Capítulo 4

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— O FBI? — perguntou, alarmada.

— Seu amigo Cortez — respondeu Drake, seguindo-a para dentro da casa. Estava usando óculos escuros, mas os retirou e enfiou no bolso da camisa. Sentou-se pesadamente à mesa da cozinha.

— O que ele queria saber?

Drake lançou-lhe um olhar irônico, colocando açúcar no café que ela lhe entregara.

— Podemos fazer uma lista de coisas que ele não queria saber, seria mais fácil. Pelo que entendi, você lhe contou sobre as aulas de tiro?

Phoebe fez uma careta.

— Sinto muito. Sim.

— Ele acha que você nunca vai atirar em ninguém, independentemente do incentivo que receba — acrescentou.

Ela ficou de boca aberta. Queria rebater a idéia, mas não podia. Ele deu de ombros.

— Tive de concordar. Sinto muito — acrescentou, zombeteiro.

— Sou uma banana. Que posso dizer? — Phoebe suspirou. — Mas acho que posso atirar para ferir alguém.

— Isso provavelmente custaria sua vida. Estamos falando em frações de segundo, não há tempo para pensar.

Phoebe o analisou com curiosidade. Drake parecera ser bastante jovem quando vinha até sua sala para ver como as coisas estavam indo, mas à luz da manhã, ela percebeu que ele era mais velho do que pensara a princípio.

Drake lhe abriu um sorriso.

— Você está pensando que envelheci. É verdade. Cortez me fez ganhar dez anos. Vê estes cabelos brancos? — Apontou para as têmporas. — São da noite passada.

— Ele é um pouco ríspido — concordou Phoebe.

— Um pouco ríspido — murmurou ele. — Sei. E o monte Everest é uma pequena colina. — Drake circulava a borda da caneca de café com o dedo. Estava desgastada, como a maioria dos utensílios da cozinha, mas utilizável. — É claro que você já o conhecia.

Phoebe fez que sim com a cabeça.

— É uma espécie de amigo — disse, evasiva.

— Ele sabia que você estava aqui antes mesmo de vir investigar o assassinato — disse ele abruptamente.

Os olhos de Phoebe se arregalaram.

— Como?

— Não me disse, Mas ele está preocupado com você. Não consegue esconder isso.

Ela não sabia como administrar aquela informação. Olhou para a xícara de café.

— A maioria das pessoas que vem para cidades pequenas como a nossa, pessoas que não nasceram aqui, estão procurando se afastar de algo que as machuca — disse ele, vagaroso. — Marie e eu achamos que é por isso que você está aqui.

Ela ergueu a xícara até a boca e tomou um gole, ignorando a dor que sentia no coração.

— E agora eu entendo o motivo — acrescentou Drake, com os lábios pressionados. — Tem cerca de l,86m e a personalidade afável de um urso com fome.

Ela riu com leveza.

— Poderia usar muitos outros adjetivos, mas não agradaria aos presentes — brincou, abanando a cabeça. — Nossa, aquele sujeito ataca na jugular. Aposto que é bom no que faz.

— Ele era procurador federal quando o conheci — revelou Phoebe. — E era bom no que fazia.

— Deixou voluntariamente um trabalho burocrático para sair por aí caçando

Antes do sol nascerOnde histórias criam vida. Descubra agora