Capítulo 15

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Phoebe começava a se sentir cansada. Tinha boa saúde e suas pernas eram fortes, mas a combinação de esforço, frio e fome estava fazendo efeito sobre ela. Havia comido no café da manhã, mas não sentira fome na hora do almoço. Sua reserva de energia já fora gasta. Parou diante de um súbito cruzamento, onde a estrada se dividia em quatro direções diferentes. Olhando para a incrível extensão de neve e floresta a sua frente, se desesperou. Nenhum dos caminhos parecia óbvio, e dessa vez não havia nenhuma cantoria distante indicando a direção. Pela primeira vez desde que sua provação começara, sentiu que seria impossível chegar a um lugar seguro. Se tivesse mais força, se soubesse para onde ir, ao menos a direção, talvez houvesse uma chance. Mas ela não sabia onde estava, então não podia saber qual a direção a seguir. Se fizesse a escolha errada, morreria. Se continuasse onde estava, morreria. Se entrasse pela floresta e se cobrisse com folhas e galhos de pinheiro para tentar se aquecer, eles nunca a encontrariam e ela morreria do mesmo jeito.

Tinha as roupas tão encharcadas, por causa da neve, que sua pele estava úmida. Seu cabelo também estava molhado. Os pés totalmente dormentes, com as meias ensopadas. Ao dar mais um passo, percebeu que não conseguia sentir os pés.

Era demais. Não tinha mais esperanças. Era o fim, porque não podia mais andar, de tão cansada. Parecia estar andando desde sempre. Sentia frio, fome, e seus pés estavam congelados. Olhou para cima e sentiu o granizo e a neve contra o seu rosto. Fechou os olhos. Estava tudo acabado.

Ela se sentou no meio do cruzamento com um longo suspiro, então se curvou como uma concha e fechou os olhos. Diziam que morrer de frio não era doloroso. Ela torceu para que isso fosse verdade. Esperava que Cortez lembrasse como fora maravilhoso o pouco tempo que passaram juntos, antes que Tina e Drake complicassem tudo. Antes que ela complicasse tudo. Devia ter procurado Cortez e feito com que ele a escutasse, Ele teria que viver com a culpa de ter partido, e isso também era doloroso para ela. Ela o amava. Sussurrou o nome dele e, soltando um pequeno e fraco sopro final de respiração, suspirou.

No carro do xerife, Cortez rangia os dentes. A estrada tinha quatro bifurcações logo após as cabanas. O caminho que parecera fácil de apontar era agora mais um quebra-cabeças.

— Pare — disse ao xerife. Desceu do carro e caminhou até o cruzamento, apertando os olhos enquanto se abaixava para observar cuidadosamente o chão. A neve cobrira tudo, mas certamente haveria um rastro de marcas de pneu se a Bennett tivesse vindo por esse caminho!

O xerife desceu e se debruçou também, procurando. Afastou gentilmente algumas folhas cobertas de neve.

— Você costuma caçar, não? — perguntou Cortez.

— Desde a adolescência. Está procurando por rastros, certo?

— Exato. É a única chance que temos.

Eles se curvaram e prosseguiram, utilizando lanternas. Não demorou muito. As estradas de barro não eram muito percorridas naquela época do ano, então não havia marcas antigas que os pudessem confundir.

— Achei! — chamou Cortez, fazendo sinais para o xerife, que se debruçou ao lado dele.

Ali, por baixo da neve, estavam firmemente marcados no barro mole os sulcos do pneu, sem uma raia da banda de rodagem! Ele explicou isso ao xerife, que estivera acompanhando o caso.

— Ainda bem que ela não percebeu que essa banda de rodagem era tão facilmente identificável — disse o xerife Steele.

— Com certeza. Vamos! — Cortez se levantou, correndo em direção ao carro.

O xerife subiu ao volante, ligou o motor e desceu pelo caminho de onde o veículo 4x4 viera. Ele pediu reforços pelo rádio, para o caso de precisarem checar mais cruzamentos. Considerando o longo tempo desde que Phoebe desaparecera, naquele momento, ela devia estar prestes a morrer congelada. Mais algumas horas e não faria diferença se a encontrassem — seria tarde demais.

Antes do sol nascerOnde histórias criam vida. Descubra agora