Na manhã seguinte, Phoebe ouviu sirenes perto de sua choupana, assim que se levantou da cama. Torceu para que não fosse algum acidente grave. As estradas nas montanhas eram estreitas e, algumas, perigosas naquela parte da região. Turistas de lugares mais planos eventualmente acabavam esbarrando na proteção do acostamento. A queda era inevitavelmente fatal.
Vestiu-se e tomou uma xícara de café antes de se dirigir ao trabalho em seu velho Ford. O estacionamento do museu estava geralmente vazio àquela hora, exceto pelos carros dela e de Marie. Mas um carro do xerife escava à entrada, com o motor ligado.
Estranhando aquilo, Phoebe saiu do veículo, pegando a bolsa e a pasta. Ao mesmo tempo, Drake saiu do carro de patrulha. Mas não sorria e parecia agitado.
— Oi — disse Phoebe. — O que houve?
Ele descansou a mão no coldre do revólver que estava na cartucheira ao se aproximar.
— Você disse ter falado com um homem ontem sobre restos de um esqueleto, não foi?
— Sim — respondeu ela lentamente.
— Ele disse o nome?
— Não.
— Você pode me dar alguma informação a respeito dele — insistiu, sombrio.
Phoebe hesitou, tentando se lembrar.
— Ele disse que era antropólogo...
— Droga!
Ela ficou de boca aberta. Nunca vira Drake, sempre tão calmo e sorridente, irritado daquele jeito.
— O que aconteceu? — perguntou.
— Acharam um presunto na reserva.
Phoebe piscou os olhos, tentando recordar a terminologia policial.
— Um cadáver — traduziu ela —, na reserva indígena. Drake fez um breve aceno com cabeça.
— Quase fora dela. Cerca de trinta metros do limite da área demarcada. Parece ter ascendência cherokee, porque também achamos o cartão de identificação da tribo, sem nome e sem número, e encontramos parte de um cartão de membro de uma sociedade antropológica, que presumimos ser dele. A parte com o nome não foi achada. Nem sua carteira de motorista.
Ela engasgou.
— O homem que ligou para mim...?
— Pode ser ele. Não podemos entrar nas terras dos cherokees, a não ser que sejamos chamados. O que faz do caso um assunto para as autoridades federais. Mas tenho um primo que trabalha na força policial da reserva, e ele me contou. Tudo está sendo mantido em segredo. O FBI está enviando um agente especial para investigar, alguém da nova Unidade de Crimes em Território Indígena, uma unidade que eles estão formando. Só queria lhe avisar que eles vão querer falar com você.
— O quê?
— Você foi a última pessoa a falar com a vítima — disse ele. — Encontraram o número do seu telefone num bloco de anotações, perto do telefone do hotel onde ela estava hospedada, e consultaram a lista. Foi quando o primo Richard me ligou. Ele sabe que costumo vir bastante ao museu. — Observou a expressão aflita no rosto de Phoebe. — Alguém matou esse sujeito, ou no hotel, nos arredores de Chenocetah, ou na estrada enlameada onde ele estava atirado. A estrada leva a alguns canteiros de obra, perto de uma montanha atravessada por dezenas de cavernas. Alguém que fazia cooper o encontrou jogado às margens da pista cedo na manhã de hoje, com uma bala na nuca. A
pessoa ainda está sendo tratada na clínica local por causa do choque — acrescentou.
Phoebe se encostou numa das pilastras que ficavam na frente do museu, tentando recuperar o fôlego. Jamais imaginaria que acabaria envolvida numa investigação de assassinato. Demorou um tempo para se acostumar à idéia.
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Antes do sol nascer
RomanceJeremiah Cortez acreditava ter superado o passado, especialmente em relação a Phoebe Keller. Ainda, adolescente, ela levou o caos a seu coração. Três anos mais tarde, ao reencontrá-la, ele descobre uma linda mulher, e os lampejos do desejo atingem n...