Cap 7 - Perdas

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A morte sempre será algo inesperado.

Você nunca sabe como lidar com um funeral. Não sabe como se vestir, ou o que responder as pessoas. O ambiente é sempre tenso, e a tristeza predomina. Familiares choram desesperadamente, alguns tentam se manter firme na esperança de que aquilo não passará de um pesadelo. Os amigos sofrem a perda, alguns não demonstram emoções para não abalar ainda mais os mais próximos. Os conhecidos, sentem muito ou fingem sentir, e sempre dizem "meus pêsames", aliás, o que dizer? O que dizer quando alguém se vai e não terá volta...

Vesti um vestido preto rodado, pus meias calças pretas e saltos pretos. Prendi meus cabelos num rabo de cavalo, não coloquei maquiagem, apenas um óculos escuro para disfarçar o inchaço dos olhos.

- Está pronta? – Minha Tia perguntou.

- Sim. – Baixei a cabeça, queria chorar.

- Não chore, vai ficar tudo bem. – Ela me abraçou.

- Não queria ir...

- Ela gostaria que você fosse.

- Por isso estou indo. Por ela. – Sorri.

- Vamos. Vai ser rápido.

Descemos a escada e esperamos por meu Tio Merlin, ele tinha ido resolver um problema e logo iria voltar com o carro.

- Como você está, querida? – A Margô perguntou.

- Nada bem, eu realmente não esperava que isso fosse acontecer.

- Ninguém esperava. Ninguém está pronto para lidar com perdas, principalmente perdas de pessoas... Mas, a vida é assim, nada é para sempre e nós não sabemos lidar com isso.

- É verdade... Dói muito. – Eu disse e comecei a chorar, abraçada com ela.

- Chore, faz bem. – Ela alisava meus cabelos e me consolava.

A buzina do meu Tio soou e tive que parar de chorar. Saímos de casa e fomos para o pior lugar de todos...

***

Entrei no carro e não falei nada durante todo o caminho. Minha Tia tentou puxar assunto, mas eu realmente queria ficar só. Aliás, essa era minha forma de lidar com a situação, calada e sozinha. Chegando lá algumas pessoas falaram conosco, eu apenas dava um sorriso forçado e saía de perto. Avistei Jason e me aproximei dele. Ao chegar perto, tirei meu óculos escuro, pois eu podia mostrar para ele como realmente estava.

- Você está bem? – Ele perguntou.

- Na medida do possível. – Tentei ser forte.

- Vem cá. – Sussurrou e me puxou para um abraço. Fiquei com a cabeça encostada em seu peitoral, e deixei umas lágrimas caírem.

- Quero que tudo acabe logo. – Soltei-me dele.

- Vai passar rápido e logo você só terá boas lembranças.

- Espero que sim. – Sorri.

- Não vai se despedir? – Ele perguntou apontando para o caixão.

- Não quero ver seu rosto, prefiro manter sua imagem como sempre tive. Não em um caixão, sem vida... – Suspirei. – Vou ficar perto da minha família, obrigada por ter vindo. – Disse e dei um beijo em sua bochecha, o que fez com que arrancasse um sorriso dele.

Amores do Ensino Médio - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora