Capítulo VII

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ALINA'S POV

-Let the show begin- murmuro a Oriana, que tenta ao máximo esconder o seu entusiasmo ao abraçar uma expressão séria e concentrada.

   O filme começa e eu esforço-me para não encostar o braço direito no rapaz do lado. Que coincidência, a sala é enorme e eles vieram logo parar não só na nossa fila, como também junto a nós! Ok Alina, concentra-te no filme de uma vez por todas.

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-Queres ir à casa de banho?- dirijo-me a Oriana, assim que as luzes acendem e a tela enuncia o início do intervalo.

-Outra vez?- protesta.

-VAMOS. A MINHA BEXIGA VAI EXPLODIR A QUALQUER MOMENTO.- ordeno, ao mesmo tempo que faço balançar as ancas.

   Oriana faz-me uma careta ao aperceber-se de que terá de passar pelos tais rapazes e eu confesso que, parte da minha vontade de ir à casa de banho poderá ter um propósito extra...

   Ao levantar-mo-nos ao mesmo tempo, não preciso de completar a frase "Com licença" para que o rapaz de bordeaux se erga educadamente, seguido do seu amigo de cabelos rebeldes. Endireito as costas, dou um golo em seco e, de cabeça erguida, preparo-me para atravessar "o corredor da morte". Não tropeces Alina, peço-te por tudo.  De costas para o ecrã, arrasto o meu corpo lateralmente e esforço-me para não lhes tocar, nem com um cabelo que seja. De súbito, quando me preparo para alcançar o corredor, sinto algo estranho debaixo do meu pé. Isto não pode estar a acontecer.

-PEÇO IMENSA DESCULPA!- exclamo com as mãos a cobrir os lábios para o rapaz que se encontra no último lugar da fila. Poderias ser mais desastrada Alina?!?

   Oriana limita-se a sobrepor a sua mão por todo o rosto e o constrangimento invade a sala de cinema. Ele consente entre risos e atordoada, arrasto-me até à saída da sala. 

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-Sem comentários, por favor.

-Alina, elejo-te a pessoa mais distraída do ano. É que só faltava calcares o rapaz com essa tua grande barbatana.- goza Oriana.

-Por favor, não digas mais nada. Só de pensar que vamos ter de passar por eles outra vez só apetece-me enterrar-me lá bem no fundo do subsolo, e nunca mais sair.

-Isso era uma ótima opção!- responde ironicamente.


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   De volta à sala de cinema, de volta à sensação de nervosismo e da vontade de me enfiar num grande saco de plástico, preparo-me para encará-los, principalmente o jovem vítima da minha grande pisadela. A partir deste momento, só me resta rezar para que não se suceda nada ainda mais embaraçoso.


   Ao aperceberem-se de que nós nos aproximamos, estes levantam-se dos bancos e devolvem-nos um sorriso amável. Olho para o rapaz de cabelos desgrenhados e retribuo uma expressão de quem se desculpa pela milésima vez pelo sucedido.


   Oriana é a primeira a atravessar. De seguida viro-me na lateral e, com o máximo dos cuidados, desloco-me através dele. Paira no ar uma estranha sensação. Os nossos corpos quase que se tocam e o momento transforma-se numa eternidade. Tenho o estranho pressentimento de que ele me olha fixamente e por isso, permaneço com o rosto virado para a esquerda. Inspiro o sua fragrância e um aroma fresco e suave invadem-me os sentidos. E, em menos de um nanosegundo, o meu coração não exita em disparar descontroladamente.


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   O som dos aplausos ecoam na sala de cinema e enunciam o final emocionante do filme. Já era tradição eu e Oriana assistirmos a toda a sequela de Velocidade Furiosa e, desde o primeiro, nunca sairamos desiludidas! Olho DISCRETAMENTE  para o lado direito e noto que os dois amigos se preparam para deixar a sala, procurando sair antes que a confusão se instale. Desvio o olhar para Alina que me exibe um olhar arregalado. 

   Assim que estes saem do nosso campo de visão, eu e Oriana apressamo-nos a colocar os casacos e as malas sobre os braços, e dirigimo-nos apressadamente em direção à saída. 

-Achas que os vamos encontrar?

-Não sei... e, de qualquer das formas, se os encontrasse-mos, o que é que iríamos fazer?- pergunto-lhe, com o desânimo escondido na voz. 

-Não faço ideia, só sei que foi tudo muito estranho...Sempre pensei que eles fossem meter qualquer tipo de conversa connosco mas estava enganada...Nós temos de os encontrar.- afirma Oriana, determinada.

   Assim que saímos da sala somos bombardeadas por um extenso aglomerado de pessoas. Ao mesmo tempo que serpenteamos a grande confusão que se começara a instalar, olhamos em redor, na tentativa de os alcançar. 

-Alina, eles estão ali!- anuncia Oriana, enquanto aponta em direção a dois rapazes que aparentavam estar a sensivelmente cerca de vinte metros de distância.

   Porém, no momento em que nos preparávamos para os alcançar, fomos, de súbito, invadidas por um grande amontoado de estudantes que se faziam destacar pela sua imensa agitação e entusiasmo. Eu não acredito.

   À medida que abrandamos o ritmo do passo, limitamo-nos a observar a imagem do rapaz de hoodie e do rapaz de cabelos despenteados a serem engolidos pela multidão que os rodeia. 

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⏰ Última atualização: Jan 30, 2016 ⏰

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