Oriana's P.O.V
As palavras são poucas para descrever o quanto estou perdida por Toronto. Desde a agitação citadina da baixa até à serenidade das paisagens deslumbrantes que se evidenciam pelas Cataratas do Niagara e pelos extensos lagos que se estendem por entre as montanhas e por pinheiros exorbitantes. Esta cidade é verdadeiramente um sítio ideal para se estar, para se visitar, para se observar, para se apreciar...até talvez para se passar uma boa temporada. Com uma interessante combinação cultural e com uma energia vibrante, posso assumir até que já se encontra, sem dúvida, num destino a visitar mais do que uma vez. A presença de uma influência de Portugal e dos portugueses, não só na gastronomia como também na sociedade e nas construções, fazem com que me sinta em casa, e isso reflete-se muito no género de cidade que aprecio.
Após a semana ter-se quase passado (infelizmente), após termos corrido museus atrás de museus, oceanários, zoos, conservatórios de música recheados das mais belas sinfonias e tantos outros locais históricos, sábado chegara, o penúltimo dia antes de nos despedirmos dos meus tios e de Toronto para partirmos em direção à cidade de Nova Iorque.
Antes de ir ao cinema assistir à estreia do filme "Velocidade Furiosa 6" decidimos dar um salto à Universidade de Ryerson, não com o objetivo de nos inscrevermos lá ou algo do género, mas porque apenas ganhámos curiosidade em visitar a escola já que se trata de uma universidade muito falada (pelo lado positivo claro).
- Não admira que seja muito falada...isto é demais! Boas instalações, a dez minutos do centro de Toronto...! E, sinceramente, pensava que seria mais cara!
-Não fiques com ideias - avisei Alina, que já começara com os olhos a brilhar como safiras - sabes que é impossível virmos para aqui, para além do mais já estás inscrita na universidade de Lisboa, portanto não faria qualquer sentido pores-te a inventar.
Alina retribui-me um encolher de ombros desanimado e a visita à luxuosa universidade persegue calmamente com uma senhora de meia idade a dar a conhecer as instalações da parte científica, composta por laboratórios e afins.
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-Doces ou salgadas?
-Mistas, por favor.- respondo. Desde que pela primeira vez provei por engano, pipocas doces e salgadas, nunca mais alterei o meu pedido. E ao que parece Alina aparenta gostar tanto como eu.
-Olha para trás, DISCRETAMENTE!!!! – sussurra Alina ao meu ouvido.
- Alina, isto é uma fila. Numa estreia. Como é que queres que seja discreta? – afirmo indignada.
- Olha simplesmente!
Pela maneira que Alina se mostra histérica, não resisto em (DISCRETAMENTE) olhar sobre o meu ombro esquerdo. Num ápice, noto na presença de dois jovens, que se encontram distraídos, enquanto esperam pela sua vez de serem atendidos.
- JÁ VISTE? – pergunta de forma repentina.
- Vi, mas não olhei bem para as suas caras, não queria parecer estranha!
- Orianaaaaaa....... – suspira desiludida.
- Não era para ser discreta?
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Ainda nem entrámos na sala de cinema, e o balde de pipocas já se encontra quase a meio como já era de esperar. Ao entrarmos na sala, deslocamo-nos até à fila indicada no recibo, e sem demoras, sentamo-nos nos respetivos lugares.
Eu e Alina somos daquelas pessoas que não suportam colocar as malas diretamente no chão e por isso resolvo pedir-lhe para que pouse as nossas carteiras nos dois lugares livres a seu lado. Pouco tempo depois apercebo-me de que Alina fora abordada por alguém.
-Desculpa, estes são os nossos lugares...
Merda, eu sabia que deveria ter deixado as malas entre os pés! Deparo-me com um rapaz que quase que aposto que é filho da mamã CN e do papá Tower. Não só pela estatura, mas sim pela beleza, e também pelo facto de ser impossível não olhar. Este veste umas calças pretas que lhe assentam melhor nas ancas, do que eu assento na vida, e um hoodie bordeaux sobre uma camisola escura também. Neste momento os segundos transformam-se em horas, e torna-se cada vez mais difícil não cruzar o seu olhar sedutor. Sinto-me culpada por estar focada na sua presença, mas ao mesmo tempo sabe tão bem.
Seguido deste, encontra-se um rapaz ligeiramente mais baixo de cabelos castanhos e desarrumados e, que tal como o seu amigo aguarda para se sentar no seu lugar. Não reparo no que traz vestido, apenas me apercebo de que se trata daquele que acompanhava o rapaz de bordeuax e rapidamente chego à conclusão que se estes dois eram os mesmos que Alina pedira para observar na fila das pipocas. Ela tinha razão, são mesmo atraentes!
Fogo, meia hora para tirar duas malas e dois casacos de cabedal dos lugares! Desvio novamente o olhar para o rapaz de hoodie mas arrependo-me no momento. Uma troca de olhares tão embaraçosa não só faz com que um calafrio percorra o meu corpo dos pés à cabeça como também com que a minha face core como um tomate.
Assim que se sentam, as luzes do cinema apagam e olho para Alina sem tentar dar muito nas vistas, começando a fazer gesto discretos com as mãos, caretas e a falar sem utilizar a voz na esperança que ela consiga decifrar o que dizem os meus lábios. Que sorte! O mesmo rapaz que logo me captou a atenção é que se encontra literalmente a seu lado seguido do seu amigo que se contenta em ser o primeiro da fila com acesso direto ao corredor.
Os trailers acabam e a sala de cinema preparasse para assistir à grande estreia. E assim que os créditos apressam-se a preencher a tela, Alina aproxima-se de mim, e entre risinhos abafados, sussurra-me ao ouvido:
- Let the show begin...
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*let the show begin em português: "Que o espetáculo comece."
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You again?
FanficAlina e Oriana são duas melhores amigas que, após terminarem o secundário, decidem trocar uma viagem de finalistas por uma visita aos seus familiares no outro lado do Atlântico. O que estas não estão à espera é que nessa mesma viagem irão suceder-se...