiu e o menino concorda com um aceno de cabeça.

Deixando um beijo na bochecha de cada uma delas, o garoto partiu em direção ao seu ponto de paz.

[...]

Os passos de Louis eram lentos, em contraste com sua mente, que trabalhava incansavelmente. O caminho que levava até o lago lhe trazia muitas sensações. Era inevitável que seu coração disparasse e que Harry lhe roubasse os pensamentos.

Tirou o calçado de couro assim que a relva verdinha apareceu em seu caminho. O pés miúdos eram massageados pela grama macia e um pouco úmida. Sentou-se debaixo de uma árvore e esticou as pernas, tocando a relva entre seus dedos curtos.

Fechou os olhos e inspirou fundo, sua mente vagando até dias atrás, quando seus dedos tocavam os macios fios castanhos de Harry. Era intrigante a conexão que sentia com o caçador, mesmo com tão poucos encontros. A intensidade com que seu corpo reagia ao encaracolado lhe assustava.

Queria compreender por que seu coração disparava quando aqueles olhos verdes lhe encaravam, ou por que sua pele queimava ao toque do maior, ou mesmo o por que ser tão difícil respirar perto de Harry. Nada daquilo fazia sentido.

Abriu os olhos e encarou o braço esquerdo. Apenas a lembrança do toque, fazia sua tez formigar.

—O que há de errado comigo? —Sussurrou para si mesmo.

—...Não está, Triton! —A voz rouca e conhecida fez o coração do rapazinho saltitar.— Temos que voltar amanhã, amigo. —O castanho ouviu um relincho e o som das patas do equino conta o solo. Um curto silêncio se estendeu.— Coma um pouco e voltaremos para casa.

As pernas do pequeno moveram-se por conta própria. Sua respiração engatou em ansiedade, vendo o cacheado um pouco distante, na margem do lago. O lugar deles.

Falling | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora