Capítulo 04: A Boca de Hades

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Os quatro estavam reunidos na sala de Hatzis, dentro do tempo de Demeter, a deusa das colheitas e das estações. Eles tinham acabado de retornar da tenda de Nikolás e o juramento tinha sido feito. Dante tentava fazer com que Sofia desistisse de largar a mãe para partir em uma jornada como aquela, que era bem capaz de levá-los a morte. Hádrian também queria ir, afinal, eles precisariam de alguém para cuidar deles caso fossem feridos, e ele não queria ficar longe de Sofia por mais tempo. Hatzis era o único que não tinha essa vontade de partir em uma jornada, já que suas tarefas como sacerdote não poderiam ser deixadas de lado. Ele ofereceu-se para arrumar uns cavalos para a viagem daqueles jovens.

Hádrian tinha que conversar com seu velho avô e informar que partiria logo. É claro que ele, Agamenon, adorou, afinal teria sua clientela e trabalho de volta. Enquanto isso, Dante e Sofia voltaram para a casa da menina, onde Bernadete, sua mãe, esperava com o almoço. Hádrian estava responsável por conseguir mantimentos para a viagem e carregar nos cavalos que Hatzis prepararia.

Após comerem, Sofia pediu a Dante que as deixassem sozinhas, já que ela precisaria falar com a mãe e convencê-la a aceita a jornada que a filha estaria começando naquele dia.

– Você vai aonde? – A mãe falou, sua voz subindo duas oitavas, como costumava acontecer quando estava irritada.

– Vou para Agnoó̱i, além das Montanhas . – A menina respondeu como se estivesse falando que estivesse indo à vila.

– E o que diabos você quer fazer tão longe de casa?

– Vou a uma jornada com Dante.

– O garoto que você salvou esses dias? – Bernadete tinha uma veia saltada na testa; Sofia tinha visto essa veia apenas duas vezes antes: uma quando seu pai estava vivo e voltara bêbado para casa, ele nunca mais voltou nesse estado depois disso; e outra quando ela tinha cerca de dez anos, e, por acidente, colocou fogo na horta da mãe; Sofia ficou um tempo sem sentar depois dessa segunda vez.

– Ele mesmo. – Ela respondeu. – Mãe, ele sabe de algo sobre o papai.

– Sofia...

– Mãe – Sofia implorou com os olhos –, eu tenho que ir. Não aguento ficar presa nessa fazenda enquanto há um mundo lá fora para conhecer e explorar! Eu preciso ir.

– Você irá de qualquer forma, não é? – A mãe estava mais calma, mas Sofia sabia que ela estava apenas tentando se conformar.

– Sim. – Ela retrucou.

– Muito bem. Você tem a minha benção, mas, antes de ir, tenho algo para lhe dar.

Bernadete ajoelhou-se diante do baú que ficava ao pé de sua cama; retirou todas as roupas dele, deixando-o vazio. Ela se apoiou na beirada, colocando os dois braços dentro dele. Ela empurrou o fundo com força algumas vezes. O fundo de baixo do baú, que era suspenso por quatro pernas, soltou-se, revelando um esconderijo secreto.

– O que é isso?

A mãe puxou o fundo falso, no qual estava preso um círculo de metal prateado e com desenhos dourados, que pareciam flores. Bernadete pegou-o com habilidade e entregou-o na mão da filha que, assim que tocou o fio, cortou-se.

– Cuidado! Esta é uma arma poderosa, filha. – A mulher sorria nostalgicamente; a Sofia parecia que a mãe estava se lembrando de tempos antigos quando empunhava aquela arma.

– O que é isso?

– É um chakram, uma arma que foi passada de geração em geração pela minha família, mesmo antes da Era de Kalel. Leve-o e aprenda a usá-lo.

Khali: o Reino do Olimpo | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora