A delegada virou maionese

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Capítulo 1



- A culpa é sua, é sua sim. Porque você era única pessoa que poderia ter feito alguma coisa e não fez. - Drika gritava descontrolada, mais uma vez teria que voltar pra Turquia porque a mãe simplesmente não queria dar uma "ajudinha" para livrar o marido de mais uma das inúmeras enrascadas.


- Ah... Mas o que que eu podia fazer? Eu... eu... Você queria que eu pedisse na delegacia pra não registrar o B.O pro delegado que eu conheço?


- Lógico, mas é claro


- Ah é lógico, seu marido quebra a cabeça de um cara e você quer que eu vá na delegacia pedir para darem um jeitinho


- Todo mundo, Todo mundo faz isso, Todo mundo que tem influência, pra ajudar um amigo, um parente, um filho, todo mundo faz isso


- Ah todo mundo


- Menos você né


- Menos eu? menos eu e uma porção de gente que ainda acha que vale a pena ser honesto. - Diz irritada


- Ah, mãe para, ACORDA, que honesto o que, o mundo é assim. Eu cheguei aqui e ele já tava pronto, eu não inventei nada, que culpa eu tenho se as coisas acontecem desse jeito?


- Drika, acorda você, Drika. ACORDA VOCÊ.


- Agora eu tô aqui nessa situação tendo que voltar pra Turquia e sendo exilada né


-Exilada?


- Porque você concorda comigo que eu to sendo praticamente exilada


- Exilada? aham aham


- Isso tudo por quê? Porque a minha mãe quer ganhar o título da mais isso, da mais aquilo, da mais honesta, da mais sei lá o que, pra que? Pra quem?


- Pra mim, pra minha consciência


- E nem te importa me ver indo embora né


- Me importa, me importa, me importa muito. Mas você ta pagando um preço pelas escolhas que você fez na sua vida. Essa é uma dívida pessoal e intransferível, Drika. Nem eu nem ninguém pode pagar isso pra você.


- Se fosse meu pai pagava.


- Taí o resultado.


- Foi isso que eu vim falar com você.


Com os olhos marejados, Helô estende os braços pedindo um abraço.


- Vem cá, vem cá, vem cá


- Eu não vou te abraçar mãe


Com um sorriso sem humor, Drika vai para sala sendo seguida pela mãe.


- Eu não quero falar com você, eu não quero falar com você, EU NÃO VOU, EU NÃO VOU TE DAR ABRAÇO NENHUM MÃE. Olha o que você ta fazendo comigo mãe, você ta acabando com a minha vida, voc... você quer que eu te dê um abraço? Pra que? Pra você sentir que ta tudo bem? ficar aí tranqüila com a sua consciência? EU NÃO VOU TE FALAR QUE TA TUDO BEM, PORQUE NÃO TA, PORQUE TA TUDO PÉSSIMO.


- Num é isso, Drika. Eu só tô, tentando te ajudar a ter uma vida bacana, a ter uma vida... uma vida direita entendeu? Você... Você não vai conseguir isso pelo caminho assim, mais fácil. Tudo isso que eu tô fazendo, é por amor a você.


- Como é que é?


- É, ué. Cê acha o que, que demonstração de amor é o que? É ser complacente com o que o outro faz de errado. - Levanta o dedo em sinal de não. - Não, Não. E se você quer saber, me dói, me dói muito mesmo te ver aí com essa mala, mas eu preciso ser firme, minha filha. Por amor a você. - Evitando que as lágrimas caíssem, Helô olha pra cima tentando evitar desabar. Porém, é inevitável. O choro chega e com ele, as palavras que tanto tinha receio de dizer.

Eu imaginei a minha vida sem você, e foi insuportávelOnde histórias criam vida. Descubra agora