Capítulo 05: O Espírito de Delfos

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O trio chegou a Atenas ao anoitecer do dia seguinte. Atenas é sem dúvida a cidade mais avançada tecnologicamente de toda Khali, com exceção talvez de Gimítheo̱n. Seus prédios estão cada vez mais altos, mas ao mesmo tempo sem perder o estilo grego. Havia um em construção na avenida principal, Avenida Zeus, que era circular, sendo que os primeiros andares eram circundados por uma dúzia de colunas, que sustentariam os outros andares que estavam por vir. Sofia não conseguia imaginar quantos seriam ao certo.

O Centro Velho ou Bairro de Uranos – Zeus sem dúvida odiaria que o bairro se chamasse "Cronos" –, fica um pouco mais afastado da Avenida Zeus, apesar de facilmente poder-se caminhar de um ao outro em quinze ou vinte minutos. Neste bairro estão as famílias mais tradicionais e nobres da Grécia e suas moradas não são tão altas quanto os prédios da Avenida Zeus.

No Bairro de Uranos está o Palácio do Rei, onde o atual Rei da Grécia, Galates V, mora. É neste bairro também que está o Templo Imperial da Profecia, que àquela hora do dia já havia encerrado suas atividades. Neste bairro também é onde está o maior Campus da Universidade de Atena, onde Hádrian havia estudado.

Dante fez questão de guardar o dinheiro que haviam conseguido na carroça dos bandidos, mas não se importou quando Sofia deu-a com o resto dos mantimentos e os cavalos extras para uma família de rua. Depois, seguiram para o Bairro de Uranos.

– Eu tenho um amigo aqui. – Hádrian afirmou. – Sem dúvida irá nos abrigar.

Eles pararam diante de uma casa branco-amarelada, com uma porta de madeira velha. Havia um banco suspenso à direita na varanda de entrada, mas que apenas uma das correntes estava presa, fazendo com que um de seus lados arrastasse no chão.

– Lugar aconchegante. – Dante ironizou.

– Eu nunca disse que ele era rico. – Hádrian bateu na porta cautelosamente, torcendo para que ela não caísse. – Ray? Ray d'Helion? – Ele gritou.

– Aqui atrás! – Ouviram uma voz masculina vindo do quintal de trás.

O trio chegou atravessando a casa pela lateral e encontraram o tal Ray trabalhando em uma espécie de lamparina, cuja chama era muito alta e bem fedorenta. Sofia tapou o nariz com uma das mãos e passou a respirar pela boca. Dante simplesmente ignorou o cheiro; o Submundo fedia muito mais.

– No que está trabalhando, Ray? – Hádrian foi logo perguntando, sabendo que o amigo cientista era muito hábil nas artes mecânicas.

– Em um planeiro. – Respondeu sem tirar os olhos da lamparina em que trabalhava.

– Um o que? – Sofia não reconheceu a palavra.

– Um planeiro. Um objeto capaz de me fazer voar!

– Um planador? – Ela arriscou; tinha lido essa palavra em algum lugar.

– Sim! Planador soa muito melhor! – Ray olhou para a garota que revelou um nome precioso para sua máquina.

Ray d'Helion era uma figura pequena, menor até mesmo que ela, mas era forte como um touro. Seu cabelo estava começando a cair, deixando entradas visíveis em sua testa suja de graxa. Ele usava óculos de lentes grossas, que deixavam seus olhos desproporcionais. Seu rosto era anguloso e seu nariz adunco quase desencaixado da face, como se fosse cair a qualquer momento. Sofia achou-o feio.

– Você deve ser Sofia. – Ele afirmou, sem tirar olhos dos seios da menina, que sentiu as orelhas esquentarem. – Hádrian aqui falou muito de você nos últimos anos. Sinto como se a conhecesse há anos.

– Ele falava de mim? – Ela olhou para Hádrian com um sorriso.

– Sim, o tempo todo. A bela Sofia que tinha deixado para trás em Mikrio. É uma honra finalmente conhecê-la. Contudo, Hádrian, o jovem rapaz aqui eu não conheço.

Khali: o Reino do Olimpo | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora