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Luke observava a plantinha seca sobre sua mesa redonda de madeira, matará outra planta como se fosse um assassino em série, dessa vez regara de menos enquanto a outra última matara afogada em tanta água.

Sua mãe sempre dizia para colocá-las no sol, regar uma vez ao dia e mexer na terra do vasinho, outra coisa importante era nomeá-las e conversar com elas. Dona Liz tinha nome para cada uma das plantas no seu jardim e conversava com elas quase diariamente, mas Luke não entendia como isso ajudaria, as vezes até chegava a achar a mãe meio maluca, como os vizinhos achavam, mas admirava como ela conseguia manter dezenas de plantinha e flores vivas no pleno frio de Londres.

A mulher loira era tão adorável e linda, quando mais jovem fora modelo e carregava a tal beleza até hoje, também trazia consigo doçura e simpatia, as coisas que Luke mais amava na mãe, que sempre ligava para saber sobre ele e sobre as plantinhas. Luke mentia e por isso comprava uma planta nova toda quinzena de dias, o tempo que elas viviam em sua mão. Dizia a si mesmo que não era bom com plantas mas ele apenas não tinha cuidado com elas.

A geladeira fazia barulho na cozinha e ele podia escutar a água pingar na pia em gotas demoradas, no sofá coberto com uma manta cor de vinho que nada combinava com a decoração, estava seus rascunhos, todos rabiscados amassados e espalhados. Ele chegava a pensar que sua fonte de criatividade estava esgotada, mas a verdade é que ele não conseguia pensar em muitas coisas ultimamente, e suas letras continuavam boas só não batiam com que ele queria no momento, porém nem ele mesmo sabia o que queria.

Suspirou pesadamente e se levantou, recolheu em cima da bancada da cozinha suas chaves e na porta parou para colocar um casaco, estavam no inverno e ele agradecia por isso. Compraria outra pobre planta, cigarros e vinho barato. Seus pés ritmados percorriam o caminho pela calçada, enquanto os olhos iam vagando pelos muros com desenhos, eram bonitos e coloridos.

Dobrou a esquina e seus olhos encontram a porta de floricultura amarela, Jane uma da atendentes já tinha o rosto de Luke gravado em sua memória, até achava que ele era algum tipo de comprador compulsivo por plantas. O loiro retribuiu o sorriso que ela lhe lançou, subiu a curta escada de madeira e apoiou-se no balcão.

-Bromélias? - A moça morena de cabelos cacheados perguntou e Luke assentiu. -Acabaram -Informou sem pesar.

-Então alguma que seja parecida com as bromélias, por favor.

-Por que você não leva uma cyclamen? Elas abrem no final do inverno.

Luke deu de ombros e poucos minutos depois saiu da loja carregando a plantinha que daria flores vermelhas caso sobrevivesse até o final do inverno. Gastava mais dinheiro em plantas do que em bebidas, pensava, e ele não sabia se isso era algo ruim ou bom. Passou na loja de conveniências e acrescentou a suas compras chocolate e salgadinhos.

Com as sacolas penduradas nos braços e o pequeno vaso nas mãos voltou a caminhar em direção do apartamento em que morava, não era longe, e Luke era extremamente agradecido a Jack por isso, o apartamento antes era do irmão, porém Luke se mudou pra lá depois que Jack se mudou de volta para a Austrália para noivar.

Desajeitadamente pegou as chaves do bolso mas as deixou cair, bufou e deixou as sacolas e a planta no chão, os dedos alcançaram a chave e seus olhos subiram por um par de pernas.

-Luke, Luke Hemmings! - O garoto de agora cabelo laranja disse esboçando um sorriso simpático. Ele usava calças de cintura alta mais uma vez e apesar de incomum Luke achava que ficavam particularmente bonitas nele.

-Michael! - Não conseguiu esconder o sorriso, e ele nem sabia o porquê de sorrir, já faziam dois meses desde a noite em que eles se viram na praia mas ainda sim, Michael estava vivo em sua mente. -O que você faz aqui?

-Me mudei para o apartamento do lado, por que não tinha te visto antes? - Perguntou enfiando as mãos no bolso do casaco aberto.

-Eu não saio muito - Luke respondeu-lhe sem graça e Michael assentiu como se entendesse.

-Eu preciso ir trabalhar agora - Murmurou conferindo as horas no celular -Bate na minha porta mais tarde, eu tenho vinho, filmes e pipoca, só não tenho muita mobília.

Luke assentiu e Michael sorriu pequeno antes de contornar o loiro e correr para pegar o elevador aberto.

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