Feelings

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Encontrava-se de pé no meio de uma clareira. Arbustos e árvores de todos os tamanhos, com um conjunto de flora em uma coloração estranha de azul marinho, rodeavam aquela área vazia. Mark sentia seus pés descalços tocarem a grama e raízes e, por mais curioso que fosse, não incomodavam ou pinicavam. Era macio e no máximo causavam certas cócegas, que era apreciada pelo garoto.

Os orbes luminosos refletiam com precisão a imagem que se formava acima de si. A lua – em seu estagio final, antes de sucumbir à escuridão e antes da conclusão do ciclo minguante – era observada com tamanho vigor e profundidade, sendo palpável a admiração. Temia por ela. Imensas nuvens cinzas formavam-se e ameaçavam tampar aquela que recebia sua penetrante atenção.

Sua cintura fora abraçada por longos braços ao mesmo tempo em que selares foram sentidos na região de seu pescoço. Arfara com o contato, logo após, sorrindo ternamente.

— Você parece ter uma estranha obsessão pela lua. Sempre está a observando quando nos encontramos. — O timbre grosso da voz de Jackson fizera-se presente em forma de sussurro. — O que ela tem de especial?

— Não é a lua em si. É pelo céu em um todo. — Mark respondera. Seus orbes foram fechados, aproveitando as caricias que o rapaz voltara a fazer em sua pele sensível, causando outro arfar de sua parte. — Me sinto livre podendo observá-lo... É lindo... Tão sublime... — O garoto virara-se para Jackson. Suas mãos prenderam-se no pescoço alheio e os dedos embrearam-se nos fios curtos, trazendo Jackson para mais perto de si, sussurrando rente aos lábios grossos. — Igual a você.

Foi Mark que adiantara o rosto para beijá-lo, transfigurando-se inteiro com a urgência do abraço. Sentia em seu âmago. Tornara-se dependente daqueles beijos; do mais simples roçar de lábios ao encontro fervente das línguas macias. Dependente das mãos grossas, que sempre estavam a lhe fazer um afago nos cabelos descoloridos ou, como naquele momento, que apertavam possessivamente sua cintura o trazendo para mais perto, roçando os baixos ventres.

Dependia de Jackson. Ele era seu maior vício. E, talvez, o mais letal de todos.

O ósculo apenas fora separado graças aos pingos gélidos, que molhavam os dois corpos grudados. Tuan voltara a sustentar o olhar para o céu apenas para confirmar aquilo que já imaginava. Chuva. As íris prenderam-se novamente em Jackson; o pensamento de pedir para se abrigarem por entre as árvores passou-lhe a mente, mas não externara. O platinado lhe sorria jocoso.

— Mark, tive uma ideia. — Puxara o corpo do loiro para mais perto do seu, colando-os novamente. — Dança comigo? –— Sussurra rente a audição alheia, causando um certo arrepio no corpo de Mark.

— O quê? Na chuva?

— É, Mark. Na chuva.

— Mas... — O garoto escondera a face na curvatura do pescoço do outro, sentindo as bochechas ruborizadas. — Eu não sei dançar. – Falara tão baixo que se o parceiro não estivesse colado ao seu corpo, nunca ouviria.

Jackson segurou o riso em respeito à vergonha de Mark. Desgrudara-o de seu pescoço, depositando um rápido selar em seus lábios finos.

— Vamos. Eu te ensino. — Fizera Mark colocar uma das mãos em seu ombro, enquanto uma das suas voltava a agarrar a cintura fina do garoto. As palmas livres entrelaçaram perfeitamente, fazendo o loiro repuxar os lábios em um sorriso. — Agora, enquanto giramos, eu vou andar para trás e você para frente, certo? — Tuan assentira, ainda meio confuso com a explicação. Jackson contara até três antes de começar a se mover.

No começo, os passos estavam desajustados e Mark se concentrava a olhar para baixo tomando o máximo de cuidado possível para não pisar nos pés do parceiro. O ritmo, aos poucos, fora ganhando mais sintonia. A harmonia dos movimentos fora estabelecida e o garoto sentira-se confortável para, enfim, encarar o outro.

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⏰ Última atualização: Jan 18, 2016 ⏰

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