Capítulo 03: A Era de Kalel

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Os quatro estavam na sala particular de Hatzis, onde estavam sentados – menos Hádrian, que por falta de cadeira, estava de pé. O sacerdote falava, tentando, finalmente, sanar a curiosidade de Sofia.

– Em tempos antigos, os deuses tinham filhos com os mortais. Você deve conhecer essa história Sofia, já que lê muitos livros.

– Sim, conheço. Você está falando dos semideuses.

– Eles não vão entender se você começar por aí, Hatzis. Comece do fim da Era de Zeus. – Dante informou.

– Tem razão. Muito bem.

Nossa história é dividida em cinco Eras diferentes. Primeiro houve a Era do Caos, quando nada existia; depois veio a Era de Urano, a Era de Cronos e a Era de Zeus. Nesta ordem. Durante muitos anos nós não estivemos nesse mundo. (Não me interrompa, Sofia). Estávamos em outro, que também não era o Submundo.

Entrementes a Era de Zeus, assim como agora, Grécia é o nome dado ao lugar dentro das fronteiras das terras do Olimpo. E os gregos, o seu povo: aqueles que adoravam os deuses. Eram épocas em que havia guerras entre os próprios gregos, mas de paz com os povos de outras terras.

Durante os últimos anos da Era de Zeus, houve um semideus chamado Kalel Kalavar... (Sim, Sofia, é o homem que originou nossa Era, agora pare de me interromper ou não contarei mais nada). Kalel viajava pelo mundo além Grécia. Um dia ele voltou com uma notícia terrível para os deuses. Tão terrível que nunca foi revelado a mortal nenhum, nem mesmo a nós. ("Vocês são..." – Sofia tentou dizer, mas Hatzis interrompeu-a com um olhar).

Então, Kalel propôs uma magia até então desconhecida aos humanos ou deuses. Mas para conjurá-la era preciso o sacrifício de sangue de um deles, e, para levar todos os gregos, todos os deuses deveriam doar uma parte grande do líquido que corre em seus corpos. O feitiço, que foi coordenado diretamente pelo semideus e por Hécate, iria trazer todo o Olimpo e a Grécia para um mundo desabitado chamado Khali, onde estamos agora. Deu-se início a Era de Kalel.

Por alguma razão, não sei dizer qual, este mundo afetou os semideuses de uma forma diferente. Eles se tornaram mais fortes, viviam mais, seus poderes eram muito mais latentes que neste outro mundo onde morávamos. Eles se tornaram ambiciosos e quiseram dominar sobre os mortais, o que iniciou uma guerra entre mortais e as crias dos deuses.

A Guerra de Duzentos Dias, foi como ficou conhecida. Durante aqueles dias, sem parar, de dia e de noite, homens lutaram contra semideuses, que, apesar de ser minoria, eram difíceis de matar. No fim das contas, Zeus interferiu pessoalmente na guerra em favor dos homens e todos os semideuses foram expulsos da Grécia. Dali para frente foi proibido que os Olimpianos tivessem filhos com mortais. E, qualquer semideus que pudesse ter sobrevivido foi caçado até a morte.

– Interessante, mas o que isso tem a ver com vocês dois? – Sofia perguntou. – Ou com a Lâmina do Submundo?

– Durante a Guerra dos Duzentos Dias, um filho de Hades foi até o submundo e trouxe de lá um metal desconhecido e negro. Dessa matéria-prima, ele forjou uma espada com características especiais. Ela, nas mãos de um mortal, não passa de uma simples adaga. Nas mãos de um semideus, ela vira uma espada que nunca perde o fio. Porém, nas mãos de um filho de Hades, ela concede a imortalidade, capacidade de invocar um exército de mortos e de viajar através das sombras. Entenda – ele acrescentou – nenhum filho de Hades possui as três habilidades em conjunto.

– É uma espada poderosa. – Hádrian afirmou.

– Vocês estão querendo dizer que vocês são semideuses? – Sofia disse depois de pensar por alguns minutos.

Khali: o Reino do Olimpo | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora