O medo me percorreu com toda voracidade; engasguei, tossi, olhei ao redor, o bar! Sim, entrei com ele no bar e a meu pedido ele retiraste o capuz, por mais que eu não acreditasse, meus olhos não estavam mentido, como um espelho sua imagem era a minha:
___Surpreso não é?
Não sabia o que dizer, essa era o som, a outra pessoa que estava falando dentro de mim, por isso vim, no fim não percebi, era a minha própria voz:
___Eu sou você!
___O que você é? – a pergunta saiu como um tiro
___Não escutou? Já respondi. Deveria ser 'porque sou você'?
Meu silêncio estava me perturbando, ficando cada vez mais confuso, respirando, mantendo a calma que nesse momento acho que nem sabia o significado desta bendita palavra:
___Tudo bem, eu repondo, não está apto para perguntar. – Ele demonstra um sorriso como uma facilidade que deixa inquieto meus nervos.
___Seus pecados... percebeste que não está indo tão bem na realidade?
Parei pra analisar e sim, sabia que isso poderia acontecer, tudo bem, estou louco, acabei de admitir isso, era a única explicação plausível para tudo que aconteceu:
____Sim...Estou louco, pirado - estou começando a aceitar isso e dou um riso afetado -, não estou tão preocupado, só preciso aceitar.
___Não, tu não estás louco, só está pagando, ou melhor procurando pagar seus pecados aqui neste mundo. Este por consequência prega suas próprias peças.
Sua resposta me deu outra alternativa:
___Morri e fui pro inferno?
___Está bem próximo do inferno, do seu inferno – ele me olha com os olhos semicerrados -, só está buscando no caminho errado.
Meu inferno? Talvez sim, algo me diz que tenho uma culpa pra pagar, mas não sei o que é. Esse tal caminho errado, seria que eu estivesse seguindo um rumo não esperado pela verdadeira resposta, o que eu preciso:
___Onde está o caminho certo! – dou um grito, ele se levanta e apenas diz antes de sair na porta.
___Siga a voz de Tomás e descubra o seu inferno.
___O hospital...
Alguma coisa bate na minha cabeça com tamanha violência que apenas caio sem sentir o chão, tudo se apaga. De alguma forma estava sentindo cheiro de algo forte, minha cabeça... Estava girando, escutei vozes, muito estranhas, medo, sim, o medo surgiu. Eu estava vivendo o meu inferno, precisava sair dele. Meu corpo não se movia, demorei um pouco pra abrir meus olhos. Tudo estava escuro. O bar fechou? Me deixaram aqui dentro?
Escutei alguém andando aqui perto, fazia barulho, uns estalos, quando uma luz cegamente se acende, de frente para minha cara, rapidamente movi meu pescoço para alguma direção e para minha surpresa, havia sangue no chão, como se alguém tivesse sido arrastado.
Estava eu ali, numa maca em um hospital e alguém estava ali longe no corredor me observando, ou seria uma sensação de estar sendo observado?
___Quem está ai? – falei um pouco alto e passei a mão na cabeça onde levei a pancada.
Não houve resposta, o corredor não estava tão iluminado como a luz do quarto onde eu estava. Levanto. Saio correndo e me deparo com a listra contínua de sangue que estendia-se até o fim do corredor:
___Seja o que for.... – disse de forma tremula e quase sem coragem de tanta aflição
Mesmo mal iluminado, o barulho metálico ouvia-se no corredor com uma altura deturpadora, como se ele, estivesse do meu lado, perto de mim. Entro na sala por onde aquele rastro termina.
A sala iluminada e uma maca com um corpo estava lá, cheio de hematomas, parecia acidentado. Por curiosidade ao ver o rosto, meus olhos se abrem, minha respiração trava e eu solto um gemido de dor. A face de Léo, ali diante de mim. Minha boca guardou um grito de desespero, estava entorpecido, o que ele estava fazendo aqui? O tumulo deve estava vazio, o que isso quer dizer? A seringa significava o que? Perguntas e mais perguntas...
___Preciso sair daqui!
Me movo para a porta, ao abri-la o barulho metálico soa, olho em volta, mas na sala tão cheia de luz nada havia. Repte-se e noto que veio do corpo, olho rapidamente para ele. Me aproximo e escuto novamente, está vindo dentre dele:
___O que é isso?
Achei que estava perdendo o controle da minha razão, pois vi um bisturi cravado na lateral do corpo, e como que por impulso, o peguei, olhei profundamente para aquele corpo e com o ressoar do barulho novamente, me reparei. Minha audição percebeu de onde estava vindo o barulho, o coração... Pressionei a lâmina, abri a pele, o sangue mau jorrou, abri e lá estava a ponta daquela coisa metálica querendo sair. A puxei imediatamente e larguei o bisturi no chão, manchando o lugar limpo de vermelho. Depara-me com uma chave, sim uma chave ensanguentada que tirei do corpo do meu falecido namorado.
Dei uns passos para trás, segurei minha sanidade, isso já era demais pra mim, segurei aquela chave com força acreditando que seria algo para saber de que culpa eu sentia:
___Eu matei ele?
Minha boca pronunciara tais palavras que me fizeram acreditar que seria isso, pus a mão esquerda, que usara para o bisturi, que estava limpa, na boca, abafando um grito. Sai dali às pressas. Procurar a porta de entrada do hospital. Demorei um pouco, não sei se foi sorte da minha eloquência, mas nada de anormal mais aconteceu. Sai dali e com uma chuva muito forte caindo, peguei a rota de minha casa.
___Essa chave serve para que? – a guardei no bolso de minha calça.
Cheguei num beco, coloquei minhas mãos na parede e a soquei, doeu, chorei, me desesperei, a chuva me entendia, os trovões que caiam, como se gritassem comigo. Bom, pelo menos eram o que parecia...Meu estado? Caótico...

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GAMA
Misteri / ThrillerSeus pensamentos estão no lugar certo? Eles podem te levar para várias perguntas de onde você está agora. Ou talvez fique onde está, com medo das respostas.