Capítulo 6

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— Você não acreditaria se eu lhe dissesse — falou Cortez.

— Experimente.

— Meu pai me disse. Não sei como ele sabia — acrescentou.

— Mas, além de sua impressionante habilidade como vidente, tem amigos em postos importantes. Mesmo na polícia. Mas ele sabia.

Cortez olhou para ela com desejo.

Phoebe o fitou de volta com a incerteza estampada no rosto. Ele estava ali. Chorara muito e durante muito tempo por causa dele. Mas não confiava, não podia confiar nele. Cortez a abandonara sem dizer nada três anos antes.

Ele suspirou.

— Sei que sua cabeça está dando voltas. Quase posso ver o que você está pensando. Vai levar muito tempo para que você volte a acreditar em mim de novo. — Cortez roeu a haste de seus óculos de sol, pensando profundamente. — Imagine que acabamos de nos conhecer. Sou um viúvo com uma criança. Você, uma atraente curadora de museu. Estamos trabalhando juntos para resolver um caso de homicídio. Não há maiores complicações nem recriminações. Somos apenas amigos.

Ela lhe lançou um olhar de suspeição.

— Apenas amigos? Você me deu o maior beijo dentro da minha própria sala! — lembrou Phoebe, tentando esconder a excitação provocada pela lembrança. — E agora vou enfrentar sérios problemas com a diretoria se aquela professora fizer uma reclamação formal!

—- Se ela fizer isso, eu falo com os diretores. Digo a eles que você tinha parado de respirar e eu estava fazendo respiração boca a boca — prometeu, seco. — Você pode desmaiar quando eles estiverem em sua sala e faço uma demonstração.

Phoebe não queria rir, mas Cortez tinha um olhar terrivelmente malicioso no rosto. Abafou a risada e limpou a garganta.

— Você disse que íamos caminhar na mata. O que vamos procurar?

— Não tenho certeza — disse Cortez com expressão mais suave, dando partida no carro. — Mas se encontrarmos, vou saber.

Ao entrarem na estrada, ela olhou para onde o utilitário estivera estacionado na manhã em que levava a informação sobre a vítima de homicídio para Drake. Quase mencionou o fato para Cortez, mas não havia razão para isso. Provavelmente era apenas um motorista perdido. Tirou aquilo da cabeça.

Seguiram para as cavernas no canteiro de obras de Bennett em silêncio amigável. Cortez parou o carro, fazendo uma pausa para tirar o revólver calibre 45 com cartucheira do porta-luvas. Phoebe olhou horrorizada.

— Eu tenho permissão — lembrou Cortez. — Trabalho para o governo e sei usar uma arma quando é preciso.

Ela fez uma careta.

— Eu também. Mas não quero usá-la.

— Foi para isso que Drake a ensinou a atirar. Se for instintivo...

— Não posso matar uma pessoa, Jeremiah — disse ela, triste. — Nem mesmo para salvar minha vida.

Cortez a analisou atentamente, fez-se um silêncio tenso.

— Talvez chegue a esse ponto. Quem quer que tenha matado o professor não vai parar, se há uma ameaça aos seus negócios. Já vi gente ser morta por menos de cinqüenta dólares por pessoas que se espantaram ao ver como a vítima tinha pouco dinheiro. Não estamos falando de sujeitos sofisticados.

Ela olhou para ele, torcendo para não demonstrar o desejo que sentia. Cortez ainda era o homem mais sexy que ela conhecia. Ele era bonito e tinha um jeito másculo.

Antes do sol nascerOnde histórias criam vida. Descubra agora